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domingo, 23 de novembro de 2025

(LA) Sessão 19

O Dradenar

O Arsenal

O alçapão revelava um compartimento amplo, quase do tamanho do refeitório acima. Lá embaixo, o Guia encontrou fileiras de armas, armaduras e ferramentas de combate. Um arsenal esquecido.

Réctor examinava as paredes, enquanto o rastreador buscava sinais no chão. Haftor permanecia de guarda na entrada.

O ambiente parecia intocado havia décadas, talvez desde a morte dos antigos habitantes. Foi Réctor quem notou uma fissura na parede — o traço de uma passagem oculta.

— “Talvez você encontre outra armadura mágica atrás dessa passagem!”, provocou o feiticeiro.

Garuk não hesitou: forçou a junta de pedra e revelou uma porta secreta. Assim que a atravessou, um líquido ácido despencou do teto, queimando parte de seu ombro. O cheiro era do mesmo fluido corrosivo do Dradenar.

O túnel adiante terminava sob o calabouço, onde o ácido se acumulava num ralo que o drenava por uma fenda estreita demais para seguir.

O Guia sentiu ali o cheiro familiar de Thal — o mesmo vestígio percebido nos andares superiores —, mas ele logo se dissipou.

A Capela e o Véu

Haftor improvisou uma ponte sobre o antigo poço, usando móveis do refeitório. Em seguida, guiou o grupo até a capela de Palier.

O templo estava profanado: altares quebrados, ícones religiosos mutilados, inscrições raspadas. Parecia uma revolta contra a fé.

Enquanto refletia sobre a heresia, o anão encontrou uma chave dourada caída entre os escombros. Ela abria uma porta ao norte.

Enquanto isso, o Guia, Garuk e Olgaria exploravam o sul. Numa câmara retangular sustentada por colunas, o rastreador encontrou uma caixa negra de corvear. O fecho, embora antigo, estava destrancado.

Dentro, repousava um pingente oval de cristal da Aurora — um artefato que drenava toda energia mágica ao redor. Sob ele, havia um bilhete escrito por Thal:

“A sombra precisa do fio. A sombra me seguirá.”

O encaixe do relicário, porém, revelava que ali também estivera outro objeto retangular, agora ausente.

O Guia deduziu que Thal o levara consigo, deixando o pingente para trás.

— “O que poderia ser tão importante que o fez deixar isso aqui?”, murmurou o sekbete.

O Laboratório Alquímico

Demétrius abriu a porta ao norte com a chave encontrada por Haftor. O corredor estreito terminava em uma porta ornamentada. Um tremor fez o pó cair do teto, mas seguiram adiante.

O laboratório era vasto e intacto. Frascos, instrumentos e vasos alquímicos enchiam o espaço com um odor doce e enjoativo.

— “Achei que nunca encontraria algo assim nestas terras selvagens…”, disse Dorian, impressionado.

Réctor encontrou um diário apressado, escrito em élfico. O aprendiz o traduziu:

“Irina, o dragão levou a fonte da fúria. Meu trabalho deve continuar.
O verdadeiro poder reside na ordem imposta sobre a fúria.
Devo ir a Autriz. O Véu da Alvorada permanece selado,
longe dos olhos do monstro, mas protegendo vocês dele, conforme o Testamento da Ordem.”

Logo depois, Dorian achou outro manuscrito — queimado, mas legível em partes:

“A Lágrima deverá ser posta na ordem, pois a Fúria só responde ao Corvear purificado…”
“O Compasso da Fúria só pode ser lido na presença da maior ordem…”
“Cópias deste testamento deverão ser arquivadas unicamente em Telas e Blur.”

O grupo não compreendia o sentido completo, mas as palavras “Sombra”, “Fio” e “Véu” pareciam se repetir em todos os contextos.

Sem respostas, Dorian decidiu levar o manuscrito a Telas, enquanto Réctor lhe oferecia poções de cura.

— “São apenas para você”, avisou o feiticeiro.

O Perigo Corrosivo

Pressentindo novo perigo, o Guia subiu sozinho para verificar o andar superior.

A escadaria estava manchada de ácido fresco. Ele projetou sua sombra até a superfície — e o horror se revelou.

Um dos guardas de Frida jazia a poucos passos da saída, o dorso corroído até os ossos.

Os magos haviam fugido. A carroça estava revirada, os cavalos mortos ou feridos. Pela neve, rastros largos serpenteavam em direção à floresta.

Seguindo-os, o Guia encontrou outro guarda agonizando contra uma árvore. O braço dele se dissolvia lentamente sob o ácido.

A sombra percorreu quase um quilômetro até ver o causador da destruição: o Dradenar. O dragão esmeralda rasgava a neve e a terra, caçando os magos em fuga.

O rastreador interrompeu a magia e correu para alertar o grupo.

O Confronto

A distância era grande — e o tempo, curto.

Réctor ativou o anel de portal que pertencera a Demétrius e abriu um arco mágico direto para o campo de batalha.

O plano era simples: resgatar, não lutar. O grupo atravessou o portal — Réctor, Garuk, Haftor, Olgaria e o Guia. Haldur ficou para trás, ainda ferido.

Do outro lado, o caos. Silvan gritava ordens, os aprendizes disparavam feitiços contra o monstro, e Frida tentava resistir. O Dradenar rugiu, cuspindo ácido que derreteu o escudo de Haftor e os restos da armadura da capitã.

O paladino contra-atacou. Sua marreta divina colidiu com o olho do dragão, cegando-o. O rugido da criatura fez a neve tremer.

— “Corram para o portal!” — gritou Réctor.

Garuk arrastou Silvan e Tessa para a passagem, enquanto Lila atravessava sozinha. Frida ainda resistia, mas ao ver o portal vacilar, correu e saltou para dentro.

Haftor foi o último a cruzar, com o rugido do dragão ecoando atrás de si.

O portal se fechou. O grupo estava salvo, por ora. Três guardas haviam morrido, e o Dradenar agora sabia que eles existiam.

Precisavam de um novo plano. E sabiam que, se saíssem da torre sem cautela, o dragão os encontraria de novo.

Torre Branca do Sul, Terras Selvagens — Dia 13 do mês do Sangue, ano de 1502.

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