O solariano solitário
As proteções da base de Gre-ôn
No asteroide controlado por Gre-ôn, o grupo se deparou com a primeira linha de defesa: uma frente de drones armados, postados diante da base.
Rykk avançou à frente, mas sua pressa revelou-se arriscada, expondo-o ao fogo inimigo. Hothspoth o acompanhou logo depois, atraindo parte da atenção dos autômatos. Enquanto isso, Edric manteve a posição de retaguarda, disparando contra os robôs e conseguindo abater vários, embora não impedisse que eles avançassem e revidassem.
Apesar da surpresa inicial de encontrarem resistência automatizada, o confronto não se prolongou. O grupo conseguiu destruir todos os drones e seguir em direção à entrada da base.
Uma ponte estreita conduzia até a estrutura principal, suspensa sobre um desnível profundo. Atravessaram com cautela, mas não encontraram novos inimigos. Ao final, surgiu diante deles a fachada metálica da base, erguida a cerca de quatro metros do chão. Duas câmeras fixas iluminavam o caminho, acompanhando seus movimentos.
As câmeras focaram em Rykk quando ele tentou chamar por Gre-ôn. Logo em seguida, ambas dispararam raios laser em sua direção. Hothspoth reagiu rapidamente, erguendo o escudo de gráviton para protegê-lo, enquanto Edric, à distância, conseguiu destruir os dispositivos com disparos certeiros.
O draconiano avançou até a porta principal, onde havia um terminal de acesso. Mas, ao se aproximar, acionou inadvertidamente uma armadilha no piso. Um lançador oculto disparou dardos que o atingiram em cheio, deixando-o gravemente ferido. Edric então assumiu a tarefa de examinar cuidadosamente o terreno, garantindo que o grupo não caísse em novas armadilhas à medida que prosseguiam.

O covil do solariano
Ao se aproximar do terminal ao lado da porta, o operativo conseguiu acesso ao sistema e desativou as travas de segurança. A entrada se abriu, revelando o interior da base: uma central de transmissões, repleta de equipamentos especializados. Já haviam notado uma antena instalada do lado de fora, mas ali dentro havia muito mais — terminais de comunicação, cabos, instrumentos de reparo e diversos aparatos eletrônicos dispostos em bancadas e prateleiras.
Enquanto Edric e Hothspoth exploravam o ambiente, Rykk acionou outra armadilha. O mecanismo era quase imperceptível no chão, mas, ao ser disparado, liberou dardos magnéticos do teto que o atingiram em cheio. O impacto o derrubou gravemente ferido. Flynn correu imediatamente em seu auxílio, aplicando cuidados de emergência que o mantiveram vivo.
Edric conseguiu acessar um dos terminais de controle. Embora não tivesse permissão para comandar os dispositivos, burlou parte do sistema e obteve informações valiosas: o mapa do andar e a confirmação de que não restavam armadilhas eletrônicas espalhadas pelo local. Mesmo assim, o grupo manteve a cautela.
Seguindo pela base, Hothspoth entrou em uma porta aberta à direita da entrada. Ela conduzia a uma sala de conferências, onde foram encontrados alguns comunicadores pessoais, que o solariano guardou consigo. Flynn chamou a atenção para o fato de que estavam ali em busca de Gre-ôn, e não para saquear, mas a exploração prosseguiu. Pouco depois, Edric localizou uma ampola de cura, utilizada por Flynn para estabilizar Rykk e trazê-lo de volta à consciência.
Mais adiante, outra porta revelou-se armadilhada. O mecanismo liberou veneno quando Hothspoth tentou abri-la, mas o solariano resistiu à exposição e conseguiu destrancá-la, revelando um quarto.

O cômodo era amplo, com cama, uma poltrona em frente a um compartimento esférico de comunicação e uma estante contendo objetos pessoais de Gre-ôn. Entre eles havia uma esfera peculiar, construída em metal semitransparente, que chamou a atenção de Rykk. Dentro dela, duas esferas menores permaneciam suspensas. O draconiano observou que, quando seus companheiros deixavam o quarto, as esferas caíam, mas voltavam à posição flutuante quando todos estavam reunidos no cômodo. Intrigado, guardou o objeto consigo.
Embora o quarto possuísse uma porta hermética que levava aos níveis inferiores, o grupo decidiu retornar e explorar o restante da base superior antes de descer. Quando Rykk terminou de examinar a esfera, Hothspoth já destrancava a última porta, desta vez evitando a armadilha semelhante à do quarto.
O último ambiente revelado era uma oficina. Ali encontraram tambores com inscrições em vários idiomas. Rykk identificou o Pathra entre eles, mas a legenda estava codificada e não oferecia informações úteis. Além disso, havia kits de engenharia, um conjunto médico, tanques com gases, um controle de drones por radiofrequência — que Rykk recolheu — e uma central de controle de temperatura.
O recluso e Berenice

Depois de vasculhar a oficina, prosseguiram para o bunker. A porta estava aberta, e uma escada de mão conduzia a um piso frio e metálico. O eco de cada passo espalhava-se por um ambiente muito mais amplo do que a visão alcançava. Atrás do semicírculo formado pelo piso, a escuridão sugeria um armazém — talvez um hangar.
No centro desse espaço aguardava Gre-ôn, o solariano em posse da nave Berenice. Ele estava em meditação quando o grupo chegou. Em seguida, ergueu-se. Em uma das mãos superiores, materializou uma lâmina de pura luz; na outra, ergueu uma barreira gravitônica contra a aproximação de Hothspoth.
Enquanto Rykk tomava a dianteira para estabelecer contato, Flynn e Hothspoth foram afetados por sensações distintas — o primeiro pela vibração intensa de energia no ambiente; o segundo por ecos de visões anteriores. Gre-ôn percebeu a correlação.
A troca revelou que Gre-ôn sofria da Síndrome da Marcha Definhante. Hothspoth retirou o capacete para encarar o solariano diretamente. Ficou estabelecido que Berenice fora construída para se comunicar com um universo paralelo e que Hothspoth carregava memórias de outra vida — uma conexão reconhecida por Gre-ôn.
Com espaço para negociação, Rykk insistiu no diálogo. Gre-ôn relatou ter sido chamado de Paciente Zero pela Dra. Reed, que estudara a SMD em seu corpo durante anos, até ser forçada a fugir da Lança de Hierofante. A nave guardava as coordenadas para encontrá-la, mas deixar o asteroide exporia sua posição aos perseguidores.
O grupo propôs assumir a nave em busca de uma cura, porém o alerta de ataque interrompeu a conversa: a Lança havia localizado o refúgio, como Garig previra.
Gre-ôn permaneceu imóvel por alguns instantes, em aparente transe. Ao recobrar o foco, ordenou que o grupo embarcasse em Berenice. As luzes do hangar se acenderam, revelando a nave envelhecida, desligada, repousando sobre uma via estreita que levava ao espaço.

Sem ceder a novas propostas, Gre-ôn informou que detonaria o asteroide quando a frota inimiga se aproximasse e exigiu a retirada imediata. Os aventureiros obedeceram. Edric recebeu um disco para descriptografar os comandos e o grupo embarcou.
Um míssil atingiu o hangar e quase danificou Berenice. Ainda assim, Edric conseguiu decolar. Do lado de fora, os sensores marcaram meia dúzia de naves inimigas, incluindo uma nave-capital.
Então, uma concentração de energia percorreu os veios prateados do asteroide: primeiro, a contração do espaço como um buraco negro incipiente; em seguida, a expansão em uma pequena estrela massiva que engoliu e destruiu a frota. Berenice já estava com os motores de deriva acionados e entrou no plano de viagem antes que os destroços a alcançassem.
Akiton, quarta-feira, 7 de Desnus, 325 DL.
Nenhum comentário:
Postar um comentário