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sexta-feira, 29 de agosto de 2025

(VS) Sessão 4

Berenice

Quem disse, Berenice?

O grupo partiu do espaço normal rumo à deriva no instante em que o asteroide de Gre-ôn se despedaçava atrás deles. A energia da nave ainda estava sendo restaurada, e com ela o funcionamento normal da maioria dos sensores. Enquanto isso, todos permaneciam na ponte.

Assim que o computador central reiniciou, a inteligência artificial da nave falou em uma voz masculina:

— Olá, viajantes. Saímos ilesos. Manobras de evasão bem-sucedidas. Todos os sistemas... todos os sistemas... o que é isso?

Após a hesitação, a voz se distorceu e deu lugar a uma estática perturbadora. Poucos segundos depois, uma voz feminina assumiu:

— Sistemas principais restaurados. Propulsão da Deriva ativa. Todos os protocolos de segurança em... ordem. Olá. Sou... Berenice... Eu... eu creio que sim. Onde... onde estamos?

Os aventureiros estranharam a súbita mudança na personalidade da nave, mas a IA explicou que houve uma falha nos sistemas e seria preciso recalibrá-los. O processo levaria algumas horas, até que tudo voltasse ao normal.

Mais tranquilos, os aventureiros passaram a investigar os recursos da nave. Flynn percebeu que o manifesto de carga não indicava nada, mas pelas câmeras era possível ver caixas cobertas no compartimento. Hothspoth inspecionou o arsenal. Rykk estava prestes a deixar a ponte quando Berenice chamou sua atenção:

— Há mensagens gravadas por Gre-ôn para vocês. Vou reproduzi-las.

“Se por algum milagre estas palavras chegarem até vocês, saibam que foram gravadas em um tempo em que o perigo se aproximava, mas a esperança ainda ardia firme. Esta mensagem traz a chave para entender a rota que vocês devem seguir, um segredo escondido nas frequências do Eco Sepulcral, uma verdade que transcende o espaço e o tempo.”

— Há mais mensagens gravadas, mas estão inacessíveis. Talvez vocês consigam desbloqueá-las — disse Berenice através dos alto-falantes.

Ed acessou os terminais de comando e conseguiu desbloquear informações trancadas em uma caixa-preta. Logo, as linhas de dados do terminal holográfico da ponte deram lugar à imagem de Gre-ôn narrando uma história, um alerta para aqueles que assumissem sua nave:

“77.17.7: é uma frequência de ressonância. Setenta e sete é a frequência que eu sinto em meus ossos. Ponto dezessete ponto sete é o que a Berenice pode sintonizar, a ressonância do portal. É um número que só os solarianos podem entender... ou aqueles que foram tocados pela doença. Se a nave não puder sintonizar essa frequência... a porta não se abrirá."

“0.1: E zero ponto um é o único ponto no tempo em que a porta pode ser aberta. Um lampejo, um instante... o momento exato em que o Eco primordial pulsa. É a sua única chance de encontrar a verdade. Vocês têm a chave. Encontrem a fechadura.”

Os aventureiros se entreolharam, confusos. Berenice explicou que ainda havia mais mensagens, mas presas em seus dados fragmentados. Algumas poderiam ser desbloqueadas fisicamente na sala de conferências, onde ficavam os servidores.

Inventário esquecido

Em vez de seguir direto para a sala de conferências, o grupo se dividiu. Hothspoth foi ao arsenal, enquanto Kassius e Rykk permaneceram na ponte.

No arsenal, Hothspoth encontrou uma grande coleção de armas e armaduras, mas manteve a desconfiança em relação à IA. Flynn e Ed, na sala de conferências, nada acharam além de alguns comunicadores. Berenice então admitiu o engano: os servidores ficavam na sala de energia.

Antes de partir para lá, Flynn decidiu investigar o armazém, intrigado com as caixas não declaradas. O compartimento estava às escuras. Sob panos removidos, surgiram recipientes tecnológicos. O maior não pôde ser aberto, mas os dois menores revelaram livros físicos. Um deles, porém, era falso: trazia em seu interior uma cápsula de dados.

Para abrir as caixas trancadas, Hothspoth foi até a oficina tecnológica fabricar gazuas. Flynn seguiu para a central de energia. Rykk, que deixara a ponte, uniu-se a Ed para investigar os aposentos de hóspedes.

Flynn encontrou um disco preso aos servidores. Cauteloso, chamou os outros, mas Hothspoth não hesitou: removeu o dispositivo após ouvir de Berenice que isso resolveria o problema. Imediatamente, a nave começou a acessar o restante da mensagem de Gre-ôn:

“A Berenice não é apenas uma nave. Ela é a chave. A Dra. Reed me deu essa nave e a chave para a porta que ela encontrou... uma porta para a verdade."

"É esta a rota que a nave Berenice contém; este é o caminho para a verdade que devemos proteger. Que suas jornadas sejam firmes e que a luz do Eco os guie.”

O silêncio se seguiu. Os aventureiros não compreendiam totalmente o significado, mas Berenice informou que poderia extrair mais dados das coordenadas. O processo, porém, levaria horas.

Enquanto aguardavam, o grupo explorou outros setores. Nos aposentos de passageiros, descobriram rastros estranhos: um pequeno sapato abandonado, uma passagem estreita debaixo de terminais desconectados. Apesar de antigos, os sinais sugeriam que alguém menor que Gre-ôn havia estado ali.

Caixa abandonada no armazém

Quando Hothspoth finalmente abriu a caixa com suas gazuas, encontrou alguns objetos peculiares:

  • Eco-ressonador: um dispositivo que lembra um cruzamento entre radiotelescópio e astrolábio antigo, feito de uma liga metálica desconhecida. Ao ser ativado, emite um zumbido baixo enquanto um cristal de asteroide em seu centro pulsa suavemente.
  • Compêndio de Frequências: um datapad robusto, de tela trincada, mas funcional. Contém um extenso banco de dados de frequências cósmicas, nebulosas, pulsares e, sobretudo, registros de ressonâncias psíquicas.

Ao ser questionada sobre a esfera de Gre-ôn que Rykk encontrara na residência do eremita, Berenice mencionou que se tratava de outro ressonador. No entanto, aquele era capaz de sintonizar com outros solarianos.

Sombras na Deriva

Pouco depois, Berenice emitiu uma mensagem emergencial. Ela parecia ter dificuldades em extrair os dados. A iluminação da nave, quase estabilizada, voltou a oscilar violentamente:

— Dano irreparável sofrido. Mitigando.

A sobrecarga afetou todos os sistemas. Berenice avisou que não conseguiria manter a nave operando por completo, pois precisava redirecionar energia.

— Seremos atacados.

No instante seguinte, Assombrações da Deriva começaram a surgir nos motores. O grupo correu para combatê-las.

O confronto não foi longo, mas os danos causados exigiam reparos imediatos. Diante dos novos alertas, os aventureiros se dividiram: Rykk permaneceu na sala dos motores; Ed correu até a ponte ao saber que Berenice não sustentaria mais o piloto automático; Hothspoth, Kassius e Flynn seguiram para o motor da Deriva. No caminho, Flynn percebeu um rompimento no casco e voltou à oficina tecnológica para improvisar um tampão.

A coordenação deu certo:

  • Ed estabilizou a nave na turbulência da Deriva.
  • Rykk efetuou reparos no motor principal.
  • Hothspoth e Kassius eliminaram facilmente duas assombrações no motor da Deriva.
  • Flynn construiu, com grande êxito, uma peça que se encaixou perfeitamente no rasgo do casco, com Kassius auxiliando na instalação.

O grupo obteve pleno sucesso em suas ações e conseguiu resgatar Berenice.

Com os sistemas retornando, a nave reassumiu o controle. A voz de Berenice, ainda distorcida, soou pelos alto-falantes: avisou que estava restaurada, mas pediu que todos se segurassem. O motor de Deriva foi acionado e, em instantes, a Berenice saltou de volta ao espaço normal — diante de um planeta azul e rochoso, destino até então desconhecido.

Deriva, quarta-feira, 7 e 8 de Desnus, 325 DL.

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domingo, 24 de agosto de 2025

(LA) Sessão 7

A busca por Sornan

O elfo dourado com o brasão sombrio

Rector foi ao mercado para adquirir algumas ervas para suas poções. Depois, perguntou se haveria um matadouro em que ele pudesse encontrar carne para reabastecer. No entanto, já era tarde, e ele não encontraria o local funcionando, apesar da vivacidade que Valengard demonstrava. Com isso, retornou para a taverna e se juntou a Guia.

O sekbete vermelho encarava o elfo dourado em busca de alguma pista sobre o símbolo de Aymon Ghevra que ele via na haste enrolada atrás dele, mas não tinha sucesso em chamar a atenção. O elfo até o encarava de volta, mas não se mostrou disposto a conversar. Os olhares ríspidos de um para o outro contrastavam com o clima animado da Taverna da Vanguarda àquela altura da noite.

Passado algum tempo, Rector chegou e sentou-se à mesa com o sekbete, facilitando sua missão de diplomacia. O elfo acabou aceitando o convite do napol para se sentar com eles, e uma conversa amigável, embora dura, teve início.

A dupla descobriu que a haste que o elfo carregava era uma lança que pertencia a um sekbete amigo, a quem ele chamava de Sornan. Guia farejou alguns traços de Aymon Ghevra na lança, mas também do sekbete que a possuíra por último. O odor trouxe de volta algumas memórias que o nome sozinho não havia trazido: Sornan era um gladiador escravizado por Aymon Ghevra para lutar em seu nome. Sua habilidade o fez se tornar um favorito, e ele atuou como guarda-costas pessoal do elfo sombrio por muito tempo. Todavia, quando Guia deixou Caridrândia, Sornan ainda estava lá.

O elfo dourado não sabia nada sobre Caridrândia ou por que Sornan havia deixado seu antigo lar, nem mesmo qual era sua função lá. Mas ele parecia preocupado com o companheiro da Vanguarda. Segundo ele, Sornan havia sido derrubado no rio por um troll depois de um confronto particularmente tenso.

Rector e Guia, instigados pela curiosidade sobre Sornan, propuseram ajudar na busca pelo sekbete. Eles disseram que poderiam auxiliar o elfo dourado porque queriam saber mais sobre Sornan e sua origem. O elfo aceitou o auxílio e combinou de se encontrar na taverna pela manhã.

Mesmo assim, o Guia permaneceu intrigado com o elfo dourado. Ele o seguiu secretamente até sua casa à noite e tentou observá-lo. Embora o Guia não tenha sido descoberto, percebeu que o elfo de alguma forma notava sua presença. Não encontrando nada de interessante durante sua vigília, ele retornou à taverna e encerrou a noite.

Os Estrígios de Aymon

Rector teve um sonho estranho naquela noite. Ele estava consciente de que estava sonhando, mas deixou os acontecimentos o levarem. O napol carregava o cristal esférico em sua mão. Ele brilhava mais do que antes, e o guiava em meio a um pântano até uma silhueta sombria, com uma luz pálida emanando de seu meio.

O feiticeiro sonhador se aproximou devagar, e a silhueta começou a falar de uma forma misteriosa. Ela perguntou se Rector poderia ajudar em seu despertar; disse que os fragmentos de cristal guardavam memórias, mas que nem todos poderiam renascer; e que desapareceu no passado porque foi impedida e contida. O napol acordou repentinamente pela manhã, com as lembranças do sonho intrigando-o.

Quando o grupo se reuniu na porta da taverna, o feiticeiro começou a contar o sonho para os outros. Olgaria parecia absorvida na história. Antes que ele concluísse, o elfo dourado chegou e disse que estava pronto para partir. Ele não carregava mais a lança que chamara a atenção de Guia, mas apenas sua espada embainhada. Garuk, porém, tinha alguns afazeres: precisava obter tintas para seus ritos.

O elfo levou o grupo até Bran, o tintureiro. Ele tinha uma banca com tintas feitas de muitas matérias-primas, e Garuk passou algum tempo a escolhê-las. Enquanto aguardavam, os aventureiros foram surpreendidos por uma pessoa muito inesperada, um elfo sombrio que reconheceu Guia de seu passado.

Margoth, como logo descobriram ser o nome do elfo sombrio, veio provocar o elfo dourado, a quem chamou de Thalanir. O sombrio estava atrás de Sornan e viera sondar o patrulheiro para saber se ele já o havia encontrado.

Durante a conversa tensa, Margoth reconheceu Guia como uma ex-propriedade do mestre a quem ele também servia, Aymon Ghevra. O clima rapidamente escalou para uma tensão visível, chocando o tintureiro, que nada sabia sobre o que estava acontecendo.

Thalanir tentou apaziguar o calor quase visível que emanava daquela conversa entre o sekbete vermelho e o elfo sombrio caçador de fugitivos. Mas Margoth era ousado. Ele disse que não estava interessado em caçar Goragar, como ele chamou Guia, pois Ghazat já tinha essa atribuição. Ele partiu da banca do tintureiro deixando a clara impressão de que ainda seria visto outra vez.

Thalanir ficou surpreso com o tumulto. Ele não esperava que Margoth encontrasse outros conhecidos em Valengard. A cena o fez dizer que contaria mais sobre os acontecimentos recentes com Sornan depois que deixassem a cidade.

Revelações durante a viagem

O grupo deixou Valengard e partiu em uma jornada que consumiria muitas horas do dia. Durante a viagem, Guia revelou que possuía uma marca deixada nele por Aymon Ghevra. Ele a mostrou ao grupo, baixando o capuz, e todos viram que era parecida com a que estava na lança de Sornan.

Guia contou que não era um escravo de verdade, pois sempre foi livre para deixar Caridrândia. No entanto, naquelas terras, todos que não são elfos sombrios são tratados como se não possuíssem o direito de serem livres.

Thalanir explicou aos aventureiros que ele é o líder da Vanguarda de Valengard, uma organização fundada há quase 200 anos e dedicada a proteger a floresta e a comunidade que se estabeleceu ali. Ele contou que Sornan se uniu a ela havia mais ou menos um ano e trouxe consigo a lança que eles viram. Sornan disse que havia sido um gladiador em Caridrândia e que servira a um elfo sombrio chamado Ghevra. Mas Thalanir não sabia de mais detalhes.

O elfo dourado também contou em detalhes como Sornan caiu no rio. Ele explicou que, quatro dias atrás, durante uma patrulha noturna, ele e seus patrulheiros, incluindo Sornan, foram abordados por Margoth e seu grupo, os Estrígios de Aymon. O elfo sombrio queria levar Sornan de volta, mas Thalanir não permitiria. Os ânimos estavam cada vez mais tensos quando dois trolls irromperam pela floresta e interromperam a discussão. Os dois grupos foram obrigados a lutar lado a lado pela sobrevivência. Dois elfos sombrios foram mortos, e Sornan foi arremessado penhasco abaixo pelo soco de um dos monstros.

Quando a luta terminou, Margoth levou seus elfos sombrios embora, e Thalanir tentou encontrar Sornan. A penumbra da noite e o terreno difícil dificultaram a busca. O elfo dourado encontrou a lança do sekbete e a escondeu. Porém, ele desconfiava que o elfo sombrio estava tão interessado na lança quanto em seu portador.

A Garganta dos Lamentos

O grupo montou acampamento no local da batalha dos elfos sombrios e da Vanguarda contra o troll. Thalanir explicou novamente como tudo aconteceu, e o grupo decidiu descer o rio para procurar por Sornan. Os sekbetes, com seu talento nato para o mundo aquático, poderiam fazer a busca rio abaixo sem dificuldades, enquanto os napols poderiam acompanhar sobrevoando.

Thalanir disse que não conseguiria acompanhar os aventureiros. Ele pegou os dois cavalos que o grupo trouxe e se responsabilizou por levá-los de volta a Valengard.

Rector criou uma nuvem voadora e, junto com Sombra e Olgaria, subiu nela para acompanhar a busca que os sekbetes fariam. Dariom resolveu voar com suas próprias asas.

Debaixo d’água, Guia procurava por rastros do sekbete desaparecido. Ele encontrou um colar de ossos que lhe pertencia, marcas de sangue em uma pedra e escamas de Sornan esmagadas contra outra pedra. Já Garuk procurava por locais que poderiam servir de abrigo, caso Sornan tivesse escapado do leito do rio. Ele encontrou uma pequena caverna, cujo acesso só era possível por baixo da água, mas não achou nada além de insetos dentro dela.

O grupo aéreo, formado pelos dois napols, Olgaria e Sombra, avistou um troll os perseguindo pelo alto do penhasco. Rector e Olgaria conseguiram conduzir a nuvem voadora para bem perto do paredão, fora do alcance da vista da criatura, mas Dariom foi visto e se tornou alvo de pedras arremessadas. O sacerdote de Pi-Toutucam conseguiu desviar dos projéteis, mas foi obrigado a voar para longe a fim de despistar a criatura.

Depois de uma queda d’água com cerca de quatro metros, os aventureiros viram a paisagem no entorno do rio mudar. Suas margens se tornaram mais planas e o leito mais largo e menos profundo. Logo encontraram uma caverna que mantinha o rastro de odor de Sornan.

Com cautela, Guia entrou na caverna e encontrou Sornan vivo, mas gravemente ferido, com uma costela e um braço quebrados, além de ferimentos na cauda. O sekbete recebeu poções de cura de Rector e se restabeleceu.

Sornan contou detalhes de sua fuga de Caridrândia, há pouco mais de um ano. Ele disse que decidiu abandonar seu mestre quando o presenciou realizando um ritual macabro, em que parecia estar invocando algo de outro mundo. Durante este ritual, Sornan viu uma silhueta humanoide aprisionada em uma forja, enquanto Aymon Ghevra manipulava uma energia estranha com sua lança, Elyndor.

Tomado pelo pânico, Sornan decidiu fugir e, ao fazê-lo, levou consigo a lança de Aymon Ghevra e a armadura de Tal, o antigo colega e amigo de Guia, que também estava no covil do elfo sombrio. O sekbete encontrou a armadura de seu antigo colega em uma sala, o que o fez suspeitar que a fuga de Tal havia sido forjada por Aymon Ghevra.

Sornan também revelou que, durante sua própria fuga, foi roubado em Telas, perdendo a maioria dos seus pertences, mas conseguiu manter sua armadura e a lança de Aymon Ghevra. O ponto mais importante de sua revelação, no entanto, foi a mensagem secreta que ele mostrou estar na armadura de Tal, que hoje estava em posse de Guia: “Há segredos abaixo da Torre Branca do Sul”.

Dariom notou a presença de inimigos se aproximando enquanto os sekbetes conversavam. Era Margoth e seus comparsas. Ao avisar os companheiros na caverna, Guia se certificou de que Sornan estava pronto para lutar novamente e lhe entregou a marreta que obtivera do ogro na Torre de Gelo Quebrada.

Valengard, Terras Selvagens, dia 24 do mês da Paixão do ano de 1502.

quinta-feira, 21 de agosto de 2025

(VS) Sessão 3

O solariano solitário

As proteções da base de Gre-ôn

No asteroide controlado por Gre-ôn, o grupo se deparou com a primeira linha de defesa: uma frente de drones armados, postados diante da base.

Rykk avançou à frente, mas sua pressa revelou-se arriscada, expondo-o ao fogo inimigo. Hothspoth o acompanhou logo depois, atraindo parte da atenção dos autômatos. Enquanto isso, Edric manteve a posição de retaguarda, disparando contra os robôs e conseguindo abater vários, embora não impedisse que eles avançassem e revidassem.

Apesar da surpresa inicial de encontrarem resistência automatizada, o confronto não se prolongou. O grupo conseguiu destruir todos os drones e seguir em direção à entrada da base.

Uma ponte estreita conduzia até a estrutura principal, suspensa sobre um desnível profundo. Atravessaram com cautela, mas não encontraram novos inimigos. Ao final, surgiu diante deles a fachada metálica da base, erguida a cerca de quatro metros do chão. Duas câmeras fixas iluminavam o caminho, acompanhando seus movimentos.

As câmeras focaram em Rykk quando ele tentou chamar por Gre-ôn. Logo em seguida, ambas dispararam raios laser em sua direção. Hothspoth reagiu rapidamente, erguendo o escudo de gráviton para protegê-lo, enquanto Edric, à distância, conseguiu destruir os dispositivos com disparos certeiros.

O draconiano avançou até a porta principal, onde havia um terminal de acesso. Mas, ao se aproximar, acionou inadvertidamente uma armadilha no piso. Um lançador oculto disparou dardos que o atingiram em cheio, deixando-o gravemente ferido. Edric então assumiu a tarefa de examinar cuidadosamente o terreno, garantindo que o grupo não caísse em novas armadilhas à medida que prosseguiam.

Covil de Gre-ôn

O covil do solariano

Ao se aproximar do terminal ao lado da porta, o operativo conseguiu acesso ao sistema e desativou as travas de segurança. A entrada se abriu, revelando o interior da base: uma central de transmissões, repleta de equipamentos especializados. Já haviam notado uma antena instalada do lado de fora, mas ali dentro havia muito mais — terminais de comunicação, cabos, instrumentos de reparo e diversos aparatos eletrônicos dispostos em bancadas e prateleiras.

Enquanto Edric e Hothspoth exploravam o ambiente, Rykk acionou outra armadilha. O mecanismo era quase imperceptível no chão, mas, ao ser disparado, liberou dardos magnéticos do teto que o atingiram em cheio. O impacto o derrubou gravemente ferido. Flynn correu imediatamente em seu auxílio, aplicando cuidados de emergência que o mantiveram vivo.

Edric conseguiu acessar um dos terminais de controle. Embora não tivesse permissão para comandar os dispositivos, burlou parte do sistema e obteve informações valiosas: o mapa do andar e a confirmação de que não restavam armadilhas eletrônicas espalhadas pelo local. Mesmo assim, o grupo manteve a cautela.

Seguindo pela base, Hothspoth entrou em uma porta aberta à direita da entrada. Ela conduzia a uma sala de conferências, onde foram encontrados alguns comunicadores pessoais, que o solariano guardou consigo. Flynn chamou a atenção para o fato de que estavam ali em busca de Gre-ôn, e não para saquear, mas a exploração prosseguiu. Pouco depois, Edric localizou uma ampola de cura, utilizada por Flynn para estabilizar Rykk e trazê-lo de volta à consciência.

Mais adiante, outra porta revelou-se armadilhada. O mecanismo liberou veneno quando Hothspoth tentou abri-la, mas o solariano resistiu à exposição e conseguiu destrancá-la, revelando um quarto.

O cômodo era amplo, com cama, uma poltrona em frente a um compartimento esférico de comunicação e uma estante contendo objetos pessoais de Gre-ôn. Entre eles havia uma esfera peculiar, construída em metal semitransparente, que chamou a atenção de Rykk. Dentro dela, duas esferas menores permaneciam suspensas. O draconiano observou que, quando seus companheiros deixavam o quarto, as esferas caíam, mas voltavam à posição flutuante quando todos estavam reunidos no cômodo. Intrigado, guardou o objeto consigo.

Embora o quarto possuísse uma porta hermética que levava aos níveis inferiores, o grupo decidiu retornar e explorar o restante da base superior antes de descer. Quando Rykk terminou de examinar a esfera, Hothspoth já destrancava a última porta, desta vez evitando a armadilha semelhante à do quarto.

O último ambiente revelado era uma oficina. Ali encontraram tambores com inscrições em vários idiomas. Rykk identificou o Pathra entre eles, mas a legenda estava codificada e não oferecia informações úteis. Além disso, havia kits de engenharia, um conjunto médico, tanques com gases, um controle de drones por radiofrequência — que Rykk recolheu — e uma central de controle de temperatura.

O recluso e Berenice

Gre-ôn

Depois de vasculhar a oficina, prosseguiram para o bunker. A porta estava aberta, e uma escada de mão conduzia a um piso frio e metálico. O eco de cada passo espalhava-se por um ambiente muito mais amplo do que a visão alcançava. Atrás do semicírculo formado pelo piso, a escuridão sugeria um armazém — talvez um hangar.

No centro desse espaço aguardava Gre-ôn, o solariano em posse da nave Berenice. Ele estava em meditação quando o grupo chegou. Em seguida, ergueu-se. Em uma das mãos superiores, materializou uma lâmina de pura luz; na outra, ergueu uma barreira gravitônica contra a aproximação de Hothspoth.

Enquanto Rykk tomava a dianteira para estabelecer contato, Flynn e Hothspoth foram afetados por sensações distintas — o primeiro pela vibração intensa de energia no ambiente; o segundo por ecos de visões anteriores. Gre-ôn percebeu a correlação.

A troca revelou que Gre-ôn sofria da Síndrome da Marcha Definhante. Hothspoth retirou o capacete para encarar o solariano diretamente. Ficou estabelecido que Berenice fora construída para se comunicar com um universo paralelo e que Hothspoth carregava memórias de outra vida — uma conexão reconhecida por Gre-ôn.

Com espaço para negociação, Rykk insistiu no diálogo. Gre-ôn relatou ter sido chamado de Paciente Zero pela Dra. Reed, que estudara a SMD em seu corpo durante anos, até ser forçada a fugir da Lança de Hierofante. A nave guardava as coordenadas para encontrá-la, mas deixar o asteroide exporia sua posição aos perseguidores.

O grupo propôs assumir a nave em busca de uma cura, porém o alerta de ataque interrompeu a conversa: a Lança havia localizado o refúgio, como Garig previra.

Gre-ôn permaneceu imóvel por alguns instantes, em aparente transe. Ao recobrar o foco, ordenou que o grupo embarcasse em Berenice. As luzes do hangar se acenderam, revelando a nave envelhecida, desligada, repousando sobre uma via estreita que levava ao espaço.

Sem ceder a novas propostas, Gre-ôn informou que detonaria o asteroide quando a frota inimiga se aproximasse e exigiu a retirada imediata. Os aventureiros obedeceram. Edric recebeu um disco para descriptografar os comandos e o grupo embarcou.

Um míssil atingiu o hangar e quase danificou Berenice. Ainda assim, Edric conseguiu decolar. Do lado de fora, os sensores marcaram meia dúzia de naves inimigas, incluindo uma nave-capital.

Então, uma concentração de energia percorreu os veios prateados do asteroide: primeiro, a contração do espaço como um buraco negro incipiente; em seguida, a expansão em uma pequena estrela massiva que engoliu e destruiu a frota. Berenice já estava com os motores de deriva acionados e entrou no plano de viagem antes que os destroços a alcançassem.

Akiton, quarta-feira, 7 de Desnus, 325 DL.

domingo, 17 de agosto de 2025

(LA) Sessão 6

A luta pelo último cristal

O Guia identificou o monstro como um ogro. Ele golpeava a última pedra, que parecia emanar uma energia mística, mas os aventureiros não pretendiam deixá-lo destruí-la. Assim, posicionaram-se em formação de ataque e avançaram contra o inimigo.

Garuk iniciou o confronto com uma investida furiosa. O sekbete foi surpreendido pela agilidade da criatura, que desviou o golpe usando os próprios braços. O Guia também tentou atacar o ogro, mas foi repelido da mesma forma. O monstro demonstrava não apenas força bruta, mas também velocidade.

Por estar concentrado em destruir a pedra brilhante incrustada na parede, o ogro demorou a reagir com violência. Porém, quando finalmente contra-atacou, quase derrubou Garuk. O sekbete recuou e pediu apoio ao sacerdote e a seus milagres. Nesse momento, Olgaria e Sombra avançaram em conjunto, reforçando a linha de frente.

Apesar do poder destrutivo do ogro, ele não era páreo para a união e as estratégias do grupo. Quando o Guia conseguiu acertá-lo na parte de trás da perna, forçando-o a ajoelhar-se, Sombra aproveitou a brecha e saltou em seu ombro. O ogro, em desvantagem, virou as costas para Rector, que disparou uma flecha certeira de seu arco élfico contra a nuca do inimigo. O ogro tombou morto.

O segredo da catacumba de gelo

O grupo se dividiu: alguns desejavam explorar as rochas e as ruínas da Torre de Gelo Quebrada, enquanto outros preferiram vasculhar o corpo do inimigo caído. Olgaria, por sua vez, sentou-se para descansar junto à parede em ruínas.

Garuk e o Guia examinaram o corpo do ogro. O Guia apanhou o pesado martelo de guerra e o tomou para si, enquanto Garuk não encontrou nada de valor. Rector e Darion, por outro lado, estudavam as pedras que o ogro havia atacado. A rocha incrustada na parede irradiava um brilho pálido semelhante ao do Cristal d’Aurora, mas não idêntico.

O feiticeiro retirou de sua bolsa o Cristal que carregava e o aproximou da rocha. O grupo ouviu uma vibração intensa, acompanhada por um ruído estridente de vidro em choque. Rector pediu que todos recuassem e avançou mais um passo. A rocha estourou e desabou no chão, revelando um objeto hecatoédrico polido, com a mesma chama pálida do Cristal d’Aurora.

Darion o recolheu e percebeu uma ressonância estranha entre os dois cristais. Um lampejo atravessou sua mente: a visão de um guerreiro humano, em armadura azul, golpeando com um machado uma guerreira muito maior do que ele. A cena desapareceu tão rápido quanto surgira, sem lhe dar respostas.

Rector entregou os cristais a Garuk, que os uniu de imediato. Uma explosão de luz os envolveu. Rector foi obrigado a fechar os olhos, e os demais se viraram para ver o que acontecera. Garuk jazia no chão, com os braços queimados pela reação. O Cristal d’Aurora permanecia cravado na parede ao seu lado, enquanto o hecatoedro fora lançado a dezenas de metros, por pouco não atingindo os cavalos presos fora da torre.

Avançando na exploração, Darion encontrou uma passagem bloqueada por uma grade. Garuk a arrombou com seu machado e o Guia acendeu uma tocha para iluminar o caminho. O andar inferior era pequeno, gélido, e suas paredes eram feitas de gelo cristalino.

Logo à frente da escadaria, um altar exibia um machado de batalha forjado em chama pétrea, um raro mineral. Garuk ficou tentado a tomá-lo de imediato, mas o grupo optou por investigar o local primeiro.

Rector identificou a estrutura como feita de gelo perpétuo, certamente obra mágica. Já Darion deduziu, por evidências arqueológicas, que tinha pelo menos dois milênios de idade. Além do altar, havia dois pedestais cobertos por moedas de ouro antiquíssimas, ofertadas em respeito ao morto.

No centro, um túmulo exibia uma inscrição em língua perdida, da qual apenas o nome “Garok’Drakul” pôde ser compreendido. Darion pediu auxílio divino. Pi-Toutucam, deus da diplomacia e do comércio, respondeu à prece: tratava-se do idioma dos povos antigos das geleiras. Com esse conhecimento, o sacerdote invocou um milagre e leu a inscrição:
“Sob a fúria do Rei, não temi. Sob o frio da Rainha, não fraquejei.”

A tampa do túmulo era tão pesada que nem Garuk a movia sozinho. Foi necessária a ajuda do Guia. No esforço, ouviram algo se partir: era a armadura de gelo perpétuo que envolvia os restos mortais, já enfraquecida pela idade.

O cadáver trajava vestes nobres e a armadura quebrada, que Rector reconheceu como a mesma de sua visão. Sob o corpo, revelava-se outra inscrição:
“A honra do meu senhor é meu escudo. O sangue do meu senhor, minha espada. Minha vida, sua glória.”

O Guia examinou exaustivamente a catacumba em busca de armadilhas, mas nada encontrou. Mesmo assim, notou pequenas estalactites se formando no teto e desconfiou de uma ameaça mais elaborada. Seu maior alerta, contudo, veio quando percebeu que o gelo perpétuo estava derretendo. As paredes pingavam, o teto escorria, e o chão já acumulava poças d’água. Ele advertiu o grupo, que bateu em retirada — mas não sem antes Garuk tomar para si o machado de chama pétrea.

Os aventureiros deixaram a torre a tempo de vê-la ruir de baixo para cima, desmoronando até não restar mais que uma pilha de gelo para futuros exploradores.

Jornada pelas terras geladas

O grupo retomou a jornada rumo a Trisque, descendo novamente as montanhas até alcançar a trilha principal em direção ao sul.

No segundo dia de viagem, avistaram um estranho monólito cinzento, a algumas dezenas de metros da estrada. Curiosos, aproximaram-se. Assim como a Torre de Gelo Quebrada, a estrutura parecia milenar, embora seu propósito fosse incerto. Ainda assim, decidiram investigá-la.

Rector a tocou, tentando sentir vibrações ou visões, mas sem sucesso. Garuk, mais prático, farejou algo enterrado e escavou até encontrar uma caixa selada. Dentro dela havia sementes apodrecidas, incapazes de frutificar naquele solo gélido.

Sob um fundo falso, encontraram ferramentas agrícolas, mais sementes — estas ainda em boas condições — e um saco com cinquenta moedas de ouro. O grupo guardou o que lhe interessava e seguiu viagem.

No quarto dia, cruzaram ruínas de uma cidade antiga. Avançaram com cautela, mas logo perceberam que o local era rota habitual de caravanas comerciais.

No quinto dia, enfrentaram o estouro de uma manada de mamutes. O Guia percebeu que, quilômetros acima, um bando de orcos os havia atacado, provocando a debandada. O perigo era real, pois os animais poderiam atravessar a trilha dos aventureiros. Para evitar o desastre, Rector abriu um portal para a Casa dos Sonhos, enquanto Darion sobrevoou a cena para avaliar a situação. O Guia, teimoso, recusou-se a entrar no refúgio mágico e preferiu permanecer sobre a nuvem criada pelo sonhador.

O grupo cogitou perseguir os orcos na montanha, mas logo concluiu que seria perigoso demais e desviaria sua rota.

O refúgio em Valengard

Dois dias depois, atravessaram um bosque denso e encontraram a estátua de um guerreiro, que marcava a entrada de Valengard, a Guarda do Bosque. Aos pés da estátua, lia-se a inscrição:
“Nosso juramento, uma parede contra o gelo. Nossa lâmina, uma aurora no inverno. Onde o passo do mal treme, a sentinela protege. Por esta terra, sempre em guarda.”

O grupo estava, enfim, diante dos primeiros sinais de civilização desde Odrenvil. Na estrada, cruzaram-se com um pelotão de patrulheiros liderados por um elfo. Eles questionaram os viajantes, mas a conversa breve terminou de forma amistosa, especialmente após Darion abençoá-los em nome de Cambu, o nome mais conhecido de sua divindade fora das terras napóis.

A chegada a Valengard foi acolhedora. O vilarejo mantinha-se de portas abertas, protegido por sólidas paliçadas. Placas os conduziram diretamente à Taverna da Vanguarda, ao sul da vila. A noite já caía, e uma cama era mais que bem-vinda.

Darion pagou cinco moedas de ouro ao taverneiro e garantiu quartos para todos, enquanto providenciava abrigo para os cavalos. Rector seguiu para o mercado, Garuk e Olgaria foram descansar. O Guia, por sua vez, buscou um canto reservado na taverna.

Havia apenas um disponível, mas suficiente para observar o salão. Ao se acomodar, notou, próximo dali, um elfo dourado com uma cicatriz no rosto. Encostada na parede atrás dele, havia uma longa haste coberta por tecido. O olhar atento do Guia, no entanto, identificou parte de um símbolo gravado no objeto: o emblema de Aymon Ghevra, antigo proprietário da arma, e seu mestre enquanto escravo.

Valengard, Terras Selvagens, dia 25 do mês da Paixão do ano de 1502

quinta-feira, 14 de agosto de 2025

(VS) Sessão 2

A Lança de Hierofante

Com o retorno de Hothsopoth trazendo o disco de dados procurado, o grupo se reuniu no ponto de encontro e aguardou o transporte enviado pela Aliança Solar. O helicóptero de carga possuía espaço suficiente para todos viajarem juntos, e eles aproveitaram o trajeto para iniciar a análise do conteúdo do disco. 

Rykk conectou o disco ao seu computador pessoal e pesquisou diversos termos relacionados à Síndrome da Marcha Definhante — como Marcha, Definhante, Doença e SMD. No entanto, apenas quando começou a buscar expressões associadas aos sintomas encontrou resultados relevantes. O draconiano localizou um arquivo sobre um paciente que apresentava sintomas semelhantes aos da SMD, embora em estágio mais avançado. O relatório, assinado por uma cientista chamada Evelyn Reed, trazia relatos perturbadores sobre o “Paciente 73”. 

Os acontecimentos descritos datavam de mais de vinte anos atrás, motivo pelo qual o arquivo parecia não estar classificado entre os dados sigilosos obtidos, já que o computador portátil de Rykk não conseguira descriptografar todo o disco.

LOG: Relatório de Caso — Paciente 73

Identificação do Caso: 112-AKIT-73

Assunto: Manifestação Anômala de "Sincronia Interplanar"

Data: 19/07/304 DL

Relatório de Ocorrência: Dr. Evelyn Reed

O Paciente 73, que estava sob monitoramento constante na ala de contenção L-3, manifestou um evento de "sincronia interplanar" de magnitude sem precedentes. Por volta das 02:40, as leituras de atividade cerebral do paciente caíram para um estado de sono profundo, mas o corpo petrificado permaneceu ativo.

Às 02:42, o paciente simplesmente desapareceu do seu leito. Os sensores de movimento, temperatura e biológicos de contenção não detectaram nenhuma anomalia. As câmeras, no entanto, registraram o evento: o paciente piscou e, quando reabriu os olhos, não estava mais lá. Ele reapareceu no laboratório de Astrofísica, a 1.2 km de distância, parado diante de um mapa estelar projetado.

O mais perturbador não foi o teletransporte. As gravações de todas as câmeras da estação capturaram um murmúrio unificado: uma voz de barítono profunda, ecoando como se estivesse no ouvido de cada observador. A voz se manifestava em todos os canais de áudio da base, mas a equipe de segurança e os cientistas em serviço juram que não ouviram nada. É como se a manifestação fosse direcionada e não sonora, vinda de uma boca invisível em todas as câmeras simultaneamente.

Durante este "delírio", o paciente parecia descrever uma jornada:

"A escuridão se dobra, a luz se parte. Os ecos do que foi... Onde está a rota? Não se pode ver a rota, mas a mão sente o caminho...
O coração de Kaleb... o berço, em Vastidão, setenta e sete por cento, dezessete ponto sete, zero ponto um... A cicatriz do mundo, a chama... a porta.
As árvores de ferro no além, vinte e dois por cento, trinta e quatro ponto zero, um ponto um. A dor em mil folhas de metal.
O primeiro toque em Aka, o Desconhecido, o véu se rasga. O braço que caminha na carne. O fim do sofrimento é o começo da rotação."

O evento durou aproximadamente três minutos. Ao seu término, o paciente estava de volta à cela, em seu leito, ainda em sono profundo. Não há explicação para este evento e não temos como decifrar as coordenadas mencionadas. Acredito que a doença não seja uma degradação mental, mas uma janela para outra realidade.

Recomendo a transferência imediata do paciente para uma instalação de segurança máxima e o isolamento total de todos os dados do caso. Este fenômeno excede nossa capacidade de estudo e representa um perigo de origem desconhecida.

A leitura do log terminou quando o helicóptero pousava na instalação de Solaria. Rykk desejava explorar mais arquivos do disco, mas o volume de dados — em petabytes — exigiria pelo menos uma hora para ser indexado. O draconiano fingiu que suas lesões o incomodavam mais do que realmente e seguiu para a enfermaria. Assim, Hothsopoth foi o único a se dirigir diretamente ao encontro de Garig. 

Na sala do androide, Hothsopoth relatou o sucesso da extração e informou que estavam com o disco de dados do laboratório, mas que Rykk ainda fazia uma cópia antes de entregar. Garig não reagiu de imediato, mas ficou preocupado com a possibilidade de o conteúdo ser perigoso.

Enquanto recebia tratamento, Rykk pesquisou sobre Evelyn Reed, descobrindo que ela era formada em Ciências Físicas e possuía um histórico notável de pesquisas sobre fenômenos paranormais. Contudo, sua última aparição pública datava de mais de dez anos. 

Quando a enfermeira Vera, uma verthani, concluiu os cuidados, o computador de Rykk havia terminado de indexar parte dos arquivos. Uma grande quantidade permanecia criptografada, mas entre os dados acessíveis havia novos registros sobre a cientista-chefe. Entre eles, destacou-se um relatório intrigante, assinado também por um analista chamado Dr. Kenji Tanaka. Seu nome aparecia em outros documentos, indicando intensa colaboração com Evelyn.

Relatório: Anomalias de Radiação em Frequência Ressonante — Projeto ERS-AK-2234-A

Título do Relatório: Anomalias de Radiação em Frequência Ressonante

Identificação do Projeto: ERS-AK-2234-A

Equipe de Pesquisa: Dr. Evelyn Reed (Liderança, Física Teórica); Dr. Kenji Tanaka (Análise de Dados, Astrofísica); Equipe de monitoramento (3º turno)

Sumário Executivo: Este relatório documenta a detecção e análise de uma assinatura de energia anômala recorrente, denominada "Eco de Radiação Sepulcral" (ERS). Os picos de energia não se alinham com qualquer fonte astrofísica conhecida (pulsares, quasares, eventos estelares). A pesquisa sugere uma origem interdimensional ou extradinâmica, com manifestações localizadas e imprevisíveis no espaço-tempo de Akiton.

Dados de Análise (Amostras de Registro):

*Evento: ERS-A-01
Data/Hora: 12/03/310 DL (D.L. — Anos Após o Grande Despertar) às 04:21:13
Localização: Coordenadas orbitais: 45°S, 120°E. Sobre a região conhecida como "Cânion da Mão Quebrada".
Leitura do Sensor: Pico de 8.76 THz (terahertz), com uma assinatura quântica de spin negativo. O evento durou 1.2 milissegundos.
Observação: O pico de energia foi precedido por uma leve flutuação gravitacional local, de 0.003 G, 1.5 segundos antes da detecção.

*Evento: ERS-B-07
Data/Hora: 19/07/311 DL às 19:54:55
Localização: Coordenadas terrestres: 23°N, 55°O. Em uma área remota e desabitada do deserto.
Leitura do Sensor: Pico de 8.76 THz, com a mesma assinatura quântica de spin negativo. Duração de 1.1 milissegundos.
Observação: A detecção foi totalmente inesperada, sem flutuação gravitacional prévia. Uma tempestade de areia de proporções anômalas se formou na área 15 minutos após o evento.

*Evento: ERS-C-12
Data/Hora: 05/11/313 DL às 11:30:01
Localização: Coordenadas orbitais: 18°S, 98°O. Em um cinturão de detritos espaciais (referência interna: "Cemitério de Satélites").
Leitura do Sensor: Pico de 8.76 THz, com a mesma assinatura quântica de spin negativo. Duração de 1.3 milissegundos.
Observação: A análise posterior mostrou que um satélite de comunicação desativado (modelo AK-Sat 7) sofreu uma pane completa em seu núcleo de energia no exato momento da detecção do ERS, apesar de estar em estado inerte.

Análise Preliminar e Conclusões: A assinatura de 8.76 THz com spin negativo é a constante em todos os eventos. A equipe de pesquisa teoriza que esta frequência é um "eco" ou "ressonância" de um evento de energia muito maior, ocorrido em outro plano de existência. Não há um padrão previsível de ocorrência. A flutuação gravitacional parece ser um precursor em alguns casos, mas não em todos. A única certeza é que a presença do ERS tem um efeito perturbador e aleatório sobre a matéria e a energia em seu entorno, como visto no caso da tempestade de areia e do satélite de comunicação.

Recomendações: Continuar o monitoramento em busca de novos eventos ERS; expandir a área de busca para outros planetas com topografia similar a Akiton; investigar a correlação entre os eventos ERS e outras anomalias gravitacionais documentadas; solicitar o financiamento para o projeto "Análise Biológica de Ressonância", que visa entender se o ERS pode ter um impacto em sistemas orgânicos.

Ao final, o nome de Kenji tornou-se o próximo alvo de investigação. O grupo descobriu que ele trabalhava discretamente em um ponto do anel de Akiton, embora não conseguissem determinar a localização exata. Enquanto ainda discutiam as implicações, foram convocados para uma reunião urgente com Garig. Ele revelou que a Aliança Solar havia localizado Kenji Tanaka, mas o paradeiro de Evelyn permanecia desconhecido.

O assunto mais grave, porém, era outro: Garig exibiu imagens de um bombardeio orbital em Aelas-V, realizado pela organização paramilitar Lança de Hierofante, há cerca de nove semanas. Segundo ele, essa mesma organização estava por trás da instalação invadida pelo grupo. A ligação havia sido descoberta graças à análise dos dados descriptografados. Garig alertou que a Lança provavelmente perseguiria o grupo, pois suas imagens haviam sido expostas. 

Ele apresentou duas opções: 

• Sumir no universo sob novas identidades, protegidos pela Aliança Solar. 

• Enfrentar o inimigo, usando a antiga nave Berenice, atualmente em posse do solariano kasatha Gre-ôn, um eremita no anel de Akiton. 

O grupo escolheu enfrentar a ameaça e continuar a busca pela cura da SMD. Garig orientou que evitassem contato com entes próximos, para que suas fichas pessoais fossem blindadas.

Pouco depois, embarcaram em uma nave emprestada, que serviria apenas para levá-los até Gre-ôn. Após pouco mais de uma hora de viagem, Edric conduziu a nave entre detritos espaciais, enquanto Flynn usava os sensores para auxiliar Rykk nos escudos e Kassius na destruição de obstáculos. Conseguiram pousar com danos mínimos no asteroide vermelho de veios prateados. Com cautela e iluminação artificial, avançaram pelo caminho sem gravidade em direção à casa metálica de Gre-ôn, mas foram interceptados por drones. O combate era inevitável.

Akiton, quarta, 7 de Desnus, 325 DL.

domingo, 10 de agosto de 2025

(LA) Sessão 5

O Mantra

O medo

O tremor de terra assustou os Rúbios, que mencionaram que "O-Mal-Sob-O-Gelo" estava mais forte. Curiosos, os aventureiros fizeram algumas perguntas sobre a entidade e foram informados de que se trata de uma figura antiga que assola as Geleiras.

O ancião da tribo dos Rúbios estava orientando outros membros quando Rector e Garuk se aproximaram para conversar. Os demais aventureiros já tinham sido bem recebidos e estavam se aquecendo com um caldo de carne de lobo, embora os Napol tenham preferido sua própria ração. Rector e Garuk notaram uma mudança no semblante do ancião ao lhe mostrarem o cristal da Aurora. Assustado, o homem explicou que a presença do objeto era um mau presságio, pois atrairia o Mal-Sob-O-Gelo.

Apesar do temor que o cristal incutia no ancião, ele permitiu que os aventureiros pernoitassem na caverna junto com a tribo, pois a tempestade que se aproximava seria severa demais para ser enfrentada ao relento.

Olgaria, que conhecia as lendas sobre o Mal-Sob-O-Gelo, explicou que a entidade maligna é a suposta rival da Aurora Gelada. As histórias de sua tribo, os Zumi, narram que a Aurora Gelada deverá derrotar o mal quando despertar. Olgaria compreendeu a preocupação do ancião pois, como a Aurora ainda se encontra dormente, a presença do cristal pode atrair o mal e impedir o seu despertar.

Nial e Magmar pediram ao grupo que não levassem a atitude do ancião para o lado pessoal. Os presságios eram referentes ao cristal que carregavam, mas eles seriam sempre bem-vindos no futuro, caso retornassem sem o artefato.

O Guia, por sua vez, aproveitou a conversa para questionar sobre o menino Ingá. O menino parecia incapaz de falar, mas Magmar explicou que o havia resgatado de uma tribo de Lazúlis há um ano, quando ele portava apenas a roupa do corpo e uma pequena faca de pedra, que se partiu logo em seguida.

Uma trilha de sangue

A tempestade, como previsto pelo ancião, se abateu sobre a região naquela noite. Os aventureiros, porém, estavam protegidos na caverna dos Rúbios. Pela manhã, o clima havia mudado completamente, e eles seguiram a jornada para o sul, em direção à longa planície costeira.

Apesar de a paisagem ainda ser branca e nebulosa, o grupo notou a melhora do clima e viu água na forma de chuva pela primeira vez em dias. Eles pegaram a trilha principal que levava às Terras Bárbaras, notando que, diferente dos caminhos nas montanhas, este era largo e firme.

No caminho, os aventureiros encontraram um trenó Lazuli destruído, com um corpo esmagado e lobos mortos nas proximidades. As marcas de faca nos lobos e no corpo do Lazuli indicavam violência. Após investigar o local, descobriram outra trilha em direção ao leste. Rector sentiu uma sensação estranha, pressentindo a presença do cristal da Aurora, e o grupo decidiu seguir a pista encontrada pelo Guia.

Eremitas

A trilha os levou a um chalé decrépito no meio da neve, com fumaça saindo da chaminé. O Guia se aproximou cautelosamente e, em silêncio, sentiu o cheiro de peixe assado e ouviu um mantra sendo recitado por duas pessoas.

O mantra era o seguinte: 

Aura-lim. Friiou-Vêrn.
Sil-a-Vir. Nuirr-Crân, 
Pal-da-Sun. Bliss-e-Garrd. 
Fal-o-Norr

 

Enquanto isso, Olgaria e Darion ficaram para trás com os cavalos. Rector e Garuk, menos furtivos, se aproximaram por trás do Guia, e o mantra foi interrompido. O Napol encontrou o corpo de um Lazuli dentro de uma caixa na carroça em frente à cabana, e o homem lá dentro fechou rapidamente as janelas.

Como sua aproximação não havia sido notada, o Guia contornou a casa e entrou pela janela dos fundos, surpreendendo o casal. O casal, de cabelos loiros e usando roupas de inverno, ficou apavorado, mas não ofereceu resistência. O Guia abriu a porta para que os outros pudessem entrar.

Apesar de a abordagem ter sido pacífica, o comportamento do casal era peculiar. O grupo descobriu que o casal, Kael e Liana, estava usando um pó de cristal semelhante ao cristal da Aurora como condimento.

Durante a conversa, o grupo descobriu que o menino Ingá era, na verdade, o filho perdido do casal, Brandec. Eles o chamavam de Brandec e acreditavam que ele estava morto após um confronto com os Lazúlis.

Em troca de informações detalhadas sobre a localização do filho, os aventureiros questionaram o casal sobre a origem do cristal e sobre um gigante que, segundo as lendas deles, destruía as pedras quentes. O casal revelou que a criatura poderia ser encontrada na Torre de Gelo Quebrada, a oeste.

Os aventureiros pernoitaram na cabana, enquanto Kael e Liana, que permaneceram acordados durante a maior parte da noite, partiram pela manhã para encontrar o filho. O grupo, por sua vez, investigou o chalé e encontrou utensílios de metal com resíduos do pó de cristal que vibravam com a proximidade do cristal da Aurora. Rector obteve uma faca de cristal de Liana, o que o fez se lembrar do menino Ingá, que também havia sido encontrado com uma faca de pedra frágil.

O gigante na torre

Deixando a cabana pela manhã, o grupo seguiu para o oeste em direção às montanhas. Chegaram à Torre de Gelo Quebrada, onde os pesados barulhos de metal e pedra aumentavam à medida que se aproximavam.

O Guia, que nunca havia visto um gigante, percebeu algo inusitado: a criatura dentro da torre não era um gigante, mas um ogro. O monstro não parava de bater com uma marreta em uma pedra cristalina que emitia um brilho pálido e vermelho, semelhante ao cristal da Aurora.

As Geleiras, dia 19 do mês da Paixão do ano de 1502 DC, data dos reinos

quinta-feira, 7 de agosto de 2025

(VS) Sessão 1

Sessão 1 – Extração de Dados

Recebidos em Akiton

    A Aliança Solar é uma organização sediada em Akiton, o planeta vermelho e decadente. Trata-se de um grupo paramilitar com filosofia solariana, comandado por solarianos em diversos níveis hierárquicos. A organização emprega muitas pessoas diretamente, mas também mantém contratos temporários com apoiadores para missões específicas.

    Com esse objetivo, Hothspoth e Flynn foram designados para coordenar uma missão de extração de dados em um laboratório científico em solo akitoniano. Com eles estariam mais dois voluntários: Kassius, um soldado, e Edric, um operativo. A combinação de habilidades do grupo permitiria executar a tarefa solicitada por Garig, o comandante da missão designado pela Aliança.

    Tudo o que os operadores da missão sabiam até então era que a tarefa aumentaria o conhecimento sobre a SMD na busca por uma cura — motivação suficiente para o grupo aderir.

    Rykkgnaw, ou apenas Rykk, um draconiano enviado de Triaxus, chegou ao espaçoporto akitoniano naquela manhã, após os demais já terem se reunido e recebido a designação da missão. Essa designação, no entanto, estava criptografada e só seria revelada ao grupo completo.

    Rykk desembarcou e foi recebido pelos quatro voluntários, todos comprometidos com a busca por uma cura para a SMD. O emissário se mostrou atencioso, deixando claro que sua intenção era colaborar. Assim que todos se apresentaram, a designação da missão foi atualizada com novos dados:

📡 Briefing de Missão — IC-7

Missão: Extrair dados sensíveis do Laboratório IC-7.

Designação: Extração de dados da Instalação Científica de Pesquisa IC-7.

Localização: Deserto de Akiton, quadrante 41-B. A IC-7 é uma instalação subterrânea disfarçada, escondida nas montanhas de um desfiladeiro remoto.

Alvo: Arquivos de pesquisa mais recentes, obtidos a partir do servidor central da estação. A Aliança Solar recebeu a informação de que os cientistas da IC-7 fizeram um avanço significativo no estudo da SMD, mas se recusaram a compartilhar os dados.

Exigências para o grupo: Pelo menos um piloto habilidoso, um especialista em invasão de sistemas, um negociador e um soldado competente para o caso de o plano sair do previsto.

Estrutura da missão

A IC-7 possui defesas físicas e eletromagnéticas. Drones de contenção patrulham a área, e barreiras controladas por satélite mantêm a vigilância constante. Para obter sucesso, o grupo precisará atuar em várias frentes:

Frente 1: Ataque Satelital

Uma aeronave ágil será fornecida ao piloto do grupo, que deverá, pelos meios que julgar necessários, desativar a rede de satélites de baixa órbita que mantém a IC-7 operacional. Essa rede possui cinco satélites, sendo um deles uma estação espacial com cientistas a bordo. A destruição ou desativação cortará a comunicação da base com o exterior.

Os satélites possuem sistemas de defesa leves e patrulham uma área monitorada por frotas comerciais. O ataque deve ser discreto, preferencialmente via invasão de sistemas, evitando chamar atenção das autoridades de Akiton.

Frente 2: Distração Terrestre

Um ou mais designados deverão provocar um ataque coordenado contra a IC-7 ou encontrar outra forma de distrair as defesas terrestres. O objetivo é engajar a força defensiva composta por dez drones autônomos de segurança, equipados com armamento não letal, criando uma janela de oportunidade para a próxima frente.

A ofensiva deve parecer um ataque de bandoleiros locais para não levantar suspeitas excessivas.

Frente 3: Invasão e Extração

Um ou mais designados deverão entrar na IC-7, localizar o servidor central, conectar o disco de dados fornecido pela central da missão e aguardar o carregamento completo. O dispositivo pode burlar qualquer chave de segurança.

Não são esperadas defesas internas, mas o grupo deve estar preparado para imprevistos.

Plano de Fuga

Após a extração, o grupo deverá se reunir no ponto de encontro, em distância segura. Garig providenciará uma rota de saída não convencional.


Partindo para a missão

    O grupo foi conduzido ao hangar de partida na base solariana. Lá estavam a aeronave em que Edric e Flynn embarcariam e o helicóptero que transportaria o restante do grupo.

    O voo até os arredores da base durou apenas alguns minutos. O deslocamento até a órbita de Akiton e a aproximação da área de observação dos satélites não demorou muito mais.

Ataque aos satélites

    Edric iniciou a aproximação e logo percebeu que os sensores tentavam obter mais informações sobre sua nave. Ele ativou uma proteção contra as leituras e, simultaneamente, conseguiu extrair dados valiosos dos computadores, não tão bem protegidos, dos satélites. No entanto, à medida que demorava a responder às mensagens enviadas pela estação, percebia que o momento de uma possível retaliação se aproximava.

    Flynn atendeu a ligação recebida da estação espacial. A anã perguntou o que eles faziam ali, e o solariano conseguiu convencê-la de que o piloto da nave estava com problemas. Preocupada, ela afirmou que enviaria uma equipe de apoio. Antes que isso ocorresse, porém, Edric conseguiu desativar duas das cinco estações de pesquisa. Com a queda parcial de energia, o grupo em solo teria pelo menos duas horas para cumprir sua parte.

Ação no solo

    Rykkgnaw, Hothspoth e Kassius desembarcaram a cerca de dois quilômetros da IC-7, perto de uma rodovia. Caminharam por alguns minutos até alcançarem os limites da vigilância eletromagnética, aguardando a conclusão da missão orbital.

    Assim que receberam o comando de Edric, Rykk avançou contra os drones, atraindo a atenção das máquinas e câmeras. O draconiano foi atingido por descargas de taser, mas conseguiu manter a distração por algum tempo. Kassius também se envolveu no combate, enquanto Hothspoth correu até a entrada do laboratório.

    Rykk não resistiu por muito tempo ao ataque e, para ampliar a distração, disparou contra transformadores de energia próximos. As chamas se espalharam, obrigando a IC-7 a acionar geradores auxiliares. Logo depois, Rykk foi paralisado pelos tasers e precisou ser resgatado por Kassius. Os drones, ocupados em conter o incêndio, não impediram a retirada do draconiano.

A instalação de pesquisa

    Hothspoth invadiu a instalação e encontrou-se em um corredor com portas e um jardim interno. Seguiu abrindo portas e conectando o disco de dados em computadores, mas seus ruídos chamaram a atenção de alguns cientistas. Por sorte, um funcionário desatento não deu importância quando ele afirmou ser um bombeiro carregando um extintor.

    Ao entrar em um laboratório onde um cientista examinava um paciente de SMD, Hothspoth ativou sua armadura solar, intimidou o cientista e inseriu o disco de dados no computador, copiando arquivos secretos sobre o paciente. Antes de partir, resolveu abrir mais uma porta — e encontrou o servidor central que procurava.

    Hothspoth conectou o disco, viu o painel mostrar o código de segurança sendo burlado pelo software, ameaçou os cientistas que presenciaram a invasão e, assim que a cópia foi concluída, pegou o dispositivo e saiu rapidamente.

    O grupo se reuniu novamente do lado de fora da IC-7 e seguiu até o ponto de encontro, pronto para entregar os resultados a Garig.

 

domingo, 3 de agosto de 2025

(LA) Sessão 4

A Jornada que Começa

O Mediador

    Amistel se aproximou dos aventureiros para uma despedida. O elfo disse que não tinha a intenção de seguir uma profecia sem sentido e que partiria com seu novo cavalo. Ele deixaria os dois alforjes que obteve na negociação para o grupo, como retribuição por eles terem o ajudado a chegar até ali. Depois disso, ele seguiu viagem para o norte.

    O Guia, que havia reconhecido o couro mostrado por Thirna como um dos pertences de seu companheiro perdido, Thal, fez mais perguntas à caçadora sobre como aquele objeto foi parar nas mãos dela. A mulher disse que a troca foi feita há um ano e que não havia notado nada de especial no objeto. No entanto, ela falou que o mediador daquela negociação fora um napol que estava de passagem pelo vilarejo de Odrenvil naquele momento. Tratava-se de Darion, e ele poderia ser encontrado na casa grande.

    O Guia e os outros foram juntos em busca do tal napol. Ao chegarem à casa grande, o encontraram bebendo um vinho junto com um dos locais. As interrogações do Guia logo afastaram o aldeão, e o grupo manteve uma conversa particular com o viajante. Ele revelou ser um comerciante dos Mangues que, em algumas ocasiões, fazia serviço de mediação. Sobre a peça de couro, especificamente, soube informar que ela pertencera a um elfo sombrio em Telas chamado Cedricen, mas que a obtivera por meio de um escravo humano com o qual teve contato.

    As informações sobre o elfo despertaram ainda mais o interesse do Guia, mas Darion não tinha muitas dicas para dar naquela posição. Ele revelou, no entanto, que poderia encontrar Cedricen mais uma vez, caso fosse até Telas. Como o grupo se dirigia para lá e ele era um viajante daquela região, resolveram todos partirem juntos para o sul.

    Darion revelou ser um sacerdote de Pi-Toutucam, o deus do comércio e da diplomacia, conhecido em outras partes de Tagmar como Cambu. Ele é um abençoado pela divindade, e seus poderes seriam úteis para o restante do grupo.


As Despedidas

    Olgaria estava decidida a acompanhar os aventureiros rumo à Uno, mesmo com o Guia sugerindo que ela seria um peso. A humana se despediu de sua irmã em um tom de adeus, mas também com esperança. Depois, levou Garuk até Ormar, o ferreiro. O trabalhador rabugento não reclamou tanto quanto da outra vez e pareceu um pouco ressentido pela partida de sua companheira de aldeia. Assim, trouxe para Garuk um machado ornamentado, com um acabamento muito superior àqueles que tradicionalmente foram vistos pelos outros zumis. Tratava-se de um machado de batalha comum, com lâmina de obsidiana muito afiada, mas cujo acabamento o fazia parecer algo superior. O sekbete saiu deslumbrado com a “recompensa” e agradeceu Olgaria pela intermediação.

Com todos os preparativos realizados, e considerando o horário avançado do dia, os aventureiros resolveram seguir até o posto avançado zumi e aguardar a manhã para iniciar a longa jornada até Telas. Assim, partiram com um tempo agradável para as terras geladas em que se encontravam e seguiram por dois dias.


O Resgate

    O terceiro dia de viagem marcou uma virada no clima. A neve começou a cair e os aventureiros presenciaram outro tremor de terra. Não foi tão intenso como aquele que os pegou de surpresa no desfiladeiro, mas ainda assim era o segundo em menos de uma semana. Desta vez, a localização dos viajantes era segura, mas eles puderam ver deslizamentos nas montanhas distantes.

    Sob uma visibilidade ruim, o Guia sentiu o faro de humanos. Ele alertou os aventureiros e seguiu na frente com Darion, já que o sacerdote afirmou que seria capaz de intermediar uma possível conversa.

    O Guia e Darion chegaram a um penhasco. Abaixo, perto de um lago congelado, viram dois humanos ruivos cercados por outros quatro humanos mais baixos, de cabelos pretos. Eram claramente oriundos de tribos diferentes.

    Os humanos sob ameaça eram um homem alto e corpulento e uma mulher também alta, mas que se dedicava a proteger uma criança sob sua capa. Darion resolveu intervir e tentar acalmar os ânimos. O napol voou até o centro do campo de batalha e pediu a palavra, apelando para o bom senso dos agressores.

    Não deu certo. Os guerreiros de cabelos pretos atacaram o napol, que se pôs na defensiva, mas logo também se viu obrigado a contra-atacar com seu arco e flecha. Olgaria chegou em seguida à beirada da ladeira e disse que os guerreiros de cabelos pretos eram Lazúlis, ou Azuis, um grupo quase sempre violento, e os de cabelos vermelhos eram dos Rúbeos, mais amigáveis. A jovem conseguiu descer com cuidado pelo rochedo e atacou um dos Lazúlis.

    O Guia também partiu para o ataque. Ele desceu a ladeira e se misturou na batalha. O mesmo fez Garuk, saltando pelos cinco metros de penhasco direto para cima de um dos inimigos. Rector permaneceu na retaguarda enquanto Sombra avançava para proteger a mulher depois que o homem que a protegia foi nocauteado com uma pancada na cabeça.

    O combate durou alguns minutos. A mulher e a criança fugiam do local mais intenso e buscavam abrigo perto de Rector. Enquanto isso, os outros conseguiam, aos poucos, dominar os inimigos. Olgaria e Darion tinham mais sucesso em agredir os inimigos, talvez pela letargia que o frio aplicava aos sekbetes.

    Quando um dos Lazúlis caiu sob o lago congelado e outros dois foram mortos pelos aventureiros, o último sobrevivente tentou fugir. Ele correu o mais rápido que pôde, mas uma flechada certeira de Darion o atingiu pelas costas. O risco de deixar alguém escapar era muito alto.

 


A Tribo Vermelha

    Os aventureiros perceberam que o rúbeo nocauteado estava vivo. Ele havia sofrido uma pancada forte, mas não corria risco de vida. Os objetos encontrados com os inimigos sugeriam que eles eram canibais. Uma mão humana dissecada foi encontrada como uma espécie de troféu com um deles. Assim, Garuk retirou o lazúli que caiu no gelo para ser interrogado. O grupo obteve a informação de que a tribo Azul estava a um dia à oeste, em uma direção diferente daquela que eles estavam viajando. Não tendo mais utilidade para o inimigo, o grupo o matou.

    A mulher resgatada se apresentou como Mágmar. A criança tinha uma aparência bem diferente dela e do homem grande, e ela a chamava Ingá. O menino não disse uma palavra na presença dos aventureiros, mas Mágmar falava bastante. Ela disse que o homem ferido era Nial e que eles estavam em busca de uma caverna melhor para sua tribo. No retorno para avisá-los que a haviam encontrado, foram atacados pelos Azuis.

    Os aventureiros foram convidados a irem até sua tribo em retribuição por tê-los salvado. A mulher fez questão de que eles a acompanhassem. A jornada até a nova caverna, depois de terem avisado o restante dos peregrinos vermelhos, foi de algumas poucas horas. Todos estavam abrigados antes do anoitecer.

    Quando tiveram uma oportunidade de conversar com mais calma, os aventureiros ficaram intrigados com a presença daquela criança com Mágmar e seu companheiro. Ela era diferente tanto dos dois quanto do restante da tribo: era loira, um pouco menor e com feições que mais lembravam os zumis. Olgaria também ficou intrigada com a criança, mas não lembrava de nenhuma criança desaparecida há cerca de um ano, quando Mágmar revelou que a havia salvado de um grupo de Lazúlis.

    Antes que a conversa prosseguisse por mais tempo, já com a noite plena, os aventureiros sentiram outro tremor, desta vez mais forte. O Guia apressou-se para identificar possíveis pontos de desmoronamento na caverna em que estavam, mas o local era seguro. Assim que o susto passou, eles ouviram dos Vermelhos que “O Mal-Sob-O-Gelo está mais forte do que nunca”.

Acampamento Rúbeo, Geleiras, dia 16 do mês da Paixão do ano de 1502, data dos reinos.