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domingo, 9 de novembro de 2025

(LA) Sessão 17

As Ruínas do Covil

O rastro de Thal

O Guia desceu o alçapão, guiado pelo odor familiar de Thal, seu antigo mentor sekbete. Encontrou uma sala vazia, impregnada por uma sensação mágica que se dissipava lentamente. Após verificar que o ambiente era seguro, fez um sinal para que os companheiros o seguissem.

Os aventureiros exploraram cada canto do piso ladrilhado. Quatro colunas de rocha, cobertas por inscrições élficas danificadas, chamavam atenção.

— “Parece um ritual ou algo do tipo, que foi apagado.” — observou Haftor. Réctor confirmou: os sulcos raspados haviam desfazido um encantamento.

À direita da entrada, Haftor avistou uma capela dedicada a Palier, profanada e repleta de destroços. Antes que pudesse se aproximar, o Guia o chamou. O rastro de Thal seguia por uma passagem estreita, e ele atravessou-a com seu passo umbral.

O corredor levava a uma cela escura. No interior, restos mortais de criaturas humanoides — mas nenhum sekbete.

— “Os ossos foram corroídos, não roídos.” — notou o rastreador, ao ver as paredes recobertas por um líquido verde e ácido. O cheiro de Thal ainda estava presente, mas o rastro se extinguia ali.

Réctor examinou o local e descobriu um ralo largo no centro da cela. Mergulhado em um ácido viscoso, puxou uma corrente presa a um porta-retrato. Dentro, a imagem de uma anã ruiva e guerreira.

O desafio sufocante

Enquanto isso, o restante do grupo explorava outro cômodo, dominado por um grande caldeirão de líquido fervente. Haldur seguia por último, mantendo Demétrius sob vigilância.

Réctor tentou recolher uma amostra do fluido, mas o ácido espirrou e queimou suas mãos. Uma poção de cura reduziu a dor, embora a cicatriz persistisse.

Quando o Guia retornou da investigação, ajudou Garuk a abrir caixas de pedra próximas. Dentro, encontraram ossos e ferramentas antigas — objetos aparentemente descartados.

Uma porta maciça separava o ambiente de outro setor. Coagido por Réctor, Demétrius conseguiu destravá-la. O Guia, ao aproximar-se, sentiu o cheiro úmido de água parada.

Do outro lado havia uma enorme piscina quadrada, de água límpida e profundidade imensa. Para sondar o fundo, o rastreador mergulhou, deixando Olgaria e Réctor à espera.

Logo após o mergulho, a porta se fechou sozinha e dutos começaram a encher o cômodo de água.

— “Não se preocupe.” — disse Réctor, sereno. — “Se a água subir, farei você respirar nela.”

No fundo, o Guia encontrou uma chave e tentou investigar algo escondido sob um ladrilho — apenas um prego enferrujado. Ao perceber o perigo, nadou rapidamente e usou a chave na fechadura. A água cessou e começou a escoar.

O rastreador manteve os companheiros firmes na parede até que a piscina se esvaziasse por completo.

A mensagem final

O fosso seco revelou um corredor que levava a um refeitório em ruínas. O ar cheirava a comida podre; potes e panelas continham restos de gordura e carne em decomposição. Enquanto o Guia examinava uma trilha de sangue, Réctor vasculhava os recipientes e encontrou um pergaminho conservado dentro de um pote. Ao abri-lo, leu em voz alta o relato de um sobrevivente — o escriba Tirum.

A carta do escriba
O chão... o chão não parava. Mas não era como os tremores que o Mestre causava nas abóbadas de cristal. Estes vieram de baixo, um ruído rouco de esmagamento, a própria rocha gritando. Um som antigo, que o Mestre sempre disse que era apenas a floresta se acomodando. Engano. Era a besta, reivindicando seu lar.

O Mestre Veridium já havia partido. Uma semana. Ele nos deixou com Irina e a instrução: 'Se a calamidade vier, protejam a si mesmos e o que não pode ser tocado'. Calamidade veio.

Quando a coluna central do Pátio Principal cedeu, aquela escama verde e úmida irrompeu. Não queria comida. Queria o Recipiente — o objeto que o Mestre usava para nos proteger. Lutamos, nós, os servos, com varas e feitiços fracos. Nossos ossos eram de palha contra sua Fúria.

Irina, minha mestra em táticas, percebeu o erro. O Dradenar só iria parar quando encontrasse o que procurava. Ela me deu tempo. Usando o caldeirão de proteção do Mestre, ela desceu. Lembro-me apenas do brilho, do cheiro de carne queimada e do berro de dor da fera. Ela feriu o bicho, deuses a abençoem.

Eu a encontrei depois. Deitada onde deveria estar, na honra. Fiz o que pude, o que me era permitido. Não consigo subir mais, a entrada superior desabou. Estou aqui, agora, com este relato. O som de passos me alcança. O Mestre falhou: não foi sua magia que causou nossa ruína, mas sua ousadia em construir o nosso refúgio sobre o ninho de outro.

Que este pergaminho chegue a alguém. Que a memória de Irina Vingadora seja lembrada por quem se atreva a olhar para a escuridão. Eles estão vindo. Preciso trancar a porta.

— Tirum, o Escriba. Que o esquecimento me encontre em paz.

O Guia abriu a porta adiante e encontrou o corpo mumificado de um homem. Vestia túnicas verdes e azuis, adornadas com prata, e trazia uma varinha presa ao cinto — um focus mágico, segundo Réctor. Um punhal enferrujado jazia ao seu lado.

A sala seguinte era uma biblioteca de rochas e runas. Haftor tomou um livro de geologia, enquanto Réctor examinava a estante e descobriu um volume fixo — uma alavanca.

O mausoléu de Irina

O Guia, Garuk e Olgaria exploraram a passagem lateral que conduzia a um mausoléu esculpido em mármore branco, adornado com colunas e estátuas. Um tampo ornamentado se destacava no centro, coberto por runas em anão antigo.

Garuk, curioso, olhou para o Guia e disse: — “Na última tumba eu achei um machado. Vamos ver o que tem aqui dentro.”

Os dois sekbetes removeram o tampo com cuidado, revelando os restos mortais de uma anã ruiva, vestindo uma armadura feita de ossos robustos. Um machado enferrujado repousava sobre o peito dela.

Na parte inferior do tampo, um epitáfio em anão profundo dizia:

Irina Vingadora, a guardiã:
sua lealdade foi a única muralha que a fera silvestre não pôde derrubar.
Ela se deitou aqui para que o segredo não tocasse o sol.
Que sua honra seja o castigo de todos os que constroem sobre o ninho de outro.

O Guia identificou a marca no pescoço da anã — o mesmo sinal que Réctor havia visto no retrato retirado do ácido. A conexão estava confirmada: aquela era Irina, a guerreira do relato de Tirum.

O estudo secreto

A alavanca na biblioteca revelou outro caminho, conduzindo a um laboratório secreto. No centro, uma plataforma hexagonal sustentava um pedestal vazio; três torres de energia zumbiam ao redor.

Demétrius foi atingido por um raio ao se aproximar, mas sobreviveu. Réctor enviou Sombra para investigar, e a criatura confirmou tratar-se de um feitiço elétrico. O feiticeiro enfrentou a dor dos choques e dissipou a magia com um contra-feitiço.

Haftor avançou pela passagem lateral para um laboratório ainda maior e encontrou uma esfera de metal negro — quebrada, oca, como se algo tivesse sido arrancado de dentro.

Nas anotações de Veridion Scriptôr, Réctor leu sobre o Corvear, um metal capaz de conter energia titânica, usado na criação de um artefato chamado Recipiente.

No pedestal ao lado, Haftor girou duas esferas douradas e ativou uma projeção na parede: um mapa indicando a Cidadela de Autriz, nas Geleiras.

— “É o mesmo nome que vi na abóbada da torre.” — comentou o Guia.

O rastreador seguiu um novo rastro — uma gosma verde e viscosa espalhada ao redor de uma máquina arcana. Dentro dela repousava uma espada dourada e restos de carne queimada. Ao se aproximar, a substância se agitou e ganhou forma.

O combate era inevitável.

Torre Branca do Sul, Terras Selvagens — Dia 13 do mês do Sangue, ano de 1502.

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