A jornada até Odrenvil
Preparativos e Descobertas
Após escutarem a mensagem que Hêrda havia enviado através de Olgaria, o grupo discutiu como levariam a jovem e sua pequena irmã até Odrenvil. A moça havia desistido de levar a mensagem até Batel'Mór, em razão da descoberta do prisma misterioso, e o grupo a escoltaria de volta para casa. No entanto, por causa do horário, resolveram dar o dia por encerrado para descanso e continuar na manhã seguinte.
Garuk e Rector tinham seus próprios afazeres, como juntar suprimentos para a viagem, mas o Guia ainda estava curioso pelo tesouro que Dagomir estava disposto a arriscar a própria vida para resgatar na tempestade do dia anterior. Assim, ele foi até a casa rural do ancião.
O Guia foi recebido na casa de Dagomir pela filha dele. Reunido com o homem que fora resgatado por ele quase sem vida no dia anterior, os dois se dirigiram para o local do encontro: o armazém aos fundos da casa principal. Chegando lá, o Guia pediu que Dagomir revelasse qual era o tesouro de tanto valor que o homem arriscou a própria vida para proteger. Um pouco desconcertado, o ancião lhe agradeceu pelo que fez e disse para ele pegar uma caixa oculta sobre o teto.
O sekbete pegou a caixa e percebeu que a chave que ele carregava era capaz de abri-la. O próprio Guia abriu a fechadura e, dentro da caixa, viu um amuleto pouco menor do que a palma de uma mão, que ostentava em seu núcleo uma pequena pedra muito semelhante ao prisma encontrado. O cristal brilhava da mesma forma que o objeto misterioso que Olgaria desejava mostrar para sua anciã.
Muito interessado, o Guia perguntou para Dagomir onde ele havia encontrado aquele objeto. O ancião disse que a havia encontrado no alto de uma montanha, na divisa com as Geleiras, há quase 40 anos. Ele disse que guardou o objeto por achá-lo especial, mas agora o presenteava para o Guia. Os acontecimentos do dia anterior o fizeram perceber que aquilo era apenas uma pedra, e que ele possuía outras coisas de valor.
O Guia ficou com o objeto e o levou de volta para Rector. Os dois perceberam que o medalhão parecia reagir à presença do prisma. Ele vibrava e ficava mais quente, além de emitir um brilho mais intenso. No entanto, o prisma não parecia esboçar qualquer reação. Intrigados por terem encontrado dois objetos tão raros, mas do mesmo material em tão pouco tempo, os dois resolveram guardá-los para si. O Guia protegeu o medalhão em sua armadura, e Rector protegeria o prisma.
Durante a noite, no plano particular de Rector, ele teve tempo para analisar melhor o prisma. Ele notou que o tênue brilho que emitia parecia mais frágil dentro daquele plano. A aura que emanava também parecia mais branda. A sensação retornaria quando o prisma deixasse a casa dos sonhos do napol.
Já no dia seguinte, antes de partirem, o grupo resolveu pedir o apoio do elfo Amstel, um comerciante de lâminas que viajava pelas Terras Selvagens e que acabara preso na nevasca como os outros. Ele tinha chegado na mesma caravana que Garuk viera protegendo, e ambos já se conheciam razoavelmente. Amstel possuía uma carroça, o que, segundo o Guia, seria mais adequado para transportar as "humanas magrelas". O elfo aceitou ser pago na chegada em Odrenvil e seguiu viagem com o grupo.
A Jornada e o Perigo Lupino
O grupo deixou Nesfes com clima ameno, ao menos comparado com o rigor dos dias anteriores. O gelo ainda era predominante, mas o vento não cortava como nos dias anteriores. O terreno, no entanto, ficava cada vez mais difícil.
A jornada até Odrenvil tinha previsão de 7 dias. No entanto, no terceiro, o grupo foi abordado por uma alcateia de lobos famintos. Os animais haviam sido percebidos pelo Guia com alguma antecedência, mas não havia como convencê-los a desistirem da caça. Pelo menos não por meios normais. Um confronto foi inevitável.
Os lobos começaram atacando um dos bois da carroça. O animal se assustou e contra-atacou. O movimento brusco fez a carroça se inclinar com violência, e Amstel, o condutor, e Iuna acabaram sendo arremessados para longe. Olgaria agarrou-se firme e se manteve sobre o veículo. A jovem saltou para a posição de condução assim que se reequilibrou para tentar reassumir o controle dos animais.
Enquanto isso, Amstel fora atacado por um lobo. O animal o abocanhou no braço, ferindo seu membro. Iuna também fora atacada, mas a pequena conseguiu escapar para baixo da carroça com agilidade.
Garuk partiu em defesa do elfo, e Sombra, a loba companheira de Rector, em defesa do boi atacado. O napol voou alto para identificar o alfa e preparou um feitiço para manipular o líder da alcateia. Garuk se aproximava tentando invocar os poderes naturais para ajudá-lo.
Amstel estava em apuros, mas contra-atacava com feitiços tentando se salvar. Sombra conseguia lidar com os dois lobos com os quais havia se engajado. Mas foi o feitiço de Rector que mudou o rumo do combate. O elo animal temporário criado pelo napol lhe permitiu convencer o lobo a procurar comida para o leste, onde o grupo havia eliminado os goblins. Apesar da distância, a força do feitiço fez o lobo recuar, levando consigo toda a alcateia.
Depois da batalha, Rector usou um feitiço sobre Amstel para auxiliar na recuperação de seu braço. Para amenizar sua dor, o mago abusou do vinho que carregava com tanto zelo na carroça.
Desafios do Desfiladeiro Glacial
A jornada para Odrenvil ainda estava longe do fim. Um dia depois do confronto contra os lobos, o grupo entrou em um estreito e perigoso desfiladeiro. Eles se encontravam na área mais baixa e ventosa, mas com um clima menos hostil.
Rector, como fazia todas as noites, abriu sua casa dos sonhos para todos os companheiros pernoitarem. O Guia, como também fazia todas as noites, recusou o convite do feitiço estranho. No entanto, naquela noite em particular e naquele desfiladeiro, a negativa do Guia salvou o grupo de um destino terrível.
O sekbete criou seu próprio abrigo nas proximidades da entrada para a casa dos sonhos. Mas, ao fim da noite, percebeu um tremor de terra. Preocupado com as consequências que o evento natural pudesse ter, ele alertou todos os seus companheiros, dizendo que um deslizamento era iminente. O grupo inteiro deixou a casa dos sonhos e foi para um ponto mais alto. O deslizamento ocorreu e, não fosse a antecipação do Guia, todos poderiam ter sido soterrados pela neve.
O deslizamento trouxe outras consequências para o grupo. A trilha principal, que não passava de um caminho tortuoso no meio das montanhas, encontrava-se obstruída logo à frente. O Guia pegou o mapa de Olgaria e notou uma rota alternativa. A zumi a reconhecia e disse que sua anciã a chamava de "Desfiladeiro do Sussurro Glacial", pois era uma região perigosa, uma rota há muito tempo abandonada. No entanto, era também a única alternativa à trilha principal. Seguiram por ela.
A rota alternativa subia uma das montanhas e percorria um desfiladeiro muito íngreme, apesar de largo o suficiente para a passagem da carroça e dos bois. No entanto, uma área com o solo totalmente congelado mostrou-se um grande desafio. O solo escorregadio fez um dos bois deslizar e entrar em pânico. O Guia não foi capaz de conduzi-lo em segurança, e o animal escorregou para uma queda mortal no fundo do penhasco. Amstel não demonstrou qualquer sentimento por seu animal morto, apesar da longa jornada que dividiu com ele.
Os aventureiros seguiram com a carroça e um dos bois, chegando até o Túnel dos Sussurros, uma curta passagem formada por gelo e pedras no meio das montanhas. Formado sobre um rio de superfície congelada, o túnel era permanentemente afetado por um vento sussurrante, causador de um desgaste físico e mental incomum.
A travessia do trecho de rio congelado exigia cuidado. Garuk foi o primeiro a realizar a travessia. O sekbete pesava facilmente 160 quilos, o que foi o suficiente para quebrar o gelo sob seus pés. Mas isso não o parou. O meio-crocodilo usou sua cauda para se agarrar em uma formação de pedra ao seu lado e se puxou para uma das paredes. Cravando nela suas garras, ele percorreu o restante do túnel pela lateral.
Os outros aventureiros precisariam percorrer o túnel congelado com a fenda no piso provocada por Garuk. A maioria não teve grandes dificuldades para passar, mas Amstel precisou da ajuda de Garuk, sendo puxado por uma corda para não escorregar para dentro do rio congelante.
O grupo viu a luz do sol no fim do túnel assim que terminaram de cruzar o rio congelado. Ao saírem da caverna, vislumbraram a paisagem do grande vale verde onde, em meio a ele, situava-se Odrenvil.
Terras Selvagens, fronteira com as Geleiras, dia 9 do mês da Paixão do ano de 1502.
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