A Jornada que Começa
O Mediador
Amistel se aproximou dos aventureiros para uma despedida. O elfo disse que não tinha a intenção de seguir uma profecia sem sentido e que partiria com seu novo cavalo. Ele deixaria os dois alforjes que obteve na negociação para o grupo, como retribuição por eles terem o ajudado a chegar até ali. Depois disso, ele seguiu viagem para o norte.
O Guia, que havia reconhecido o couro mostrado por Thirna como um dos pertences de seu companheiro perdido, Thal, fez mais perguntas à caçadora sobre como aquele objeto foi parar nas mãos dela. A mulher disse que a troca foi feita há um ano e que não havia notado nada de especial no objeto. No entanto, ela falou que o mediador daquela negociação fora um napol que estava de passagem pelo vilarejo de Odrenvil naquele momento. Tratava-se de Darion, e ele poderia ser encontrado na casa grande.
O Guia e os outros foram juntos em busca do tal napol. Ao chegarem à casa grande, o encontraram bebendo um vinho junto com um dos locais. As interrogações do Guia logo afastaram o aldeão, e o grupo manteve uma conversa particular com o viajante. Ele revelou ser um comerciante dos Mangues que, em algumas ocasiões, fazia serviço de mediação. Sobre a peça de couro, especificamente, soube informar que ela pertencera a um elfo sombrio em Telas chamado Cedricen, mas que a obtivera por meio de um escravo humano com o qual teve contato.
As informações sobre o elfo despertaram ainda mais o interesse do Guia, mas Darion não tinha muitas dicas para dar naquela posição. Ele revelou, no entanto, que poderia encontrar Cedricen mais uma vez, caso fosse até Telas. Como o grupo se dirigia para lá e ele era um viajante daquela região, resolveram todos partirem juntos para o sul.
Darion revelou ser um sacerdote de Pi-Toutucam, o deus do comércio e da diplomacia, conhecido em outras partes de Tagmar como Cambu. Ele é um abençoado pela divindade, e seus poderes seriam úteis para o restante do grupo.
As Despedidas
Olgaria estava decidida a acompanhar os aventureiros rumo à Uno, mesmo com o Guia sugerindo que ela seria um peso. A humana se despediu de sua irmã em um tom de adeus, mas também com esperança. Depois, levou Garuk até Ormar, o ferreiro. O trabalhador rabugento não reclamou tanto quanto da outra vez e pareceu um pouco ressentido pela partida de sua companheira de aldeia. Assim, trouxe para Garuk um machado ornamentado, com um acabamento muito superior àqueles que tradicionalmente foram vistos pelos outros zumis. Tratava-se de um machado de batalha comum, com lâmina de obsidiana muito afiada, mas cujo acabamento o fazia parecer algo superior. O sekbete saiu deslumbrado com a “recompensa” e agradeceu Olgaria pela intermediação.
Com todos os preparativos realizados, e considerando o horário avançado do dia, os aventureiros resolveram seguir até o posto avançado zumi e aguardar a manhã para iniciar a longa jornada até Telas. Assim, partiram com um tempo agradável para as terras geladas em que se encontravam e seguiram por dois dias.
O Resgate
O terceiro dia de viagem marcou uma virada no clima. A neve começou a cair e os aventureiros presenciaram outro tremor de terra. Não foi tão intenso como aquele que os pegou de surpresa no desfiladeiro, mas ainda assim era o segundo em menos de uma semana. Desta vez, a localização dos viajantes era segura, mas eles puderam ver deslizamentos nas montanhas distantes.
Sob uma visibilidade ruim, o Guia sentiu o faro de humanos. Ele alertou os aventureiros e seguiu na frente com Darion, já que o sacerdote afirmou que seria capaz de intermediar uma possível conversa.
O Guia e Darion chegaram a um penhasco. Abaixo, perto de um lago congelado, viram dois humanos ruivos cercados por outros quatro humanos mais baixos, de cabelos pretos. Eram claramente oriundos de tribos diferentes.
Os humanos sob ameaça eram um homem alto e corpulento e uma mulher também alta, mas que se dedicava a proteger uma criança sob sua capa. Darion resolveu intervir e tentar acalmar os ânimos. O napol voou até o centro do campo de batalha e pediu a palavra, apelando para o bom senso dos agressores.
Não deu certo. Os guerreiros de cabelos pretos atacaram o napol, que se pôs na defensiva, mas logo também se viu obrigado a contra-atacar com seu arco e flecha. Olgaria chegou em seguida à beirada da ladeira e disse que os guerreiros de cabelos pretos eram Lazúlis, ou Azuis, um grupo quase sempre violento, e os de cabelos vermelhos eram dos Rúbeos, mais amigáveis. A jovem conseguiu descer com cuidado pelo rochedo e atacou um dos Lazúlis.
O Guia também partiu para o ataque. Ele desceu a ladeira e se misturou na batalha. O mesmo fez Garuk, saltando pelos cinco metros de penhasco direto para cima de um dos inimigos. Rector permaneceu na retaguarda enquanto Sombra avançava para proteger a mulher depois que o homem que a protegia foi nocauteado com uma pancada na cabeça.
O combate durou alguns minutos. A mulher e a criança fugiam do local mais intenso e buscavam abrigo perto de Rector. Enquanto isso, os outros conseguiam, aos poucos, dominar os inimigos. Olgaria e Darion tinham mais sucesso em agredir os inimigos, talvez pela letargia que o frio aplicava aos sekbetes.
Quando um dos Lazúlis caiu sob o lago congelado e outros dois foram mortos pelos aventureiros, o último sobrevivente tentou fugir. Ele correu o mais rápido que pôde, mas uma flechada certeira de Darion o atingiu pelas costas. O risco de deixar alguém escapar era muito alto.
A Tribo Vermelha
Os aventureiros perceberam que o rúbeo nocauteado estava vivo. Ele havia sofrido uma pancada forte, mas não corria risco de vida. Os objetos encontrados com os inimigos sugeriam que eles eram canibais. Uma mão humana dissecada foi encontrada como uma espécie de troféu com um deles. Assim, Garuk retirou o lazúli que caiu no gelo para ser interrogado. O grupo obteve a informação de que a tribo Azul estava a um dia à oeste, em uma direção diferente daquela que eles estavam viajando. Não tendo mais utilidade para o inimigo, o grupo o matou.
A mulher resgatada se apresentou como Mágmar. A criança tinha uma aparência bem diferente dela e do homem grande, e ela a chamava Ingá. O menino não disse uma palavra na presença dos aventureiros, mas Mágmar falava bastante. Ela disse que o homem ferido era Nial e que eles estavam em busca de uma caverna melhor para sua tribo. No retorno para avisá-los que a haviam encontrado, foram atacados pelos Azuis.
Os aventureiros foram convidados a irem até sua tribo em retribuição por tê-los salvado. A mulher fez questão de que eles a acompanhassem. A jornada até a nova caverna, depois de terem avisado o restante dos peregrinos vermelhos, foi de algumas poucas horas. Todos estavam abrigados antes do anoitecer.
Quando tiveram uma oportunidade de conversar com mais calma, os aventureiros ficaram intrigados com a presença daquela criança com Mágmar e seu companheiro. Ela era diferente tanto dos dois quanto do restante da tribo: era loira, um pouco menor e com feições que mais lembravam os zumis. Olgaria também ficou intrigada com a criança, mas não lembrava de nenhuma criança desaparecida há cerca de um ano, quando Mágmar revelou que a havia salvado de um grupo de Lazúlis.
Antes que a conversa prosseguisse por mais tempo, já com a noite plena, os aventureiros sentiram outro tremor, desta vez mais forte. O Guia apressou-se para identificar possíveis pontos de desmoronamento na caverna em que estavam, mas o local era seguro. Assim que o susto passou, eles ouviram dos Vermelhos que “O Mal-Sob-O-Gelo está mais forte do que nunca”.
Acampamento Rúbeo, Geleiras, dia 16 do mês da Paixão do ano de 1502, data dos reinos.
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