A busca por Sornan
O elfo dourado com o brasão sombrio
Rector foi ao mercado para adquirir algumas ervas para suas poções. Depois, perguntou se haveria um matadouro em que ele pudesse encontrar carne para reabastecer. No entanto, já era tarde, e ele não encontraria o local funcionando, apesar da vivacidade que Valengard demonstrava. Com isso, retornou para a taverna e se juntou a Guia.

O sekbete vermelho encarava o elfo dourado em busca de alguma pista sobre o símbolo de Aymon Ghevra que ele via na haste enrolada atrás dele, mas não tinha sucesso em chamar a atenção. O elfo até o encarava de volta, mas não se mostrou disposto a conversar. Os olhares ríspidos de um para o outro contrastavam com o clima animado da Taverna da Vanguarda àquela altura da noite.
Passado algum tempo, Rector chegou e sentou-se à mesa com o sekbete, facilitando sua missão de diplomacia. O elfo acabou aceitando o convite do napol para se sentar com eles, e uma conversa amigável, embora dura, teve início.

A dupla descobriu que a haste que o elfo carregava era uma lança que pertencia a um sekbete amigo, a quem ele chamava de Sornan. Guia farejou alguns traços de Aymon Ghevra na lança, mas também do sekbete que a possuíra por último. O odor trouxe de volta algumas memórias que o nome sozinho não havia trazido: Sornan era um gladiador escravizado por Aymon Ghevra para lutar em seu nome. Sua habilidade o fez se tornar um favorito, e ele atuou como guarda-costas pessoal do elfo sombrio por muito tempo. Todavia, quando Guia deixou Caridrândia, Sornan ainda estava lá.
O elfo dourado não sabia nada sobre Caridrândia ou por que Sornan havia deixado seu antigo lar, nem mesmo qual era sua função lá. Mas ele parecia preocupado com o companheiro da Vanguarda. Segundo ele, Sornan havia sido derrubado no rio por um troll depois de um confronto particularmente tenso.
Rector e Guia, instigados pela curiosidade sobre Sornan, propuseram ajudar na busca pelo sekbete. Eles disseram que poderiam auxiliar o elfo dourado porque queriam saber mais sobre Sornan e sua origem. O elfo aceitou o auxílio e combinou de se encontrar na taverna pela manhã.
Mesmo assim, o Guia permaneceu intrigado com o elfo dourado. Ele o seguiu secretamente até sua casa à noite e tentou observá-lo. Embora o Guia não tenha sido descoberto, percebeu que o elfo de alguma forma notava sua presença. Não encontrando nada de interessante durante sua vigília, ele retornou à taverna e encerrou a noite.
Os Estrígios de Aymon
Rector teve um sonho estranho naquela noite. Ele estava consciente de que estava sonhando, mas deixou os acontecimentos o levarem. O napol carregava o cristal esférico em sua mão. Ele brilhava mais do que antes, e o guiava em meio a um pântano até uma silhueta sombria, com uma luz pálida emanando de seu meio.
O feiticeiro sonhador se aproximou devagar, e a silhueta começou a falar de uma forma misteriosa. Ela perguntou se Rector poderia ajudar em seu despertar; disse que os fragmentos de cristal guardavam memórias, mas que nem todos poderiam renascer; e que desapareceu no passado porque foi impedida e contida. O napol acordou repentinamente pela manhã, com as lembranças do sonho intrigando-o.
Quando o grupo se reuniu na porta da taverna, o feiticeiro começou a contar o sonho para os outros. Olgaria parecia absorvida na história. Antes que ele concluísse, o elfo dourado chegou e disse que estava pronto para partir. Ele não carregava mais a lança que chamara a atenção de Guia, mas apenas sua espada embainhada. Garuk, porém, tinha alguns afazeres: precisava obter tintas para seus ritos.
O elfo levou o grupo até Bran, o tintureiro. Ele tinha uma banca com tintas feitas de muitas matérias-primas, e Garuk passou algum tempo a escolhê-las. Enquanto aguardavam, os aventureiros foram surpreendidos por uma pessoa muito inesperada, um elfo sombrio que reconheceu Guia de seu passado.
Margoth, como logo descobriram ser o nome do elfo sombrio, veio provocar o elfo dourado, a quem chamou de Thalanir. O sombrio estava atrás de Sornan e viera sondar o patrulheiro para saber se ele já o havia encontrado.

Durante a conversa tensa, Margoth reconheceu Guia como uma ex-propriedade do mestre a quem ele também servia, Aymon Ghevra. O clima rapidamente escalou para uma tensão visível, chocando o tintureiro, que nada sabia sobre o que estava acontecendo.
Thalanir tentou apaziguar o calor quase visível que emanava daquela conversa entre o sekbete vermelho e o elfo sombrio caçador de fugitivos. Mas Margoth era ousado. Ele disse que não estava interessado em caçar Goragar, como ele chamou Guia, pois Ghazat já tinha essa atribuição. Ele partiu da banca do tintureiro deixando a clara impressão de que ainda seria visto outra vez.
Thalanir ficou surpreso com o tumulto. Ele não esperava que Margoth encontrasse outros conhecidos em Valengard. A cena o fez dizer que contaria mais sobre os acontecimentos recentes com Sornan depois que deixassem a cidade.
Revelações durante a viagem
O grupo deixou Valengard e partiu em uma jornada que consumiria muitas horas do dia. Durante a viagem, Guia revelou que possuía uma marca deixada nele por Aymon Ghevra. Ele a mostrou ao grupo, baixando o capuz, e todos viram que era parecida com a que estava na lança de Sornan.
Guia contou que não era um escravo de verdade, pois sempre foi livre para deixar Caridrândia. No entanto, naquelas terras, todos que não são elfos sombrios são tratados como se não possuíssem o direito de serem livres.
Thalanir explicou aos aventureiros que ele é o líder da Vanguarda de Valengard, uma organização fundada há quase 200 anos e dedicada a proteger a floresta e a comunidade que se estabeleceu ali. Ele contou que Sornan se uniu a ela havia mais ou menos um ano e trouxe consigo a lança que eles viram. Sornan disse que havia sido um gladiador em Caridrândia e que servira a um elfo sombrio chamado Ghevra. Mas Thalanir não sabia de mais detalhes.
O elfo dourado também contou em detalhes como Sornan caiu no rio. Ele explicou que, quatro dias atrás, durante uma patrulha noturna, ele e seus patrulheiros, incluindo Sornan, foram abordados por Margoth e seu grupo, os Estrígios de Aymon. O elfo sombrio queria levar Sornan de volta, mas Thalanir não permitiria. Os ânimos estavam cada vez mais tensos quando dois trolls irromperam pela floresta e interromperam a discussão. Os dois grupos foram obrigados a lutar lado a lado pela sobrevivência. Dois elfos sombrios foram mortos, e Sornan foi arremessado penhasco abaixo pelo soco de um dos monstros.
Quando a luta terminou, Margoth levou seus elfos sombrios embora, e Thalanir tentou encontrar Sornan. A penumbra da noite e o terreno difícil dificultaram a busca. O elfo dourado encontrou a lança do sekbete e a escondeu. Porém, ele desconfiava que o elfo sombrio estava tão interessado na lança quanto em seu portador.
A Garganta dos Lamentos

O grupo montou acampamento no local da batalha dos elfos sombrios e da Vanguarda contra o troll. Thalanir explicou novamente como tudo aconteceu, e o grupo decidiu descer o rio para procurar por Sornan. Os sekbetes, com seu talento nato para o mundo aquático, poderiam fazer a busca rio abaixo sem dificuldades, enquanto os napols poderiam acompanhar sobrevoando.
Thalanir disse que não conseguiria acompanhar os aventureiros. Ele pegou os dois cavalos que o grupo trouxe e se responsabilizou por levá-los de volta a Valengard.
Rector criou uma nuvem voadora e, junto com Sombra e Olgaria, subiu nela para acompanhar a busca que os sekbetes fariam. Dariom resolveu voar com suas próprias asas.
Debaixo d’água, Guia procurava por rastros do sekbete desaparecido. Ele encontrou um colar de ossos que lhe pertencia, marcas de sangue em uma pedra e escamas de Sornan esmagadas contra outra pedra. Já Garuk procurava por locais que poderiam servir de abrigo, caso Sornan tivesse escapado do leito do rio. Ele encontrou uma pequena caverna, cujo acesso só era possível por baixo da água, mas não achou nada além de insetos dentro dela.
O grupo aéreo, formado pelos dois napols, Olgaria e Sombra, avistou um troll os perseguindo pelo alto do penhasco. Rector e Olgaria conseguiram conduzir a nuvem voadora para bem perto do paredão, fora do alcance da vista da criatura, mas Dariom foi visto e se tornou alvo de pedras arremessadas. O sacerdote de Pi-Toutucam conseguiu desviar dos projéteis, mas foi obrigado a voar para longe a fim de despistar a criatura.
Depois de uma queda d’água com cerca de quatro metros, os aventureiros viram a paisagem no entorno do rio mudar. Suas margens se tornaram mais planas e o leito mais largo e menos profundo. Logo encontraram uma caverna que mantinha o rastro de odor de Sornan.

Com cautela, Guia entrou na caverna e encontrou Sornan vivo, mas gravemente ferido, com uma costela e um braço quebrados, além de ferimentos na cauda. O sekbete recebeu poções de cura de Rector e se restabeleceu.
Sornan contou detalhes de sua fuga de Caridrândia, há pouco mais de um ano. Ele disse que decidiu abandonar seu mestre quando o presenciou realizando um ritual macabro, em que parecia estar invocando algo de outro mundo. Durante este ritual, Sornan viu uma silhueta humanoide aprisionada em uma forja, enquanto Aymon Ghevra manipulava uma energia estranha com sua lança, Elyndor.
Tomado pelo pânico, Sornan decidiu fugir e, ao fazê-lo, levou consigo a lança de Aymon Ghevra e a armadura de Tal, o antigo colega e amigo de Guia, que também estava no covil do elfo sombrio. O sekbete encontrou a armadura de seu antigo colega em uma sala, o que o fez suspeitar que a fuga de Tal havia sido forjada por Aymon Ghevra.
Sornan também revelou que, durante sua própria fuga, foi roubado em Telas, perdendo a maioria dos seus pertences, mas conseguiu manter sua armadura e a lança de Aymon Ghevra. O ponto mais importante de sua revelação, no entanto, foi a mensagem secreta que ele mostrou estar na armadura de Tal, que hoje estava em posse de Guia: “Há segredos abaixo da Torre Branca do Sul”.
Dariom notou a presença de inimigos se aproximando enquanto os sekbetes conversavam. Era Margoth e seus comparsas. Ao avisar os companheiros na caverna, Guia se certificou de que Sornan estava pronto para lutar novamente e lhe entregou a marreta que obtivera do ogro na Torre de Gelo Quebrada.
Valengard, Terras Selvagens, dia 24 do mês da Paixão do ano de 1502.
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