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quarta-feira, 10 de setembro de 2025

(LA) Sessão 8

A luta mortal contra os Estrígios

Campo de batalha

A investida das sombras

Dariom anunciou a chegada de Margoth e seus comparsas, e o grupo se preparou para o confronto.

Sem emitir mais que grunhidos de guerra, Garuk avançou em uma investida rápida: atravessou o rio, saltou alto e desferiu seu machado em chamas contra um elfo sombrio. O golpe atingiu o chão, mas o inimigo foi chamuscado e precisou se esquivar.

Rector sobrevoou o campo e disparou seu arco, enquanto Sombra investia contra o mesmo alvo de Garuk. A batalha estava oficialmente iniciada.

Os passos apressados deixavam marcas na lama da floresta. À medida que atravessavam o rio raso para se enfrentarem, o combate ganhava forma. Sombra dilacerou um inimigo que cercava Garuk, e Rector precisou se proteger de uma flecha quase fatal.

Margoth logo demonstrou seu domínio sobre as sombras, que pareciam mover-se em descompasso com seus passos longos e velozes. O elfo detinha um controle maior até do que o Guia, também um rastreador noturno.

Os elfos que o seguiam eram Estrígios de Aymon, arqueiros de precisão mortal. Olgaria foi atingida no ombro por uma flecha certeira e caiu ao chão, paralisada pela dor. Sombra a resgatou, conduzindo-a para um ponto seguro.


O grito e o sacrifício

O Guia e Garuk cercaram Margoth. Os ataques coordenados dos dois sekbetes o encurralaram, mas o elfo usou as sombras a seu favor. Com um movimento sorrateiro, mergulhou em uma sombra sob a árvore e desapareceu.

O Guia grunhia e esbravejava. Sabendo que a técnica não poderia levá-lo longe, correu até o paredão de pedra e bradou:

“COVAAARDE!”

Seu grito espantou pássaros e ecoou por todo o vale.

O chamado chegou aos ouvidos de Haftor e Haldur, dois irmãos anões que rastreavam Sornan por motivos próprios. O primeiro, paladino de Crizagom, entendeu o som como um convite à batalha. Eles não estavam distantes e correram para se unir ao combate.

Haldor e Haftor

Enquanto isso, Rector avistou Margoth invocando uma magia de um pergaminho. O feitiço restaurou suas forças, e ele retornou ao embate ainda mais perigoso.

Sua maestria com a espada se confundia com os movimentos de sua própria sombra. Em duelos diretos, sempre assumia a vantagem. Porém, quando se viu em risco novamente, fundiu-se às sombras e sumiu outra vez.

O Guia não podia persegui-lo pelo véu sombrio, mas seu faro apurado o rastreou pelo odor inconfundível que Margoth partilhava com seus antigos senhores.

Assim que revelou sua posição, Garuk derrubou a árvore em que o inimigo se ocultava. O machado flamejante rugiu antes de atingir o tronco com um golpe seco, seguido de um chute que completou a queda. O elfo tombou junto com a copa destruída.

Haldur aproveitou a brecha e avançou com fúria, pulando galhos e deixando marcas profundas no solo lamacento. Garuk também atacou, mas Margoth desviou-se de ambos e contra-atacou o anão com uma estocada violenta. A lâmina zunia até encontrar a cota de malha. O impacto derrubou Haldur inconsciente, tingindo o aço com seu sangue.


A caçada e a queda de Margoth

Tomado pela fúria, Haftor investiu contra Margoth. O elfo tentou aparar o golpe com a braçadeira, mas subestimou a força do anão: o erro lhe custou os ossos do braço, quebrados em um estalo audível. Um gemido abafado denunciou sua dor.

Incapaz de manejar sua espada, Margoth tomou o machado de Haldur e recuou, escapando outra vez pelas sombras.

Enquanto o grupo o caçava, Sornan, Olgaria e Sombra ainda enfrentavam os comparsas remanescentes. Quando Margoth foi reencontrado, preparava uma magia de transporte dimensional.

O elfo desapareceu, mas o Guia, mais uma vez, detectou sua trilha: ele havia se movido para o alto do penhasco.

Rector conjurou uma nuvem voadora. O Guia e o Haldur, revivido pelo irmão, subiram a bordo, enquanto o napol abriu suas próprias asas.

Margoth, exausto, recostava-se a uma árvore, convencido de que ainda estava seguro. Mas não teve tempo de reagir ao bote do sekbete vermelho, que o agarrou pelo pescoço e o ergueu no ar. Antes que Haldur desferisse o golpe final com seu machado recuperado, Margoth lançou sua maldição:

“Goragar — Aymon nunca o perdoará por isso!”

O machado atravessou suas costas e o matou.

Antes que pudessem recolher o corpo, uma sombra espessa tomou conta do cadáver. Um trol surgiu e o rasgou em dois com as próprias mãos, obrigando os heróis a recuar para a nuvem voadora.

Garganta dos Lamentos, Terras Selvagens, dia 24 do mês da Paixão do ano de 1502.

domingo, 24 de agosto de 2025

(LA) Sessão 7

A busca por Sornan

O elfo dourado com o brasão sombrio

Rector foi ao mercado para adquirir algumas ervas para suas poções. Depois, perguntou se haveria um matadouro em que ele pudesse encontrar carne para reabastecer. No entanto, já era tarde, e ele não encontraria o local funcionando, apesar da vivacidade que Valengard demonstrava. Com isso, retornou para a taverna e se juntou a Guia.

O sekbete vermelho encarava o elfo dourado em busca de alguma pista sobre o símbolo de Aymon Ghevra que ele via na haste enrolada atrás dele, mas não tinha sucesso em chamar a atenção. O elfo até o encarava de volta, mas não se mostrou disposto a conversar. Os olhares ríspidos de um para o outro contrastavam com o clima animado da Taverna da Vanguarda àquela altura da noite.

Passado algum tempo, Rector chegou e sentou-se à mesa com o sekbete, facilitando sua missão de diplomacia. O elfo acabou aceitando o convite do napol para se sentar com eles, e uma conversa amigável, embora dura, teve início.

A dupla descobriu que a haste que o elfo carregava era uma lança que pertencia a um sekbete amigo, a quem ele chamava de Sornan. Guia farejou alguns traços de Aymon Ghevra na lança, mas também do sekbete que a possuíra por último. O odor trouxe de volta algumas memórias que o nome sozinho não havia trazido: Sornan era um gladiador escravizado por Aymon Ghevra para lutar em seu nome. Sua habilidade o fez se tornar um favorito, e ele atuou como guarda-costas pessoal do elfo sombrio por muito tempo. Todavia, quando Guia deixou Caridrândia, Sornan ainda estava lá.

O elfo dourado não sabia nada sobre Caridrândia ou por que Sornan havia deixado seu antigo lar, nem mesmo qual era sua função lá. Mas ele parecia preocupado com o companheiro da Vanguarda. Segundo ele, Sornan havia sido derrubado no rio por um troll depois de um confronto particularmente tenso.

Rector e Guia, instigados pela curiosidade sobre Sornan, propuseram ajudar na busca pelo sekbete. Eles disseram que poderiam auxiliar o elfo dourado porque queriam saber mais sobre Sornan e sua origem. O elfo aceitou o auxílio e combinou de se encontrar na taverna pela manhã.

Mesmo assim, o Guia permaneceu intrigado com o elfo dourado. Ele o seguiu secretamente até sua casa à noite e tentou observá-lo. Embora o Guia não tenha sido descoberto, percebeu que o elfo de alguma forma notava sua presença. Não encontrando nada de interessante durante sua vigília, ele retornou à taverna e encerrou a noite.

Os Estrígios de Aymon

Rector teve um sonho estranho naquela noite. Ele estava consciente de que estava sonhando, mas deixou os acontecimentos o levarem. O napol carregava o cristal esférico em sua mão. Ele brilhava mais do que antes, e o guiava em meio a um pântano até uma silhueta sombria, com uma luz pálida emanando de seu meio.

O feiticeiro sonhador se aproximou devagar, e a silhueta começou a falar de uma forma misteriosa. Ela perguntou se Rector poderia ajudar em seu despertar; disse que os fragmentos de cristal guardavam memórias, mas que nem todos poderiam renascer; e que desapareceu no passado porque foi impedida e contida. O napol acordou repentinamente pela manhã, com as lembranças do sonho intrigando-o.

Quando o grupo se reuniu na porta da taverna, o feiticeiro começou a contar o sonho para os outros. Olgaria parecia absorvida na história. Antes que ele concluísse, o elfo dourado chegou e disse que estava pronto para partir. Ele não carregava mais a lança que chamara a atenção de Guia, mas apenas sua espada embainhada. Garuk, porém, tinha alguns afazeres: precisava obter tintas para seus ritos.

O elfo levou o grupo até Bran, o tintureiro. Ele tinha uma banca com tintas feitas de muitas matérias-primas, e Garuk passou algum tempo a escolhê-las. Enquanto aguardavam, os aventureiros foram surpreendidos por uma pessoa muito inesperada, um elfo sombrio que reconheceu Guia de seu passado.

Margoth, como logo descobriram ser o nome do elfo sombrio, veio provocar o elfo dourado, a quem chamou de Thalanir. O sombrio estava atrás de Sornan e viera sondar o patrulheiro para saber se ele já o havia encontrado.

Durante a conversa tensa, Margoth reconheceu Guia como uma ex-propriedade do mestre a quem ele também servia, Aymon Ghevra. O clima rapidamente escalou para uma tensão visível, chocando o tintureiro, que nada sabia sobre o que estava acontecendo.

Thalanir tentou apaziguar o calor quase visível que emanava daquela conversa entre o sekbete vermelho e o elfo sombrio caçador de fugitivos. Mas Margoth era ousado. Ele disse que não estava interessado em caçar Goragar, como ele chamou Guia, pois Ghazat já tinha essa atribuição. Ele partiu da banca do tintureiro deixando a clara impressão de que ainda seria visto outra vez.

Thalanir ficou surpreso com o tumulto. Ele não esperava que Margoth encontrasse outros conhecidos em Valengard. A cena o fez dizer que contaria mais sobre os acontecimentos recentes com Sornan depois que deixassem a cidade.

Revelações durante a viagem

O grupo deixou Valengard e partiu em uma jornada que consumiria muitas horas do dia. Durante a viagem, Guia revelou que possuía uma marca deixada nele por Aymon Ghevra. Ele a mostrou ao grupo, baixando o capuz, e todos viram que era parecida com a que estava na lança de Sornan.

Guia contou que não era um escravo de verdade, pois sempre foi livre para deixar Caridrândia. No entanto, naquelas terras, todos que não são elfos sombrios são tratados como se não possuíssem o direito de serem livres.

Thalanir explicou aos aventureiros que ele é o líder da Vanguarda de Valengard, uma organização fundada há quase 200 anos e dedicada a proteger a floresta e a comunidade que se estabeleceu ali. Ele contou que Sornan se uniu a ela havia mais ou menos um ano e trouxe consigo a lança que eles viram. Sornan disse que havia sido um gladiador em Caridrândia e que servira a um elfo sombrio chamado Ghevra. Mas Thalanir não sabia de mais detalhes.

O elfo dourado também contou em detalhes como Sornan caiu no rio. Ele explicou que, quatro dias atrás, durante uma patrulha noturna, ele e seus patrulheiros, incluindo Sornan, foram abordados por Margoth e seu grupo, os Estrígios de Aymon. O elfo sombrio queria levar Sornan de volta, mas Thalanir não permitiria. Os ânimos estavam cada vez mais tensos quando dois trolls irromperam pela floresta e interromperam a discussão. Os dois grupos foram obrigados a lutar lado a lado pela sobrevivência. Dois elfos sombrios foram mortos, e Sornan foi arremessado penhasco abaixo pelo soco de um dos monstros.

Quando a luta terminou, Margoth levou seus elfos sombrios embora, e Thalanir tentou encontrar Sornan. A penumbra da noite e o terreno difícil dificultaram a busca. O elfo dourado encontrou a lança do sekbete e a escondeu. Porém, ele desconfiava que o elfo sombrio estava tão interessado na lança quanto em seu portador.

A Garganta dos Lamentos

O grupo montou acampamento no local da batalha dos elfos sombrios e da Vanguarda contra o troll. Thalanir explicou novamente como tudo aconteceu, e o grupo decidiu descer o rio para procurar por Sornan. Os sekbetes, com seu talento nato para o mundo aquático, poderiam fazer a busca rio abaixo sem dificuldades, enquanto os napols poderiam acompanhar sobrevoando.

Thalanir disse que não conseguiria acompanhar os aventureiros. Ele pegou os dois cavalos que o grupo trouxe e se responsabilizou por levá-los de volta a Valengard.

Rector criou uma nuvem voadora e, junto com Sombra e Olgaria, subiu nela para acompanhar a busca que os sekbetes fariam. Dariom resolveu voar com suas próprias asas.

Debaixo d’água, Guia procurava por rastros do sekbete desaparecido. Ele encontrou um colar de ossos que lhe pertencia, marcas de sangue em uma pedra e escamas de Sornan esmagadas contra outra pedra. Já Garuk procurava por locais que poderiam servir de abrigo, caso Sornan tivesse escapado do leito do rio. Ele encontrou uma pequena caverna, cujo acesso só era possível por baixo da água, mas não achou nada além de insetos dentro dela.

O grupo aéreo, formado pelos dois napols, Olgaria e Sombra, avistou um troll os perseguindo pelo alto do penhasco. Rector e Olgaria conseguiram conduzir a nuvem voadora para bem perto do paredão, fora do alcance da vista da criatura, mas Dariom foi visto e se tornou alvo de pedras arremessadas. O sacerdote de Pi-Toutucam conseguiu desviar dos projéteis, mas foi obrigado a voar para longe a fim de despistar a criatura.

Depois de uma queda d’água com cerca de quatro metros, os aventureiros viram a paisagem no entorno do rio mudar. Suas margens se tornaram mais planas e o leito mais largo e menos profundo. Logo encontraram uma caverna que mantinha o rastro de odor de Sornan.

Com cautela, Guia entrou na caverna e encontrou Sornan vivo, mas gravemente ferido, com uma costela e um braço quebrados, além de ferimentos na cauda. O sekbete recebeu poções de cura de Rector e se restabeleceu.

Sornan contou detalhes de sua fuga de Caridrândia, há pouco mais de um ano. Ele disse que decidiu abandonar seu mestre quando o presenciou realizando um ritual macabro, em que parecia estar invocando algo de outro mundo. Durante este ritual, Sornan viu uma silhueta humanoide aprisionada em uma forja, enquanto Aymon Ghevra manipulava uma energia estranha com sua lança, Elyndor.

Tomado pelo pânico, Sornan decidiu fugir e, ao fazê-lo, levou consigo a lança de Aymon Ghevra e a armadura de Tal, o antigo colega e amigo de Guia, que também estava no covil do elfo sombrio. O sekbete encontrou a armadura de seu antigo colega em uma sala, o que o fez suspeitar que a fuga de Tal havia sido forjada por Aymon Ghevra.

Sornan também revelou que, durante sua própria fuga, foi roubado em Telas, perdendo a maioria dos seus pertences, mas conseguiu manter sua armadura e a lança de Aymon Ghevra. O ponto mais importante de sua revelação, no entanto, foi a mensagem secreta que ele mostrou estar na armadura de Tal, que hoje estava em posse de Guia: “Há segredos abaixo da Torre Branca do Sul”.

Dariom notou a presença de inimigos se aproximando enquanto os sekbetes conversavam. Era Margoth e seus comparsas. Ao avisar os companheiros na caverna, Guia se certificou de que Sornan estava pronto para lutar novamente e lhe entregou a marreta que obtivera do ogro na Torre de Gelo Quebrada.

Valengard, Terras Selvagens, dia 24 do mês da Paixão do ano de 1502.

domingo, 17 de agosto de 2025

(LA) Sessão 6

A luta pelo último cristal

O Guia identificou o monstro como um ogro. Ele golpeava a última pedra, que parecia emanar uma energia mística, mas os aventureiros não pretendiam deixá-lo destruí-la. Assim, posicionaram-se em formação de ataque e avançaram contra o inimigo.

Garuk iniciou o confronto com uma investida furiosa. O sekbete foi surpreendido pela agilidade da criatura, que desviou o golpe usando os próprios braços. O Guia também tentou atacar o ogro, mas foi repelido da mesma forma. O monstro demonstrava não apenas força bruta, mas também velocidade.

Por estar concentrado em destruir a pedra brilhante incrustada na parede, o ogro demorou a reagir com violência. Porém, quando finalmente contra-atacou, quase derrubou Garuk. O sekbete recuou e pediu apoio ao sacerdote e a seus milagres. Nesse momento, Olgaria e Sombra avançaram em conjunto, reforçando a linha de frente.

Apesar do poder destrutivo do ogro, ele não era páreo para a união e as estratégias do grupo. Quando o Guia conseguiu acertá-lo na parte de trás da perna, forçando-o a ajoelhar-se, Sombra aproveitou a brecha e saltou em seu ombro. O ogro, em desvantagem, virou as costas para Rector, que disparou uma flecha certeira de seu arco élfico contra a nuca do inimigo. O ogro tombou morto.

O segredo da catacumba de gelo

O grupo se dividiu: alguns desejavam explorar as rochas e as ruínas da Torre de Gelo Quebrada, enquanto outros preferiram vasculhar o corpo do inimigo caído. Olgaria, por sua vez, sentou-se para descansar junto à parede em ruínas.

Garuk e o Guia examinaram o corpo do ogro. O Guia apanhou o pesado martelo de guerra e o tomou para si, enquanto Garuk não encontrou nada de valor. Rector e Darion, por outro lado, estudavam as pedras que o ogro havia atacado. A rocha incrustada na parede irradiava um brilho pálido semelhante ao do Cristal d’Aurora, mas não idêntico.

O feiticeiro retirou de sua bolsa o Cristal que carregava e o aproximou da rocha. O grupo ouviu uma vibração intensa, acompanhada por um ruído estridente de vidro em choque. Rector pediu que todos recuassem e avançou mais um passo. A rocha estourou e desabou no chão, revelando um objeto hecatoédrico polido, com a mesma chama pálida do Cristal d’Aurora.

Darion o recolheu e percebeu uma ressonância estranha entre os dois cristais. Um lampejo atravessou sua mente: a visão de um guerreiro humano, em armadura azul, golpeando com um machado uma guerreira muito maior do que ele. A cena desapareceu tão rápido quanto surgira, sem lhe dar respostas.

Rector entregou os cristais a Garuk, que os uniu de imediato. Uma explosão de luz os envolveu. Rector foi obrigado a fechar os olhos, e os demais se viraram para ver o que acontecera. Garuk jazia no chão, com os braços queimados pela reação. O Cristal d’Aurora permanecia cravado na parede ao seu lado, enquanto o hecatoedro fora lançado a dezenas de metros, por pouco não atingindo os cavalos presos fora da torre.

Avançando na exploração, Darion encontrou uma passagem bloqueada por uma grade. Garuk a arrombou com seu machado e o Guia acendeu uma tocha para iluminar o caminho. O andar inferior era pequeno, gélido, e suas paredes eram feitas de gelo cristalino.

Logo à frente da escadaria, um altar exibia um machado de batalha forjado em chama pétrea, um raro mineral. Garuk ficou tentado a tomá-lo de imediato, mas o grupo optou por investigar o local primeiro.

Rector identificou a estrutura como feita de gelo perpétuo, certamente obra mágica. Já Darion deduziu, por evidências arqueológicas, que tinha pelo menos dois milênios de idade. Além do altar, havia dois pedestais cobertos por moedas de ouro antiquíssimas, ofertadas em respeito ao morto.

No centro, um túmulo exibia uma inscrição em língua perdida, da qual apenas o nome “Garok’Drakul” pôde ser compreendido. Darion pediu auxílio divino. Pi-Toutucam, deus da diplomacia e do comércio, respondeu à prece: tratava-se do idioma dos povos antigos das geleiras. Com esse conhecimento, o sacerdote invocou um milagre e leu a inscrição:
“Sob a fúria do Rei, não temi. Sob o frio da Rainha, não fraquejei.”

A tampa do túmulo era tão pesada que nem Garuk a movia sozinho. Foi necessária a ajuda do Guia. No esforço, ouviram algo se partir: era a armadura de gelo perpétuo que envolvia os restos mortais, já enfraquecida pela idade.

O cadáver trajava vestes nobres e a armadura quebrada, que Rector reconheceu como a mesma de sua visão. Sob o corpo, revelava-se outra inscrição:
“A honra do meu senhor é meu escudo. O sangue do meu senhor, minha espada. Minha vida, sua glória.”

O Guia examinou exaustivamente a catacumba em busca de armadilhas, mas nada encontrou. Mesmo assim, notou pequenas estalactites se formando no teto e desconfiou de uma ameaça mais elaborada. Seu maior alerta, contudo, veio quando percebeu que o gelo perpétuo estava derretendo. As paredes pingavam, o teto escorria, e o chão já acumulava poças d’água. Ele advertiu o grupo, que bateu em retirada — mas não sem antes Garuk tomar para si o machado de chama pétrea.

Os aventureiros deixaram a torre a tempo de vê-la ruir de baixo para cima, desmoronando até não restar mais que uma pilha de gelo para futuros exploradores.

Jornada pelas terras geladas

O grupo retomou a jornada rumo a Trisque, descendo novamente as montanhas até alcançar a trilha principal em direção ao sul.

No segundo dia de viagem, avistaram um estranho monólito cinzento, a algumas dezenas de metros da estrada. Curiosos, aproximaram-se. Assim como a Torre de Gelo Quebrada, a estrutura parecia milenar, embora seu propósito fosse incerto. Ainda assim, decidiram investigá-la.

Rector a tocou, tentando sentir vibrações ou visões, mas sem sucesso. Garuk, mais prático, farejou algo enterrado e escavou até encontrar uma caixa selada. Dentro dela havia sementes apodrecidas, incapazes de frutificar naquele solo gélido.

Sob um fundo falso, encontraram ferramentas agrícolas, mais sementes — estas ainda em boas condições — e um saco com cinquenta moedas de ouro. O grupo guardou o que lhe interessava e seguiu viagem.

No quarto dia, cruzaram ruínas de uma cidade antiga. Avançaram com cautela, mas logo perceberam que o local era rota habitual de caravanas comerciais.

No quinto dia, enfrentaram o estouro de uma manada de mamutes. O Guia percebeu que, quilômetros acima, um bando de orcos os havia atacado, provocando a debandada. O perigo era real, pois os animais poderiam atravessar a trilha dos aventureiros. Para evitar o desastre, Rector abriu um portal para a Casa dos Sonhos, enquanto Darion sobrevoou a cena para avaliar a situação. O Guia, teimoso, recusou-se a entrar no refúgio mágico e preferiu permanecer sobre a nuvem criada pelo sonhador.

O grupo cogitou perseguir os orcos na montanha, mas logo concluiu que seria perigoso demais e desviaria sua rota.

O refúgio em Valengard

Dois dias depois, atravessaram um bosque denso e encontraram a estátua de um guerreiro, que marcava a entrada de Valengard, a Guarda do Bosque. Aos pés da estátua, lia-se a inscrição:
“Nosso juramento, uma parede contra o gelo. Nossa lâmina, uma aurora no inverno. Onde o passo do mal treme, a sentinela protege. Por esta terra, sempre em guarda.”

O grupo estava, enfim, diante dos primeiros sinais de civilização desde Odrenvil. Na estrada, cruzaram-se com um pelotão de patrulheiros liderados por um elfo. Eles questionaram os viajantes, mas a conversa breve terminou de forma amistosa, especialmente após Darion abençoá-los em nome de Cambu, o nome mais conhecido de sua divindade fora das terras napóis.

A chegada a Valengard foi acolhedora. O vilarejo mantinha-se de portas abertas, protegido por sólidas paliçadas. Placas os conduziram diretamente à Taverna da Vanguarda, ao sul da vila. A noite já caía, e uma cama era mais que bem-vinda.

Darion pagou cinco moedas de ouro ao taverneiro e garantiu quartos para todos, enquanto providenciava abrigo para os cavalos. Rector seguiu para o mercado, Garuk e Olgaria foram descansar. O Guia, por sua vez, buscou um canto reservado na taverna.

Havia apenas um disponível, mas suficiente para observar o salão. Ao se acomodar, notou, próximo dali, um elfo dourado com uma cicatriz no rosto. Encostada na parede atrás dele, havia uma longa haste coberta por tecido. O olhar atento do Guia, no entanto, identificou parte de um símbolo gravado no objeto: o emblema de Aymon Ghevra, antigo proprietário da arma, e seu mestre enquanto escravo.

Valengard, Terras Selvagens, dia 25 do mês da Paixão do ano de 1502

domingo, 10 de agosto de 2025

(LA) Sessão 5

O Mantra

O medo

O tremor de terra assustou os Rúbios, que mencionaram que "O-Mal-Sob-O-Gelo" estava mais forte. Curiosos, os aventureiros fizeram algumas perguntas sobre a entidade e foram informados de que se trata de uma figura antiga que assola as Geleiras.

O ancião da tribo dos Rúbios estava orientando outros membros quando Rector e Garuk se aproximaram para conversar. Os demais aventureiros já tinham sido bem recebidos e estavam se aquecendo com um caldo de carne de lobo, embora os Napol tenham preferido sua própria ração. Rector e Garuk notaram uma mudança no semblante do ancião ao lhe mostrarem o cristal da Aurora. Assustado, o homem explicou que a presença do objeto era um mau presságio, pois atrairia o Mal-Sob-O-Gelo.

Apesar do temor que o cristal incutia no ancião, ele permitiu que os aventureiros pernoitassem na caverna junto com a tribo, pois a tempestade que se aproximava seria severa demais para ser enfrentada ao relento.

Olgaria, que conhecia as lendas sobre o Mal-Sob-O-Gelo, explicou que a entidade maligna é a suposta rival da Aurora Gelada. As histórias de sua tribo, os Zumi, narram que a Aurora Gelada deverá derrotar o mal quando despertar. Olgaria compreendeu a preocupação do ancião pois, como a Aurora ainda se encontra dormente, a presença do cristal pode atrair o mal e impedir o seu despertar.

Nial e Magmar pediram ao grupo que não levassem a atitude do ancião para o lado pessoal. Os presságios eram referentes ao cristal que carregavam, mas eles seriam sempre bem-vindos no futuro, caso retornassem sem o artefato.

O Guia, por sua vez, aproveitou a conversa para questionar sobre o menino Ingá. O menino parecia incapaz de falar, mas Magmar explicou que o havia resgatado de uma tribo de Lazúlis há um ano, quando ele portava apenas a roupa do corpo e uma pequena faca de pedra, que se partiu logo em seguida.

Uma trilha de sangue

A tempestade, como previsto pelo ancião, se abateu sobre a região naquela noite. Os aventureiros, porém, estavam protegidos na caverna dos Rúbios. Pela manhã, o clima havia mudado completamente, e eles seguiram a jornada para o sul, em direção à longa planície costeira.

Apesar de a paisagem ainda ser branca e nebulosa, o grupo notou a melhora do clima e viu água na forma de chuva pela primeira vez em dias. Eles pegaram a trilha principal que levava às Terras Bárbaras, notando que, diferente dos caminhos nas montanhas, este era largo e firme.

No caminho, os aventureiros encontraram um trenó Lazuli destruído, com um corpo esmagado e lobos mortos nas proximidades. As marcas de faca nos lobos e no corpo do Lazuli indicavam violência. Após investigar o local, descobriram outra trilha em direção ao leste. Rector sentiu uma sensação estranha, pressentindo a presença do cristal da Aurora, e o grupo decidiu seguir a pista encontrada pelo Guia.

Eremitas

A trilha os levou a um chalé decrépito no meio da neve, com fumaça saindo da chaminé. O Guia se aproximou cautelosamente e, em silêncio, sentiu o cheiro de peixe assado e ouviu um mantra sendo recitado por duas pessoas.

O mantra era o seguinte: 

Aura-lim. Friiou-Vêrn.
Sil-a-Vir. Nuirr-Crân, 
Pal-da-Sun. Bliss-e-Garrd. 
Fal-o-Norr

 

Enquanto isso, Olgaria e Darion ficaram para trás com os cavalos. Rector e Garuk, menos furtivos, se aproximaram por trás do Guia, e o mantra foi interrompido. O Napol encontrou o corpo de um Lazuli dentro de uma caixa na carroça em frente à cabana, e o homem lá dentro fechou rapidamente as janelas.

Como sua aproximação não havia sido notada, o Guia contornou a casa e entrou pela janela dos fundos, surpreendendo o casal. O casal, de cabelos loiros e usando roupas de inverno, ficou apavorado, mas não ofereceu resistência. O Guia abriu a porta para que os outros pudessem entrar.

Apesar de a abordagem ter sido pacífica, o comportamento do casal era peculiar. O grupo descobriu que o casal, Kael e Liana, estava usando um pó de cristal semelhante ao cristal da Aurora como condimento.

Durante a conversa, o grupo descobriu que o menino Ingá era, na verdade, o filho perdido do casal, Brandec. Eles o chamavam de Brandec e acreditavam que ele estava morto após um confronto com os Lazúlis.

Em troca de informações detalhadas sobre a localização do filho, os aventureiros questionaram o casal sobre a origem do cristal e sobre um gigante que, segundo as lendas deles, destruía as pedras quentes. O casal revelou que a criatura poderia ser encontrada na Torre de Gelo Quebrada, a oeste.

Os aventureiros pernoitaram na cabana, enquanto Kael e Liana, que permaneceram acordados durante a maior parte da noite, partiram pela manhã para encontrar o filho. O grupo, por sua vez, investigou o chalé e encontrou utensílios de metal com resíduos do pó de cristal que vibravam com a proximidade do cristal da Aurora. Rector obteve uma faca de cristal de Liana, o que o fez se lembrar do menino Ingá, que também havia sido encontrado com uma faca de pedra frágil.

O gigante na torre

Deixando a cabana pela manhã, o grupo seguiu para o oeste em direção às montanhas. Chegaram à Torre de Gelo Quebrada, onde os pesados barulhos de metal e pedra aumentavam à medida que se aproximavam.

O Guia, que nunca havia visto um gigante, percebeu algo inusitado: a criatura dentro da torre não era um gigante, mas um ogro. O monstro não parava de bater com uma marreta em uma pedra cristalina que emitia um brilho pálido e vermelho, semelhante ao cristal da Aurora.

As Geleiras, dia 19 do mês da Paixão do ano de 1502 DC, data dos reinos

domingo, 3 de agosto de 2025

(LA) Sessão 4

A Jornada que Começa

O Mediador

    Amistel se aproximou dos aventureiros para uma despedida. O elfo disse que não tinha a intenção de seguir uma profecia sem sentido e que partiria com seu novo cavalo. Ele deixaria os dois alforjes que obteve na negociação para o grupo, como retribuição por eles terem o ajudado a chegar até ali. Depois disso, ele seguiu viagem para o norte.

    O Guia, que havia reconhecido o couro mostrado por Thirna como um dos pertences de seu companheiro perdido, Thal, fez mais perguntas à caçadora sobre como aquele objeto foi parar nas mãos dela. A mulher disse que a troca foi feita há um ano e que não havia notado nada de especial no objeto. No entanto, ela falou que o mediador daquela negociação fora um napol que estava de passagem pelo vilarejo de Odrenvil naquele momento. Tratava-se de Darion, e ele poderia ser encontrado na casa grande.

    O Guia e os outros foram juntos em busca do tal napol. Ao chegarem à casa grande, o encontraram bebendo um vinho junto com um dos locais. As interrogações do Guia logo afastaram o aldeão, e o grupo manteve uma conversa particular com o viajante. Ele revelou ser um comerciante dos Mangues que, em algumas ocasiões, fazia serviço de mediação. Sobre a peça de couro, especificamente, soube informar que ela pertencera a um elfo sombrio em Telas chamado Cedricen, mas que a obtivera por meio de um escravo humano com o qual teve contato.

    As informações sobre o elfo despertaram ainda mais o interesse do Guia, mas Darion não tinha muitas dicas para dar naquela posição. Ele revelou, no entanto, que poderia encontrar Cedricen mais uma vez, caso fosse até Telas. Como o grupo se dirigia para lá e ele era um viajante daquela região, resolveram todos partirem juntos para o sul.

    Darion revelou ser um sacerdote de Pi-Toutucam, o deus do comércio e da diplomacia, conhecido em outras partes de Tagmar como Cambu. Ele é um abençoado pela divindade, e seus poderes seriam úteis para o restante do grupo.


As Despedidas

    Olgaria estava decidida a acompanhar os aventureiros rumo à Uno, mesmo com o Guia sugerindo que ela seria um peso. A humana se despediu de sua irmã em um tom de adeus, mas também com esperança. Depois, levou Garuk até Ormar, o ferreiro. O trabalhador rabugento não reclamou tanto quanto da outra vez e pareceu um pouco ressentido pela partida de sua companheira de aldeia. Assim, trouxe para Garuk um machado ornamentado, com um acabamento muito superior àqueles que tradicionalmente foram vistos pelos outros zumis. Tratava-se de um machado de batalha comum, com lâmina de obsidiana muito afiada, mas cujo acabamento o fazia parecer algo superior. O sekbete saiu deslumbrado com a “recompensa” e agradeceu Olgaria pela intermediação.

Com todos os preparativos realizados, e considerando o horário avançado do dia, os aventureiros resolveram seguir até o posto avançado zumi e aguardar a manhã para iniciar a longa jornada até Telas. Assim, partiram com um tempo agradável para as terras geladas em que se encontravam e seguiram por dois dias.


O Resgate

    O terceiro dia de viagem marcou uma virada no clima. A neve começou a cair e os aventureiros presenciaram outro tremor de terra. Não foi tão intenso como aquele que os pegou de surpresa no desfiladeiro, mas ainda assim era o segundo em menos de uma semana. Desta vez, a localização dos viajantes era segura, mas eles puderam ver deslizamentos nas montanhas distantes.

    Sob uma visibilidade ruim, o Guia sentiu o faro de humanos. Ele alertou os aventureiros e seguiu na frente com Darion, já que o sacerdote afirmou que seria capaz de intermediar uma possível conversa.

    O Guia e Darion chegaram a um penhasco. Abaixo, perto de um lago congelado, viram dois humanos ruivos cercados por outros quatro humanos mais baixos, de cabelos pretos. Eram claramente oriundos de tribos diferentes.

    Os humanos sob ameaça eram um homem alto e corpulento e uma mulher também alta, mas que se dedicava a proteger uma criança sob sua capa. Darion resolveu intervir e tentar acalmar os ânimos. O napol voou até o centro do campo de batalha e pediu a palavra, apelando para o bom senso dos agressores.

    Não deu certo. Os guerreiros de cabelos pretos atacaram o napol, que se pôs na defensiva, mas logo também se viu obrigado a contra-atacar com seu arco e flecha. Olgaria chegou em seguida à beirada da ladeira e disse que os guerreiros de cabelos pretos eram Lazúlis, ou Azuis, um grupo quase sempre violento, e os de cabelos vermelhos eram dos Rúbeos, mais amigáveis. A jovem conseguiu descer com cuidado pelo rochedo e atacou um dos Lazúlis.

    O Guia também partiu para o ataque. Ele desceu a ladeira e se misturou na batalha. O mesmo fez Garuk, saltando pelos cinco metros de penhasco direto para cima de um dos inimigos. Rector permaneceu na retaguarda enquanto Sombra avançava para proteger a mulher depois que o homem que a protegia foi nocauteado com uma pancada na cabeça.

    O combate durou alguns minutos. A mulher e a criança fugiam do local mais intenso e buscavam abrigo perto de Rector. Enquanto isso, os outros conseguiam, aos poucos, dominar os inimigos. Olgaria e Darion tinham mais sucesso em agredir os inimigos, talvez pela letargia que o frio aplicava aos sekbetes.

    Quando um dos Lazúlis caiu sob o lago congelado e outros dois foram mortos pelos aventureiros, o último sobrevivente tentou fugir. Ele correu o mais rápido que pôde, mas uma flechada certeira de Darion o atingiu pelas costas. O risco de deixar alguém escapar era muito alto.

 


A Tribo Vermelha

    Os aventureiros perceberam que o rúbeo nocauteado estava vivo. Ele havia sofrido uma pancada forte, mas não corria risco de vida. Os objetos encontrados com os inimigos sugeriam que eles eram canibais. Uma mão humana dissecada foi encontrada como uma espécie de troféu com um deles. Assim, Garuk retirou o lazúli que caiu no gelo para ser interrogado. O grupo obteve a informação de que a tribo Azul estava a um dia à oeste, em uma direção diferente daquela que eles estavam viajando. Não tendo mais utilidade para o inimigo, o grupo o matou.

    A mulher resgatada se apresentou como Mágmar. A criança tinha uma aparência bem diferente dela e do homem grande, e ela a chamava Ingá. O menino não disse uma palavra na presença dos aventureiros, mas Mágmar falava bastante. Ela disse que o homem ferido era Nial e que eles estavam em busca de uma caverna melhor para sua tribo. No retorno para avisá-los que a haviam encontrado, foram atacados pelos Azuis.

    Os aventureiros foram convidados a irem até sua tribo em retribuição por tê-los salvado. A mulher fez questão de que eles a acompanhassem. A jornada até a nova caverna, depois de terem avisado o restante dos peregrinos vermelhos, foi de algumas poucas horas. Todos estavam abrigados antes do anoitecer.

    Quando tiveram uma oportunidade de conversar com mais calma, os aventureiros ficaram intrigados com a presença daquela criança com Mágmar e seu companheiro. Ela era diferente tanto dos dois quanto do restante da tribo: era loira, um pouco menor e com feições que mais lembravam os zumis. Olgaria também ficou intrigada com a criança, mas não lembrava de nenhuma criança desaparecida há cerca de um ano, quando Mágmar revelou que a havia salvado de um grupo de Lazúlis.

    Antes que a conversa prosseguisse por mais tempo, já com a noite plena, os aventureiros sentiram outro tremor, desta vez mais forte. O Guia apressou-se para identificar possíveis pontos de desmoronamento na caverna em que estavam, mas o local era seguro. Assim que o susto passou, eles ouviram dos Vermelhos que “O Mal-Sob-O-Gelo está mais forte do que nunca”.

Acampamento Rúbeo, Geleiras, dia 16 do mês da Paixão do ano de 1502, data dos reinos.

domingo, 27 de julho de 2025

(LA) Sessão 3

O Chamado da Anciã

Descida Difícil

    O grupo deixa o túnel da montanha e se depara com o grande vale verde onde se situa Odrenvil, o vilarejo Zumi para o qual se destinam. No entanto, eles ainda se encontram nas montanhas, em uma estreita beirada que tangencia a montanha e desce lentamente até a trilha abaixo.

    Rector alça voo imediatamente para explorar o ambiente aberto e limpo, como há muitos dias não presenciava. Enquanto isso, algo no chão chama a atenção do Guia. Olgaria comenta com o grupo que há um posto avançado Zumi a pouco mais de uma hora da localização atual deles.

    Enquanto o Guia detecta sinais de que mais de uma dúzia de orcs passaram pela mesma trilha há pouco tempo, Rector depara-se com um grupo grande, de pelo menos 30, mais acima em uma plataforma na montanha. O napol é alvejado por algumas flechas e contra-ataca. No entanto, ele não retorna imediatamente para o grupo, pois tenta distrair a atenção deles e não entregar a posição de seus companheiros. O Guia, enquanto isso, trata de apressar seus companheiros, na esperança de que todos cheguem no posto avançado antes que os orcs os encontrem.

Caçada na Montanha

    Uma fuga tensa tem início na perigosa beirada da montanha. O boi que puxava a carroça esforçava-se para alcançar sua velocidade máxima, mas o terreno acidentado dificultava o trabalho. Enquanto isso, o Guia preparava o terreno para atrasar os perseguidores com seus poderes.

    Rector não foi capaz de ludibriar os inimigos e precisou retornar para a comitiva antes de se ferir. Porém, os orcs levaram quase trinta minutos para avistar o grupo de aventureiros na beirada. Quando isso ocorreu, o batedor tocou uma corneta de ossos que ressoou pelo vale.

    Os orcs atacaram os aventureiros de várias formas. Quando tentaram atirar rochas de um ponto mais alto da montanha, foram alvejados por Rector, que conseguiu distraí-los e conceder tempo para o grupo atravessar o ponto de ataque.

    Quando avistaram o pelotão orc, o Guia resolveu invocar uma habilidade animal para ampliar sua velocidade e ir até o posto avançado para convocar reforços. Ele sabia que a única chance dos aventureiros seria se angariasse apoio dos Zumis.

    O encontro do Guia com o posto avançado Zumi por pouco não acabou em tragédia. Os arqueiros estavam perto de alvejá-lo quando ele gritou os nomes de Iuna e Olgaria, fazendo-os baixar as armas. Thirna e Erman, os dois caçadores que comandavam o pelotão no posto avançado, fizeram seus subordinados se prepararem rapidamente e subiram a ladeira. O Guia, mais rápido, foi na frente e logo conseguiu retornar para seus companheiros.

    Uma parte dos orcs alcançou o grupo antes que o reforço chegasse. O confronto na beirada foi brutal. Garuk tomou a dianteira e conseguiu resistir bravamente até o retorno do Guia. Um dos orcs foi derrubado ladeira abaixo, mas Rector também se feriu durante a batalha.

    Os orcs recuaram assim que viram os guerreiros Zumis subindo a cornija. Olgaria e Iuna correram ao encontro de seus compatriotas dizendo "Tio Erman", revelando que um dos comandantes era seu parente.

    Os guerreiros Zumis receberam bem os aventureiros. Eles foram levados até o posto avançado e convidados a pernoitarem ali para recuperarem-se da longa viagem. No entanto, como se tratavam de mais três horas de caminhada até Odrenvil, o Guia e os outros resolveram seguir viagem e concluir o longo caminho desde Nesfes.


O Sussurro da Aurora

    O grupo entra em Odrenvil e é levado imediatamente para a presença de Herda, a anciã. Ela vê o grupo com expectativa e logo revela uma conexão espiritual que já os anunciara antes de sua chegada. Segurando um amuleto com um pálido brilho vermelho que ela carregava em seu peito, Herda olhou fixamente para cada um dos aventureiros. O objeto que ela carregava era muito semelhante, ou talvez igual, àquele que o Guia havia obtido de Dagomir.

    Garuk revelou o prisma cristalino para a anciã, fazendo-a mencionar uma "Aurora Gelada". Conforme Herda, este é o nome de uma divindade ancestral adormecida que estava prestes a despertar.

    Herda contou ao grupo a lenda da Aurora Gelada. Esta lenda dizia que ela era uma divindade de luz que nasceu do coração das Geleiras e do orvalho das primeiras auroras; que era a mãe que despertava o mundo do inverno; que possuía um coração pulsante, um prisma cristalino que irradiava o calor e as cores do amanhecer. Segundo a lenda, as geleiras tiveram vales verdes, como aqueles em que eles se encontravam, e o despertar dela, que dava sinais de estar próximo, poderia trazer tudo isso de volta.

    Quando a Aurora Gelada deixou o mundo, seis fragmentos de cristal ficaram para trás. Estes fragmentos Herda chamou de Corações d'Aurora. O amuleto dela era um deles, e tudo indica que aquele que o Guia obteve de Dagomir era outro. Conforme a história, cada Coração d'Aurora possuía um poder inerente a ele, como o dela, que lhe permitia ver o futuro.

    Herda sugeriu que os aventureiros, os quatro, eram parte de uma composição maior que ajudaria a trazer a Aurora Gelada de volta para este mundo. No entanto, o Guia estava claramente cético quanto a isso. Garuk e Amstel ficaram indiferentes, enquanto Rector pareceu um pouco surpreso, embora ainda receoso.

    Os aventureiros foram para uma residência preparada por Olgaria e exigiram seus pagamentos. A Zumi lhes deu dois cavalos e disse que pela manhã eles poderiam conversar mais.

    Durante a madrugada, o Guia deixou a casa em que estavam para refletir sozinho sobre o galho de uma árvore. O sekbete pegou o Coração d'Aurora que Dagomir lhe presenteara e tentou extrair dele alguma energia, mas nada aconteceu. Qualquer que fosse o poder que aquele objeto possuísse, se o possuísse, ainda não estava desperto.


Para os Ventos do Sul

    Os aventureiros saíram todos juntos pela manhã, com exceção de Rector, que ficou para trás em sua casa dos sonhos. O napol aproveitou para voar livre pelos campos depois que os outros deixaram a casa. Ele foi até um rio ao oeste da cidade e deslumbrou-se ao ver que o vale era fértil como nenhum outro lugar no entorno daquelas terras geladas.

    Enquanto isso, Amstel conseguiu um acordo melhor com Erman. Ele trocou seu boi e sua carroça por mais um cavalo e três conjuntos de alforjes para os animais que agora possuíam. Isso lhes permitiria carregar quase tanto peso quanto já estavam carregando com a carroça, mas os tornaria mais ágeis.

    Olgaria levou os outros dois para encontrar Ormar, o ferreiro, para que ele pudesse fornecer um punhal para o Guia. Garuk ainda não havia recebido um prêmio individual, e alegava que ainda precisava de uma recompensa.

    Rector retornou de seu passeio direto para encontrar a anciã. Neste encontro, Herda teve uma nova visão. Ela disse que a Aurora Gelada estava despertando e que uma voz antiga dizia que os aventureiros deveriam ir para Uno. Ela mencionou que a cidade era o lugar onde o coração original repousava e onde todos os fragmentos de Corações d'Aurora poderiam ser reunidos, permitindo que o mundo se lembrasse novamente da Aurora Gelada.

    Olgaria, Garuk, Amstel e o Guia foram chamados de volta para se encontrarem com Herda assim que ela teve a nova visão. O grupo se reencontrou na presença da anciã, e ela disse que a missão fora dada a eles, e que não havia o que eles pudessem fazer para escapar dela. No entanto, o Guia permanecia cético. Os outros, no entanto, pareciam estar dispostos a aceitar a jornada.

    Assim que Herda terminou, Olgaria disse que faria a jornada. Herda disse que ela não fazia parte da mensagem que ela recebera, mas a jovem ignorou. "Eu achei o cristal", dizia ela, alegando que também fazia parte do destino grandioso de despertar a Aurora Gelada.

    Os aventureiros estavam deixando a presença de Herda quando ela disse ao Guia: "procure Thirna, ela tem algo que vai despertar seu interesse".

    Thirna estava arrumando toalhas bem tecidas em um varal quando o grupo a encontrou. Olgaria disse que a anciã havia enviado o Guia ali, pois ela deveria ter algo do interesse dele. A caçadora ficou surpresa e disse não saber do que ela estava falando. No entanto, enquanto fazia isso, ela revelou, debaixo de uma das toalhas que arrumava, um tecido em couro que fora parte de uma armadura. Este tecido tinha o símbolo de Aymon Ghevra, o mestre do Guia. O sekbete pediu a peça imediatamente. Ao pegá-la, sentiu o cheiro de seu amigo Thal, por quem procurou por anos.

    A conversa com Thirna prosseguiu por mais alguns instantes. O Guia estava muito interessado em saber onde ela havia encontrado aquele pedaço de armadura, e a caçadora disse que estava com ela desde o inverno passado, quando trocou com alguns mercadores de Telas, ao sul.

    Com a nova descoberta, o Guia decidiu: ele acompanharia o grupo na jornada até Telas, embora tenha tentado desmotivar Olgaria a fazer o mesmo. Não adiantou. O grupo que partiria em uma jornada pelo despertar da Aurora Gelada era Garuk e o Guia, sekbetes, Rector, o napol, Amstel, o elfo, e Olgaria, a humana.

Odrenvil, dia 11 do mês da Paixão de 1502 DC, data dos reinos.

domingo, 20 de julho de 2025

(LA) Sessão 2

A jornada até Odrenvil

Preparativos e Descobertas

    Após escutarem a mensagem que Hêrda havia enviado através de Olgaria, o grupo discutiu como levariam a jovem e sua pequena irmã até Odrenvil. A moça havia desistido de levar a mensagem até Batel'Mór, em razão da descoberta do prisma misterioso, e o grupo a escoltaria de volta para casa. No entanto, por causa do horário, resolveram dar o dia por encerrado para descanso e continuar na manhã seguinte.

    Garuk e Rector tinham seus próprios afazeres, como juntar suprimentos para a viagem, mas o Guia ainda estava curioso pelo tesouro que Dagomir estava disposto a arriscar a própria vida para resgatar na tempestade do dia anterior. Assim, ele foi até a casa rural do ancião.

    O Guia foi recebido na casa de Dagomir pela filha dele. Reunido com o homem que fora resgatado por ele quase sem vida no dia anterior, os dois se dirigiram para o local do encontro: o armazém aos fundos da casa principal. Chegando lá, o Guia pediu que Dagomir revelasse qual era o tesouro de tanto valor que o homem arriscou a própria vida para proteger. Um pouco desconcertado, o ancião lhe agradeceu pelo que fez e disse para ele pegar uma caixa oculta sobre o teto.

    O sekbete pegou a caixa e percebeu que a chave que ele carregava era capaz de abri-la. O próprio Guia abriu a fechadura e, dentro da caixa, viu um amuleto pouco menor do que a palma de uma mão, que ostentava em seu núcleo uma pequena pedra muito semelhante ao prisma encontrado. O cristal brilhava da mesma forma que o objeto misterioso que Olgaria desejava mostrar para sua anciã.

    Muito interessado, o Guia perguntou para Dagomir onde ele havia encontrado aquele objeto. O ancião disse que a havia encontrado no alto de uma montanha, na divisa com as Geleiras, há quase 40 anos. Ele disse que guardou o objeto por achá-lo especial, mas agora o presenteava para o Guia. Os acontecimentos do dia anterior o fizeram perceber que aquilo era apenas uma pedra, e que ele possuía outras coisas de valor.

    O Guia ficou com o objeto e o levou de volta para Rector. Os dois perceberam que o medalhão parecia reagir à presença do prisma. Ele vibrava e ficava mais quente, além de emitir um brilho mais intenso. No entanto, o prisma não parecia esboçar qualquer reação. Intrigados por terem encontrado dois objetos tão raros, mas do mesmo material em tão pouco tempo, os dois resolveram guardá-los para si. O Guia protegeu o medalhão em sua armadura, e Rector protegeria o prisma.

    Durante a noite, no plano particular de Rector, ele teve tempo para analisar melhor o prisma. Ele notou que o tênue brilho que emitia parecia mais frágil dentro daquele plano. A aura que emanava também parecia mais branda. A sensação retornaria quando o prisma deixasse a casa dos sonhos do napol.

    Já no dia seguinte, antes de partirem, o grupo resolveu pedir o apoio do elfo Amstel, um comerciante de lâminas que viajava pelas Terras Selvagens e que acabara preso na nevasca como os outros. Ele tinha chegado na mesma caravana que Garuk viera protegendo, e ambos já se conheciam razoavelmente. Amstel possuía uma carroça, o que, segundo o Guia, seria mais adequado para transportar as "humanas magrelas". O elfo aceitou ser pago na chegada em Odrenvil e seguiu viagem com o grupo.


A Jornada e o Perigo Lupino

    O grupo deixou Nesfes com clima ameno, ao menos comparado com o rigor dos dias anteriores. O gelo ainda era predominante, mas o vento não cortava como nos dias anteriores. O terreno, no entanto, ficava cada vez mais difícil.

    A jornada até Odrenvil tinha previsão de 7 dias. No entanto, no terceiro, o grupo foi abordado por uma alcateia de lobos famintos. Os animais haviam sido percebidos pelo Guia com alguma antecedência, mas não havia como convencê-los a desistirem da caça. Pelo menos não por meios normais. Um confronto foi inevitável.

    Os lobos começaram atacando um dos bois da carroça. O animal se assustou e contra-atacou. O movimento brusco fez a carroça se inclinar com violência, e Amstel, o condutor, e Iuna acabaram sendo arremessados para longe. Olgaria agarrou-se firme e se manteve sobre o veículo. A jovem saltou para a posição de condução assim que se reequilibrou para tentar reassumir o controle dos animais.

    Enquanto isso, Amstel fora atacado por um lobo. O animal o abocanhou no braço, ferindo seu membro. Iuna também fora atacada, mas a pequena conseguiu escapar para baixo da carroça com agilidade.

    Garuk partiu em defesa do elfo, e Sombra, a loba companheira de Rector, em defesa do boi atacado. O napol voou alto para identificar o alfa e preparou um feitiço para manipular o líder da alcateia. Garuk se aproximava tentando invocar os poderes naturais para ajudá-lo.

    Amstel estava em apuros, mas contra-atacava com feitiços tentando se salvar. Sombra conseguia lidar com os dois lobos com os quais havia se engajado. Mas foi o feitiço de Rector que mudou o rumo do combate. O elo animal temporário criado pelo napol lhe permitiu convencer o lobo a procurar comida para o leste, onde o grupo havia eliminado os goblins. Apesar da distância, a força do feitiço fez o lobo recuar, levando consigo toda a alcateia.

    Depois da batalha, Rector usou um feitiço sobre Amstel para auxiliar na recuperação de seu braço. Para amenizar sua dor, o mago abusou do vinho que carregava com tanto zelo na carroça.


Desafios do Desfiladeiro Glacial

    A jornada para Odrenvil ainda estava longe do fim. Um dia depois do confronto contra os lobos, o grupo entrou em um estreito e perigoso desfiladeiro. Eles se encontravam na área mais baixa e ventosa, mas com um clima menos hostil.

    Rector, como fazia todas as noites, abriu sua casa dos sonhos para todos os companheiros pernoitarem. O Guia, como também fazia todas as noites, recusou o convite do feitiço estranho. No entanto, naquela noite em particular e naquele desfiladeiro, a negativa do Guia salvou o grupo de um destino terrível.

    O sekbete criou seu próprio abrigo nas proximidades da entrada para a casa dos sonhos. Mas, ao fim da noite, percebeu um tremor de terra. Preocupado com as consequências que o evento natural pudesse ter, ele alertou todos os seus companheiros, dizendo que um deslizamento era iminente. O grupo inteiro deixou a casa dos sonhos e foi para um ponto mais alto. O deslizamento ocorreu e, não fosse a antecipação do Guia, todos poderiam ter sido soterrados pela neve.

    O deslizamento trouxe outras consequências para o grupo. A trilha principal, que não passava de um caminho tortuoso no meio das montanhas, encontrava-se obstruída logo à frente. O Guia pegou o mapa de Olgaria e notou uma rota alternativa. A zumi a reconhecia e disse que sua anciã a chamava de "Desfiladeiro do Sussurro Glacial", pois era uma região perigosa, uma rota há muito tempo abandonada. No entanto, era também a única alternativa à trilha principal. Seguiram por ela.

    A rota alternativa subia uma das montanhas e percorria um desfiladeiro muito íngreme, apesar de largo o suficiente para a passagem da carroça e dos bois. No entanto, uma área com o solo totalmente congelado mostrou-se um grande desafio. O solo escorregadio fez um dos bois deslizar e entrar em pânico. O Guia não foi capaz de conduzi-lo em segurança, e o animal escorregou para uma queda mortal no fundo do penhasco. Amstel não demonstrou qualquer sentimento por seu animal morto, apesar da longa jornada que dividiu com ele.

    Os aventureiros seguiram com a carroça e um dos bois, chegando até o Túnel dos Sussurros, uma curta passagem formada por gelo e pedras no meio das montanhas. Formado sobre um rio de superfície congelada, o túnel era permanentemente afetado por um vento sussurrante, causador de um desgaste físico e mental incomum.

    A travessia do trecho de rio congelado exigia cuidado. Garuk foi o primeiro a realizar a travessia. O sekbete pesava facilmente 160 quilos, o que foi o suficiente para quebrar o gelo sob seus pés. Mas isso não o parou. O meio-crocodilo usou sua cauda para se agarrar em uma formação de pedra ao seu lado e se puxou para uma das paredes. Cravando nela suas garras, ele percorreu o restante do túnel pela lateral.

    Os outros aventureiros precisariam percorrer o túnel congelado com a fenda no piso provocada por Garuk. A maioria não teve grandes dificuldades para passar, mas Amstel precisou da ajuda de Garuk, sendo puxado por uma corda para não escorregar para dentro do rio congelante.

    O grupo viu a luz do sol no fim do túnel assim que terminaram de cruzar o rio congelado. Ao saírem da caverna, vislumbraram a paisagem do grande vale verde onde, em meio a ele, situava-se Odrenvil.

Terras Selvagens, fronteira com as Geleiras, dia 9 do mês da Paixão do ano de 1502.

domingo, 13 de julho de 2025

(LA) Sessão 1

O encontro na neve

    O inverno de 1502 era particularmente rigoroso. A aldeia Zumi de Nesfes lutava contra as adversidades, com seus aldeões muitas vezes resgatados de condições de frio quase letais. Era o dia 3 do mês da Paixão quando uma tempestade severa ameaçava assolar a região.

    Nesfes, porém, tornou-se um ponto de encontro para viajantes inusitados. Garuk, um Sekbete com uma criação peculiar por um Napol, residia na aldeia há vários dias, pagando com seus serviços braçais pela estadia após concluir a escolta de um aldeão. Rector, um Napol eremita que viajou para o norte a fim de se abrigar de seus algozes, os elfos sombrios, residia nos arredores do vilarejo, ajudando os aldeões com suas misturas curativas e misteriosas. E O Guia, como ficou conhecido o Sekbete de aparência singular, Goragar, havia chegado escoltando uma caravana de comerciantes e ali se hospedava em uma fazenda, aguardando por um clima mais ameno para prosseguir sua viagem.

    Uma violenta tempestade se aproximava de Nesfes. Os aldeões estavam apreensivos, mas o líder Arvend tinha a solução: ele convocou a todos para a casa grande, a residência central da vila, onde estariam seguros. O local era quente e se provaria resistente à tempestade.

    No entanto, nem todos os aldeões conseguiram chegar antes que a tempestade se intensificasse. Arvend notou a falta de um casal e de um velho fazendeiro. O Guia prontificou-se a buscar o casal primeiro. A mulher, em seus últimos momentos de gravidez, não teria resistido à nevasca repentina, mas sobreviveu graças à intervenção dos três estrangeiros.

    Dagomir, o fazendeiro, foi encontrado tremendo de frio em seu depósito. O homem segurava uma chave, aparentemente tentando salvar algo de seus pertences pessoais naquele lugar. O Guia, porém, não encontrou nada que a chave pudesse abrir.

    Pouco tempo depois de terem retornado para a casa grande, e mesmo com um feitiço de Rector para manipular o clima hostil, a tempestade se acentuou. Durante a nevasca, uma criança bateu à porta da casa grande e foi recebida pelos aldeões. Ferida e com frio, a menina, Iuna, implorou por ajuda para sua irmã, Olgaria, e um amigo, Ivan, que foram atacados por goblins em um desfiladeiro a algumas horas dali.

    Iuna não era de Nesfes, mas também era Zumi. No entanto, Arvend não parecia conhecê-la. Segundo a menina, a irmã carregava uma mensagem importante.

    O Guia, Rector e Garuk decidiram ajudá-la. Eles embarcaram em uma perigosa jornada de cinco horas sob uma nevasca intensa para resgatar Olgaria e Ivan. Ao chegarem ao desfiladeiro, depararam-se com o grupo de goblins cercando uma pequena fenda na rocha.

    Uma luta feroz se desenrolou. O grupo atacou os goblins com tudo que tinha. Garuk, O Guia, Rector e sua aliada Sombra (a loba), atacaram os inimigos por todos os lados. Os goblins tentaram resistir, mas caíram um a um, oferecendo pouca ameaça ao trio de aventureiros. Com a maioria de seus companheiros abatidos, dois goblins tentaram escapar. O Guia conseguiu alcançar um deles e destroçá-lo com suas garras, mas o outro desapareceu na nevasca.

    Com os inimigos derrotados, o grupo teve caminho livre para explorar a fenda no desfiladeiro. O local apresentava uma temperatura mais amena, e Olgaria se escondia ali. Ivan, seu amigo, estava encostado na parede, sentado no chão, e foi O Guia quem deu a triste notícia de que ele já estava sem vida.

    Junto ao corpo de Ivan, O Guia encontrou um prisma cristalino que irradiava um calor estranho e magia. Rector se interessou pelo objeto, mas não conseguiu deduzir muitas informações sobre ele. Olgaria então revelou que a pedra estava ligada a uma profecia de sua matriarca, Herda:

Quando o Vazio se abrir, e a Luz se extinguir, 
Um eco ancestral, no éter irá surgir.
No cerne do Cristal, a chama adormecida, 
Despertará um poder, pela Mão Escolhida.
 
Seja o guardião da Aurora, ou da Noite o arauto, 
Seu destino traçado, em um único ato. 
Pois o brilho que emana, segredos ocultará, 
E só quem o desvenda, o mundo salvará.

    Depois de terem discutido sobre a origem do cristal, sem chegar a algo definitivo, o trio sepultou Ivan e resolveu pernoitar ali na fenda para não viajar à noite. Rector criou uma casa dos sonhos, uma passagem dimensional que lhe permitia descansar em um local seguro. O Guia não aceitou o convite para entrar, mas Olgaria e Garuk o fizeram.

    Pela manhã, eles retornaram para Nesfes sob um clima mais ameno, apesar de ainda hostil. Olgaria reencontrou sua irmã, Iuna, e ambas lamentaram a morte de Ivan. Depois, a jovem revelou que trazia consigo uma mensagem para Batel'Mor. A carta, escrita por Herda, foi pedida pelos aventureiros. Ela entregou primeiro para Arvend, que depois a passou para Rector, que a leu:

"Recebi um sinal, um sinal através da minha joia, onde o éter é solidificado. Algo está acontecendo, algo está despertando. Precisamos reunir os clãs. Ouço sussurros que trazem palavras muito além de mim. Tenho visões, tenho percebido que algo está rasgando o tempo. É algo maior do que todos e precisamos nos reunir. Esta mensagem deverá ser enviada a todos os líderes de clãs, mas preciso do seu apoio antes de todos."

    Embora os três viajantes fossem de locais distantes e alheios às culturas dos humanos, eles sabiam que um pedido de aproximação entre clãs tão diversos era, no mínimo, incomum. Porém, Olgaria revelou que não entregaria a carta, pois tinha a pretensão de levar a pedra que Ivan encontrou de volta para sua matriarca em Odrenvil, seu vilarejo. Apesar da importância da mensagem que entregaria, a jovem acreditava que a pedra fosse ainda mais vital.

    Tanto O Guia quanto Rector e Garuk disseram que a escoltariam até o vilarejo, pois o grupo também parecia interessado na verdadeira origem daquela pedra. 

Terras Bárbaras, dias 3 e 4 do mês da Paixão do ano de 1502 Depois do Cataclismo.