Campanhas

Menu de Campanhas

terça-feira, 29 de julho de 2025

(RR) Sessão 30

Caçada pervertida

A falsa segurança

     Jean, Dannael, Torlam e Urodam estavam em frente ao celeiro que Kazimir havia oferecido para que passassem a noite. O grupo estava bastante desconfiado do celeiro completamente fechado e da tranca externa que a estrutura possuía. No entanto, após analisar cuidadosamente toda a construção, Dannael não viu nada de anormal. O mago percebeu que havia uma área de ventilação no topo lateral e conformou-se com a condição.

     Urodam resolveu ajudar Kazimir a arar a terra antes do pôr do sol. Ele tomou o arado do filho do fazendeiro e realizou as tarefas, enquanto era interrogado sobre suas façanhas do passado. O orc não pareceu muito confortável com as perguntas e logo tratou de desconversar, perguntando sobre o que os aldeões daquele lugar costumavam plantar.

     A esposa de Kazimir trouxe-lhes uma sopa quente assim que o sol se pôs. No entanto, a Pedra da Liderança havia escolhido Klaus como o comandante do grupo naquele momento, e os aventureiros decidiram partir em busca da criatura antes de descansar.

     Os aventureiros foram até o templo de Abadar, onde foram recebidos com desconfiança pela sacerdotisa Amélia. A mulher disse que Klaus estava dormindo após beber algumas taças com ela, e autorizou apenas Jean a entrar. O gnomo se dirigiu ao quarto e confirmou que o campeão dormia profundamente. Sem conseguir despertá-lo, Jean pegou a pedra entre os pertences do campeão e deixou o templo.

     Embora o sono profundo de Klaus tenha deixado o grupo um pouco desconfiado, não seria surpresa que ele tivesse aproveitado o raro encontro com uma sacerdotisa de sua divindade para comemorar. Portanto, os aventureiros retornaram ao celeiro e aproveitaram a sopa fresca que a esposa de Kazimir havia trazido mais uma vez.

     O celeiro era um local relativamente limpo. O cheiro de feno fresco e silagem tomava o ambiente, mas também o mantinha em uma temperatura mais amena em relação ao exterior. O grupo teria um bom local para descanso. Porém, assim que as portas foram fechadas, viram uma barreira mágica ser erguida ao seu redor. Não havia mais como sair.

     Preocupado com o que poderia acontecer, Torlam tentou escalar as treliças do celeiro e buscar uma saída por onde Dannael havia comentado existir ventilação. No entanto, a saída estava bloqueada por grades, além da própria barreira mágica. Mesmo assim, ele pôde ver o movimento de pessoas aumentando no exterior. Os aldeões pareciam preparar uma fogueira dentro de uma plataforma de cerâmica.

     Jean usou a lamparina encantada encontrada nas ruínas do moinho para enxergar do outro lado. Antes que ela pudesse focar completamente, ele ouviu os aldeões falando sobre um sacrifício e sobre a proteção de Abadar.

     Estava claro que Klaus seria sacrificado. Pelas conversas ouvidas em fragmentos, a oferta seria para aplacar a fúria de Abadar.

Um herói do passado

     Klaus foi despertado por Amélia Moons, amarrado a uma cama. Ele estava bem preso e não conseguia se libertar facilmente, por mais que se esforçasse.

     A sacerdotisa começou tentando acalmá-lo. Perguntou se ele havia lutado na guerra contra Brevoy naquela região, e depois se Klaus lembrava-se dela. O campeão hesitou por alguns instantes, pois nada lhe veio à mente.

     Em seguida, a sacerdotisa continuou com palavras sobre o passado. Disse que demorou algum tempo para reconhecê-lo, devido à aparência envelhecida do campeão, mas finalmente o identificou após observá-lo com atenção.

“Eu me lembro do cheiro de fumaça e sangue queimado nas ruínas da minha vila. Meu pai estava caído, e minha mãe me agarrou e tentou correr, mas tropeçamos. Foi naquela hora que vi você: o escudo amassado de tanto aparar golpes e aquela insígnia brilhando no peito. Você não hesitou. Apenas gritou para a gente abaixar quando um soldado de Pitax veio com a lâmina erguida. Você se jogou entre nós e o soldado. No fim, foi você quem me carregou do meio da confusão. Aquilo ficou comigo desde então.”

     Amélia parecia consternada e, ao mesmo tempo, envergonhada. Klaus continuava tentando se libertar, apelando para que a sacerdotisa o soltasse. A mulher pediu que ele se acalmasse e reforçou as cordas antes que ele conseguisse se livrar sozinho.

“Você não será sacrificado, Klaus. Por mais que parte da vila espere por isso… não consigo. Mas preciso que entenda por que essa tradição cruel se manteve. Não foi só superstição ou medo.

Há décadas, a Quimera aterroriza Pedra Rasa. Antigamente, ela vinha a cada cinco anos, como se apenas reafirmasse domínio. Mas agora, Klaus... ela sente fome todo ano. Às vezes, parece que nem isso basta.

Não é um monstro qualquer. Ela é inteligente. Nos observa. Exige que ofereçamos guerreiros de verdade — gente capaz, armada, preparada. Ela quer provar seu poder diante dos melhores que podemos mandar ao fogo.

Não faço isso por devoção, Klaus. Eu vi o que acontece quando tentam enganar a Quimera. Vi famílias inteiras dizimadas. Só mantemos a aldeia de pé porque aceitamos isso.”

     Klaus não parecia comovido com as palavras da sacerdotisa, embora ela estivesse emocionada ao vê-lo novamente. Ela propôs, enfim:

“Klaus… Eu não posso deixar que seja você, não depois do que fez por mim e pela minha família naquela guerra. Mas também não posso simplesmente desafiar décadas de tradição e o medo que mantém esta aldeia viva.

O máximo que posso oferecer é uma escolha difícil — talvez cruel. Em respeito ao passado, à sua coragem e ao que representa para mim, proponho uma alternativa: um de seus companheiros pode tomar seu lugar no ritual. Só um.”

     Ouvindo a proposta, o campeão permaneceu indignado com sua situação. Disse que não entregaria ninguém, e que ele deveria ser, então, o sacrificado. Amélia, ouvindo isso de seu salvador do passado, respondeu:

“Eu deveria saber que você não entregaria um de seus companheiros, e que se sacrificaria por eles.”

     Ela explicou, mais uma vez, que o sacrifício para a Quimera era necessário, imprescindível, pois não havia como aplacar sua fúria. Acreditando em seu herói, Amélia perguntou se, caso libertasse Klaus, ele cumpriria sua parte e permitiria ser sacrificado em nome dos aldeões de Pedra Rasa.

     O campeão de Abadar confirmou. Amélia soltou suas amarras.

O profano que se ergue

     Conforme a lamparina sintonizava o exterior do celeiro, Jean e os outros puderam ter uma visão melhor do que acontecia, até que os aldeões que circulavam o lugar também passaram a vê-lo e ouvi-lo pela janela mágica que o poderoso artefato criou.

     Jean começou a discursar, dizendo que Abadar não aceitava sacrifícios. Enquanto um aldeão dizia para seus companheiros não darem ouvidos aos prisioneiros, pois logo a criatura chegaria, outros mantinham conversas paralelas que acabaram revelando que o sacrifício não era para Abadar, como o grupo supôs inicialmente, mas sim para aplacar a fúria da Quimera.

     Assim que descobriram a verdade, os aventureiros mudaram seu discurso. De tentar convencer os aldeões de que Abadar não aceitava sacrifícios, passaram a tentar convencê-los de que poderiam lidar com o monstro que assolava o vilarejo.

     Foi Jean quem coordenou a negociação. O gnomo não sugeriu em momento algum que os aventureiros estavam atrás da Quimera antes do encontro em Pedra Rasa. Na verdade, ele desconversou o assunto iniciado por Torlam, que revelaria que estavam atrás da criatura por um prêmio. Em vez disso, tentou mostrar que fariam isso apenas pelo bem do povo.

     Os aldeões estavam divididos entre aqueles que não conseguiam se desprender da tradição de tantos anos e aqueles que depositaram esperança nos aventureiros, sobre os quais boatos de grandiosidade se espalharam rapidamente pela pequena e simples vila. Por fim, optaram por consultar a sacerdotisa Amélia, a guia espiritual da aldeia.

     Enquanto muitos aldeões partiram enfileirados para o templo de Abadar, alguns jovens permaneceram ao redor do celeiro, conversando com os aventureiros. Jean conseguiu convencê-los a libertá-los, em troca da promessa de matarem a Quimera.

     O grupo partiu para o templo de Abadar assim que saiu do celeiro. Estavam um pouco atrás da multidão de aldeões indecisos, mas puderam escutar um grito agudo de pavor vindo do templo. Jean reconheceu a voz: era Amélia Moons.

     O templo de Abadar estava cercado por aldeões paralisados. Jean entrou por entre o povo, enquanto os outros abriam caminho pela multidão. Ao alcançar a porta do quarto onde vira Klaus pela última vez, Jean viu o campeão se arrumando e Amélia sentada sobre a cama, ferida e em choque. Os aldeões estavam catatônicos, e a cena do que ocorrera não precisava ser descrita. Klaus havia cometido um crime, e Abadar o abandonara.

     Amélia Moons passou pela multidão dizendo que Klaus seria sacrificado, o que foi confirmado pelo próprio campeão. Jean conversou com a sacerdotisa para certificar-se de que ela tinha certeza do que faria. Ela foi incisiva: a proteção dos aldeões em primeiro lugar.

     Klaus foi sacrificado naquela noite. Amordaçado e amarrado, não teve chance de reação contra a fera que chegou ao vilarejo. Os outros aventureiros, aproveitando-se da distração da criatura, tiveram a oportunidade de desferir o primeiro golpe no combate que se seguiu.

     Este foi o último relato sobre os aventureiros que seguiram o campeão de Abadar.

Reinos Fluviais, vila de Pedra Rasa, dia 25 de Gozran de 1424.

domingo, 27 de julho de 2025

(LA) Sessão 3

O Chamado da Anciã

Descida Difícil

    O grupo deixa o túnel da montanha e se depara com o grande vale verde onde se situa Odrenvil, o vilarejo Zumi para o qual se destinam. No entanto, eles ainda se encontram nas montanhas, em uma estreita beirada que tangencia a montanha e desce lentamente até a trilha abaixo.

    Rector alça voo imediatamente para explorar o ambiente aberto e limpo, como há muitos dias não presenciava. Enquanto isso, algo no chão chama a atenção do Guia. Olgaria comenta com o grupo que há um posto avançado Zumi a pouco mais de uma hora da localização atual deles.

    Enquanto o Guia detecta sinais de que mais de uma dúzia de orcs passaram pela mesma trilha há pouco tempo, Rector depara-se com um grupo grande, de pelo menos 30, mais acima em uma plataforma na montanha. O napol é alvejado por algumas flechas e contra-ataca. No entanto, ele não retorna imediatamente para o grupo, pois tenta distrair a atenção deles e não entregar a posição de seus companheiros. O Guia, enquanto isso, trata de apressar seus companheiros, na esperança de que todos cheguem no posto avançado antes que os orcs os encontrem.

Caçada na Montanha

    Uma fuga tensa tem início na perigosa beirada da montanha. O boi que puxava a carroça esforçava-se para alcançar sua velocidade máxima, mas o terreno acidentado dificultava o trabalho. Enquanto isso, o Guia preparava o terreno para atrasar os perseguidores com seus poderes.

    Rector não foi capaz de ludibriar os inimigos e precisou retornar para a comitiva antes de se ferir. Porém, os orcs levaram quase trinta minutos para avistar o grupo de aventureiros na beirada. Quando isso ocorreu, o batedor tocou uma corneta de ossos que ressoou pelo vale.

    Os orcs atacaram os aventureiros de várias formas. Quando tentaram atirar rochas de um ponto mais alto da montanha, foram alvejados por Rector, que conseguiu distraí-los e conceder tempo para o grupo atravessar o ponto de ataque.

    Quando avistaram o pelotão orc, o Guia resolveu invocar uma habilidade animal para ampliar sua velocidade e ir até o posto avançado para convocar reforços. Ele sabia que a única chance dos aventureiros seria se angariasse apoio dos Zumis.

    O encontro do Guia com o posto avançado Zumi por pouco não acabou em tragédia. Os arqueiros estavam perto de alvejá-lo quando ele gritou os nomes de Iuna e Olgaria, fazendo-os baixar as armas. Thirna e Erman, os dois caçadores que comandavam o pelotão no posto avançado, fizeram seus subordinados se prepararem rapidamente e subiram a ladeira. O Guia, mais rápido, foi na frente e logo conseguiu retornar para seus companheiros.

    Uma parte dos orcs alcançou o grupo antes que o reforço chegasse. O confronto na beirada foi brutal. Garuk tomou a dianteira e conseguiu resistir bravamente até o retorno do Guia. Um dos orcs foi derrubado ladeira abaixo, mas Rector também se feriu durante a batalha.

    Os orcs recuaram assim que viram os guerreiros Zumis subindo a cornija. Olgaria e Iuna correram ao encontro de seus compatriotas dizendo "Tio Erman", revelando que um dos comandantes era seu parente.

    Os guerreiros Zumis receberam bem os aventureiros. Eles foram levados até o posto avançado e convidados a pernoitarem ali para recuperarem-se da longa viagem. No entanto, como se tratavam de mais três horas de caminhada até Odrenvil, o Guia e os outros resolveram seguir viagem e concluir o longo caminho desde Nesfes.


O Sussurro da Aurora

    O grupo entra em Odrenvil e é levado imediatamente para a presença de Herda, a anciã. Ela vê o grupo com expectativa e logo revela uma conexão espiritual que já os anunciara antes de sua chegada. Segurando um amuleto com um pálido brilho vermelho que ela carregava em seu peito, Herda olhou fixamente para cada um dos aventureiros. O objeto que ela carregava era muito semelhante, ou talvez igual, àquele que o Guia havia obtido de Dagomir.

    Garuk revelou o prisma cristalino para a anciã, fazendo-a mencionar uma "Aurora Gelada". Conforme Herda, este é o nome de uma divindade ancestral adormecida que estava prestes a despertar.

    Herda contou ao grupo a lenda da Aurora Gelada. Esta lenda dizia que ela era uma divindade de luz que nasceu do coração das Geleiras e do orvalho das primeiras auroras; que era a mãe que despertava o mundo do inverno; que possuía um coração pulsante, um prisma cristalino que irradiava o calor e as cores do amanhecer. Segundo a lenda, as geleiras tiveram vales verdes, como aqueles em que eles se encontravam, e o despertar dela, que dava sinais de estar próximo, poderia trazer tudo isso de volta.

    Quando a Aurora Gelada deixou o mundo, seis fragmentos de cristal ficaram para trás. Estes fragmentos Herda chamou de Corações d'Aurora. O amuleto dela era um deles, e tudo indica que aquele que o Guia obteve de Dagomir era outro. Conforme a história, cada Coração d'Aurora possuía um poder inerente a ele, como o dela, que lhe permitia ver o futuro.

    Herda sugeriu que os aventureiros, os quatro, eram parte de uma composição maior que ajudaria a trazer a Aurora Gelada de volta para este mundo. No entanto, o Guia estava claramente cético quanto a isso. Garuk e Amstel ficaram indiferentes, enquanto Rector pareceu um pouco surpreso, embora ainda receoso.

    Os aventureiros foram para uma residência preparada por Olgaria e exigiram seus pagamentos. A Zumi lhes deu dois cavalos e disse que pela manhã eles poderiam conversar mais.

    Durante a madrugada, o Guia deixou a casa em que estavam para refletir sozinho sobre o galho de uma árvore. O sekbete pegou o Coração d'Aurora que Dagomir lhe presenteara e tentou extrair dele alguma energia, mas nada aconteceu. Qualquer que fosse o poder que aquele objeto possuísse, se o possuísse, ainda não estava desperto.


Para os Ventos do Sul

    Os aventureiros saíram todos juntos pela manhã, com exceção de Rector, que ficou para trás em sua casa dos sonhos. O napol aproveitou para voar livre pelos campos depois que os outros deixaram a casa. Ele foi até um rio ao oeste da cidade e deslumbrou-se ao ver que o vale era fértil como nenhum outro lugar no entorno daquelas terras geladas.

    Enquanto isso, Amstel conseguiu um acordo melhor com Erman. Ele trocou seu boi e sua carroça por mais um cavalo e três conjuntos de alforjes para os animais que agora possuíam. Isso lhes permitiria carregar quase tanto peso quanto já estavam carregando com a carroça, mas os tornaria mais ágeis.

    Olgaria levou os outros dois para encontrar Ormar, o ferreiro, para que ele pudesse fornecer um punhal para o Guia. Garuk ainda não havia recebido um prêmio individual, e alegava que ainda precisava de uma recompensa.

    Rector retornou de seu passeio direto para encontrar a anciã. Neste encontro, Herda teve uma nova visão. Ela disse que a Aurora Gelada estava despertando e que uma voz antiga dizia que os aventureiros deveriam ir para Uno. Ela mencionou que a cidade era o lugar onde o coração original repousava e onde todos os fragmentos de Corações d'Aurora poderiam ser reunidos, permitindo que o mundo se lembrasse novamente da Aurora Gelada.

    Olgaria, Garuk, Amstel e o Guia foram chamados de volta para se encontrarem com Herda assim que ela teve a nova visão. O grupo se reencontrou na presença da anciã, e ela disse que a missão fora dada a eles, e que não havia o que eles pudessem fazer para escapar dela. No entanto, o Guia permanecia cético. Os outros, no entanto, pareciam estar dispostos a aceitar a jornada.

    Assim que Herda terminou, Olgaria disse que faria a jornada. Herda disse que ela não fazia parte da mensagem que ela recebera, mas a jovem ignorou. "Eu achei o cristal", dizia ela, alegando que também fazia parte do destino grandioso de despertar a Aurora Gelada.

    Os aventureiros estavam deixando a presença de Herda quando ela disse ao Guia: "procure Thirna, ela tem algo que vai despertar seu interesse".

    Thirna estava arrumando toalhas bem tecidas em um varal quando o grupo a encontrou. Olgaria disse que a anciã havia enviado o Guia ali, pois ela deveria ter algo do interesse dele. A caçadora ficou surpresa e disse não saber do que ela estava falando. No entanto, enquanto fazia isso, ela revelou, debaixo de uma das toalhas que arrumava, um tecido em couro que fora parte de uma armadura. Este tecido tinha o símbolo de Aymon Ghevra, o mestre do Guia. O sekbete pediu a peça imediatamente. Ao pegá-la, sentiu o cheiro de seu amigo Thal, por quem procurou por anos.

    A conversa com Thirna prosseguiu por mais alguns instantes. O Guia estava muito interessado em saber onde ela havia encontrado aquele pedaço de armadura, e a caçadora disse que estava com ela desde o inverno passado, quando trocou com alguns mercadores de Telas, ao sul.

    Com a nova descoberta, o Guia decidiu: ele acompanharia o grupo na jornada até Telas, embora tenha tentado desmotivar Olgaria a fazer o mesmo. Não adiantou. O grupo que partiria em uma jornada pelo despertar da Aurora Gelada era Garuk e o Guia, sekbetes, Rector, o napol, Amstel, o elfo, e Olgaria, a humana.

Odrenvil, dia 11 do mês da Paixão de 1502 DC, data dos reinos.

sexta-feira, 25 de julho de 2025

(EE) Sessão 07

Novo Acordo com Arturus

Crise iminente

    O estado de saúde de Van se deteriorava rapidamente, colocando-o em perigo iminente. Contudo, ele não era o único em situação delicada. À medida que o suporte psíquico do qual Star havia se beneficiado se esvaía, sua força vital também diminuía. Logo, TR se viu com dois companheiros em estado de coma.

    Como a situação de Star era menos grave que a de Van — o guerreiro psi encontrava-se no limiar entre o coma e a lucidez — TR resolveu atendê-lo primeiro. Com uma comunicação psíquica e o uso dos equipamentos médicos disponíveis no veículo, Star pôde ser salvo e despertar por alguns instantes. Tempo suficiente para ele canalizar sua energia psíquica, já recuperada, e usá-la para regenerar seu corpo ferido.

    Van não teve a mesma sorte. Seu estado era pior, e o grupo precisaria levá-lo para um especialista. James estava retornando da atmosfera após a tempestade ter diminuído e comunicou ao grupo que havia pousado na entrada da caverna.

    Sem o piloto titular para comandar o veículo, Tiago Robertos assumiu o volante do VTT e o conduziu o mais rapidamente possível para fora da caverna. O caminho era estreito e sem muitas oportunidades de desvio, mas os solavancos contra as paredes e as passagens rápidas sobre superfícies irregulares tornaram a viagem extremamente turbulenta e desconfortável. Van, que já se encontrava ferido, ficou ainda mais perto do fim.

    O grupo embarcou rapidamente na Imperatriz Errante. James acionou os motores e decolou para a órbita. Decisões precisaram ser tomadas rapidamente. Os viajantes discutiram acirradamente sobre como e para onde levar o companheiro ferido, e acabaram concluindo que Arturus seria a melhor chance.

 

domingo, 20 de julho de 2025

(LA) Sessão 2

A jornada até Odrenvil

Preparativos e Descobertas

    Após escutarem a mensagem que Hêrda havia enviado através de Olgaria, o grupo discutiu como levariam a jovem e sua pequena irmã até Odrenvil. A moça havia desistido de levar a mensagem até Batel'Mór, em razão da descoberta do prisma misterioso, e o grupo a escoltaria de volta para casa. No entanto, por causa do horário, resolveram dar o dia por encerrado para descanso e continuar na manhã seguinte.

    Garuk e Rector tinham seus próprios afazeres, como juntar suprimentos para a viagem, mas o Guia ainda estava curioso pelo tesouro que Dagomir estava disposto a arriscar a própria vida para resgatar na tempestade do dia anterior. Assim, ele foi até a casa rural do ancião.

    O Guia foi recebido na casa de Dagomir pela filha dele. Reunido com o homem que fora resgatado por ele quase sem vida no dia anterior, os dois se dirigiram para o local do encontro: o armazém aos fundos da casa principal. Chegando lá, o Guia pediu que Dagomir revelasse qual era o tesouro de tanto valor que o homem arriscou a própria vida para proteger. Um pouco desconcertado, o ancião lhe agradeceu pelo que fez e disse para ele pegar uma caixa oculta sobre o teto.

    O sekbete pegou a caixa e percebeu que a chave que ele carregava era capaz de abri-la. O próprio Guia abriu a fechadura e, dentro da caixa, viu um amuleto pouco menor do que a palma de uma mão, que ostentava em seu núcleo uma pequena pedra muito semelhante ao prisma encontrado. O cristal brilhava da mesma forma que o objeto misterioso que Olgaria desejava mostrar para sua anciã.

    Muito interessado, o Guia perguntou para Dagomir onde ele havia encontrado aquele objeto. O ancião disse que a havia encontrado no alto de uma montanha, na divisa com as Geleiras, há quase 40 anos. Ele disse que guardou o objeto por achá-lo especial, mas agora o presenteava para o Guia. Os acontecimentos do dia anterior o fizeram perceber que aquilo era apenas uma pedra, e que ele possuía outras coisas de valor.

    O Guia ficou com o objeto e o levou de volta para Rector. Os dois perceberam que o medalhão parecia reagir à presença do prisma. Ele vibrava e ficava mais quente, além de emitir um brilho mais intenso. No entanto, o prisma não parecia esboçar qualquer reação. Intrigados por terem encontrado dois objetos tão raros, mas do mesmo material em tão pouco tempo, os dois resolveram guardá-los para si. O Guia protegeu o medalhão em sua armadura, e Rector protegeria o prisma.

    Durante a noite, no plano particular de Rector, ele teve tempo para analisar melhor o prisma. Ele notou que o tênue brilho que emitia parecia mais frágil dentro daquele plano. A aura que emanava também parecia mais branda. A sensação retornaria quando o prisma deixasse a casa dos sonhos do napol.

    Já no dia seguinte, antes de partirem, o grupo resolveu pedir o apoio do elfo Amstel, um comerciante de lâminas que viajava pelas Terras Selvagens e que acabara preso na nevasca como os outros. Ele tinha chegado na mesma caravana que Garuk viera protegendo, e ambos já se conheciam razoavelmente. Amstel possuía uma carroça, o que, segundo o Guia, seria mais adequado para transportar as "humanas magrelas". O elfo aceitou ser pago na chegada em Odrenvil e seguiu viagem com o grupo.


A Jornada e o Perigo Lupino

    O grupo deixou Nesfes com clima ameno, ao menos comparado com o rigor dos dias anteriores. O gelo ainda era predominante, mas o vento não cortava como nos dias anteriores. O terreno, no entanto, ficava cada vez mais difícil.

    A jornada até Odrenvil tinha previsão de 7 dias. No entanto, no terceiro, o grupo foi abordado por uma alcateia de lobos famintos. Os animais haviam sido percebidos pelo Guia com alguma antecedência, mas não havia como convencê-los a desistirem da caça. Pelo menos não por meios normais. Um confronto foi inevitável.

    Os lobos começaram atacando um dos bois da carroça. O animal se assustou e contra-atacou. O movimento brusco fez a carroça se inclinar com violência, e Amstel, o condutor, e Iuna acabaram sendo arremessados para longe. Olgaria agarrou-se firme e se manteve sobre o veículo. A jovem saltou para a posição de condução assim que se reequilibrou para tentar reassumir o controle dos animais.

    Enquanto isso, Amstel fora atacado por um lobo. O animal o abocanhou no braço, ferindo seu membro. Iuna também fora atacada, mas a pequena conseguiu escapar para baixo da carroça com agilidade.

    Garuk partiu em defesa do elfo, e Sombra, a loba companheira de Rector, em defesa do boi atacado. O napol voou alto para identificar o alfa e preparou um feitiço para manipular o líder da alcateia. Garuk se aproximava tentando invocar os poderes naturais para ajudá-lo.

    Amstel estava em apuros, mas contra-atacava com feitiços tentando se salvar. Sombra conseguia lidar com os dois lobos com os quais havia se engajado. Mas foi o feitiço de Rector que mudou o rumo do combate. O elo animal temporário criado pelo napol lhe permitiu convencer o lobo a procurar comida para o leste, onde o grupo havia eliminado os goblins. Apesar da distância, a força do feitiço fez o lobo recuar, levando consigo toda a alcateia.

    Depois da batalha, Rector usou um feitiço sobre Amstel para auxiliar na recuperação de seu braço. Para amenizar sua dor, o mago abusou do vinho que carregava com tanto zelo na carroça.


Desafios do Desfiladeiro Glacial

    A jornada para Odrenvil ainda estava longe do fim. Um dia depois do confronto contra os lobos, o grupo entrou em um estreito e perigoso desfiladeiro. Eles se encontravam na área mais baixa e ventosa, mas com um clima menos hostil.

    Rector, como fazia todas as noites, abriu sua casa dos sonhos para todos os companheiros pernoitarem. O Guia, como também fazia todas as noites, recusou o convite do feitiço estranho. No entanto, naquela noite em particular e naquele desfiladeiro, a negativa do Guia salvou o grupo de um destino terrível.

    O sekbete criou seu próprio abrigo nas proximidades da entrada para a casa dos sonhos. Mas, ao fim da noite, percebeu um tremor de terra. Preocupado com as consequências que o evento natural pudesse ter, ele alertou todos os seus companheiros, dizendo que um deslizamento era iminente. O grupo inteiro deixou a casa dos sonhos e foi para um ponto mais alto. O deslizamento ocorreu e, não fosse a antecipação do Guia, todos poderiam ter sido soterrados pela neve.

    O deslizamento trouxe outras consequências para o grupo. A trilha principal, que não passava de um caminho tortuoso no meio das montanhas, encontrava-se obstruída logo à frente. O Guia pegou o mapa de Olgaria e notou uma rota alternativa. A zumi a reconhecia e disse que sua anciã a chamava de "Desfiladeiro do Sussurro Glacial", pois era uma região perigosa, uma rota há muito tempo abandonada. No entanto, era também a única alternativa à trilha principal. Seguiram por ela.

    A rota alternativa subia uma das montanhas e percorria um desfiladeiro muito íngreme, apesar de largo o suficiente para a passagem da carroça e dos bois. No entanto, uma área com o solo totalmente congelado mostrou-se um grande desafio. O solo escorregadio fez um dos bois deslizar e entrar em pânico. O Guia não foi capaz de conduzi-lo em segurança, e o animal escorregou para uma queda mortal no fundo do penhasco. Amstel não demonstrou qualquer sentimento por seu animal morto, apesar da longa jornada que dividiu com ele.

    Os aventureiros seguiram com a carroça e um dos bois, chegando até o Túnel dos Sussurros, uma curta passagem formada por gelo e pedras no meio das montanhas. Formado sobre um rio de superfície congelada, o túnel era permanentemente afetado por um vento sussurrante, causador de um desgaste físico e mental incomum.

    A travessia do trecho de rio congelado exigia cuidado. Garuk foi o primeiro a realizar a travessia. O sekbete pesava facilmente 160 quilos, o que foi o suficiente para quebrar o gelo sob seus pés. Mas isso não o parou. O meio-crocodilo usou sua cauda para se agarrar em uma formação de pedra ao seu lado e se puxou para uma das paredes. Cravando nela suas garras, ele percorreu o restante do túnel pela lateral.

    Os outros aventureiros precisariam percorrer o túnel congelado com a fenda no piso provocada por Garuk. A maioria não teve grandes dificuldades para passar, mas Amstel precisou da ajuda de Garuk, sendo puxado por uma corda para não escorregar para dentro do rio congelante.

    O grupo viu a luz do sol no fim do túnel assim que terminaram de cruzar o rio congelado. Ao saírem da caverna, vislumbraram a paisagem do grande vale verde onde, em meio a ele, situava-se Odrenvil.

Terras Selvagens, fronteira com as Geleiras, dia 9 do mês da Paixão do ano de 1502.

sexta-feira, 18 de julho de 2025

(EE) Sessão 06

Zona Subterrânea: Ecos de Hades

Triangulação nas Profundezas

    Os viajantes retornaram ao veículo para recuperar as energias, após enfrentarem um dos sentinelas ao lado do estranho terminal. Em conversa com James, decidiram tentar novamente, mas desta vez fariam um esforço para desativar os terminais antes que os inimigos pudessem ser ativados.


     James montou uma triangulação com seus drones, a fim de estabelecer um sinal mais forte e estável nas profundezas do polo. Com isso, o capitão da Imperatriz Errante conseguiria manter o controle de um de seus drones com mais precisão e acompanhar o grupo em tempo real. A preparação levou várias horas. Dois dos drones que haviam explorado as cavernas mais profundas estavam mais lentos do que o habitual e demoraram para assumir suas posições.

    A reaproximação à base inimiga foi cautelosa. Eles notaram que o robô abatido por Star — engolido anteriormente pela energia estranha — estava de volta ao seu terminal. Van seguiu até o terminal do robô que Star havia destruído na incursão passada. O doutor foi ágil e conseguiu desativá-lo. Contudo, hesitou antes de partir para a próxima estação. Somente quando James avançou para um dos terminais é que Van ocupou o quarto. O tempo perdido foi precioso. Os inimigos foram ativados antes que os viajantes completassem o protocolo de desativação, tornando o confronto físico inevitável.

    Assim que o construto próximo a James foi ativado, um sinal estranho foi emitido para seu drone, que chegou até a Imperatriz Errante. Era um vírus, que James conseguiu conter com suas habilidades antes que se espalhasse pelo sistema. Entretanto, ele perdeu o controle do drone momentaneamente.

    Star e TR enfrentaram um tiroteio visceral contra os robôs ativados. Van já havia sido atingido pelas costas e caiu ao chão, embora ainda estivesse vivo. James recuperou o controle do drone e correu até a estranha porta para tentar abri-la.

    Quando a atenção dos drones foi dividida, com o grupo flanqueando-os por ambos os lados, a vitória foi assegurada. Os dois robôs foram abatidos por TR e Star, que, embora tenha sido atingido, foi protegido do pior por seu traje. Como ocorrera anteriormente, as máquinas abatidas desapareceram após serem englobadas por sua própria fonte de energia. James desativou o núcleo que alimentava os quatro terminais, impedindo que os robôs fossem reativados. Depois disso, burlou o sistema de segurança da porta e conseguiu abri-la.

O Eco e o Obstáculo

    Um corredor metálico, estreito e escuro, conduziu os viajantes ainda mais fundo no subterrâneo de Hades. Estavam cada vez mais próximos do ponto de instalação do dispositivo, apesar da estranheza do local. No momento em que a porta foi aberta, TR sentiu novamente um eco psíquico — desta vez, mais forte, que o paralisou por alguns segundos. O guerreiro psi sabia que estavam se aproximando de algo incomum. Star não teve a mesma sensação, pois havia retornado ao VTT para recuperar as energias esgotadas no confronto com os sentinelas.

    Ao se aproximarem do ponto de instalação, os viajantes se decepcionaram. O local exato estava a cerca de 1,5 metro dentro da parede. Procuraram desesperadamente por passagens secretas ou qualquer sinal de uma sala além da parede metálica maciça, mas nada foi encontrado. Indignados com seu empregador, que aparentemente escolheu o ponto sem a devida atenção, decidiram avançar pelo túnel e descobrir o que havia mais à frente.

Laboratório Silente

    Com cautela, exploraram o túnel por mais 50 metros até encontrarem uma porta isolando o corredor. Van foi à frente e, ao se aproximar, ela se abriu automaticamente, revelando um enorme laboratório com 12 tubos de tamanho humano ou maior. Os tubos não eram iguais. Os quatro últimos pareciam destinados às máquinas sentinelas que protegiam o exterior, enquanto os demais pareciam abrigar criaturas orgânicas. Dois deles, inclusive, estavam repletos de um líquido espesso esverdeado que continha — ou parecia conter — alguma criatura, ou seus restos.

    O laboratório possuía um anexo. Ao subir uma escada à direita da entrada, o grupo chegou a outra porta, também fechada. Antes que pudessem entrar, Van foi acometido por uma pontada psíquica. Diferente de TR, versado em telepatia e capaz de barrar o choque mental emitido pelo ambiente, Van foi atingido em cheio. O doutor caiu desacordado e seu estado só piorava.

    Antes que Van — motorista do grupo — morresse naquele fim de mundo, os viajantes decidiram retornar ao veículo, na esperança de ajudá-lo em um local mais seguro. No caminho, instalaram o dispositivo sísmico no ponto mais próximo da coordenada recebida. Para mascarar o erro, fizeram um ajuste na calibragem do aparelho, tornando difícil notar o desvio se um técnico não estivesse procurando por ele.

    Enquanto isso, na superfície, James percebeu a aproximação de uma tempestade radioativa intensa, capaz de atravessar a radiação até o interior da nave. Preocupado com sua segurança e com a da Imperatriz Errante, o piloto reserva decidiu levar a nave de volta à órbita. O grupo aguardaria algumas horas até seu retorno — tempo que poderia ser precioso, pois a condição de Van continuava a se agravar...

Sistema Hades, data imperial 21-1100 

domingo, 13 de julho de 2025

(LA) Sessão 1

O encontro na neve

    O inverno de 1502 era particularmente rigoroso. A aldeia Zumi de Nesfes lutava contra as adversidades, com seus aldeões muitas vezes resgatados de condições de frio quase letais. Era o dia 3 do mês da Paixão quando uma tempestade severa ameaçava assolar a região.

    Nesfes, porém, tornou-se um ponto de encontro para viajantes inusitados. Garuk, um Sekbete com uma criação peculiar por um Napol, residia na aldeia há vários dias, pagando com seus serviços braçais pela estadia após concluir a escolta de um aldeão. Rector, um Napol eremita que viajou para o norte a fim de se abrigar de seus algozes, os elfos sombrios, residia nos arredores do vilarejo, ajudando os aldeões com suas misturas curativas e misteriosas. E O Guia, como ficou conhecido o Sekbete de aparência singular, Goragar, havia chegado escoltando uma caravana de comerciantes e ali se hospedava em uma fazenda, aguardando por um clima mais ameno para prosseguir sua viagem.

    Uma violenta tempestade se aproximava de Nesfes. Os aldeões estavam apreensivos, mas o líder Arvend tinha a solução: ele convocou a todos para a casa grande, a residência central da vila, onde estariam seguros. O local era quente e se provaria resistente à tempestade.

    No entanto, nem todos os aldeões conseguiram chegar antes que a tempestade se intensificasse. Arvend notou a falta de um casal e de um velho fazendeiro. O Guia prontificou-se a buscar o casal primeiro. A mulher, em seus últimos momentos de gravidez, não teria resistido à nevasca repentina, mas sobreviveu graças à intervenção dos três estrangeiros.

    Dagomir, o fazendeiro, foi encontrado tremendo de frio em seu depósito. O homem segurava uma chave, aparentemente tentando salvar algo de seus pertences pessoais naquele lugar. O Guia, porém, não encontrou nada que a chave pudesse abrir.

    Pouco tempo depois de terem retornado para a casa grande, e mesmo com um feitiço de Rector para manipular o clima hostil, a tempestade se acentuou. Durante a nevasca, uma criança bateu à porta da casa grande e foi recebida pelos aldeões. Ferida e com frio, a menina, Iuna, implorou por ajuda para sua irmã, Olgaria, e um amigo, Ivan, que foram atacados por goblins em um desfiladeiro a algumas horas dali.

    Iuna não era de Nesfes, mas também era Zumi. No entanto, Arvend não parecia conhecê-la. Segundo a menina, a irmã carregava uma mensagem importante.

    O Guia, Rector e Garuk decidiram ajudá-la. Eles embarcaram em uma perigosa jornada de cinco horas sob uma nevasca intensa para resgatar Olgaria e Ivan. Ao chegarem ao desfiladeiro, depararam-se com o grupo de goblins cercando uma pequena fenda na rocha.

    Uma luta feroz se desenrolou. O grupo atacou os goblins com tudo que tinha. Garuk, O Guia, Rector e sua aliada Sombra (a loba), atacaram os inimigos por todos os lados. Os goblins tentaram resistir, mas caíram um a um, oferecendo pouca ameaça ao trio de aventureiros. Com a maioria de seus companheiros abatidos, dois goblins tentaram escapar. O Guia conseguiu alcançar um deles e destroçá-lo com suas garras, mas o outro desapareceu na nevasca.

    Com os inimigos derrotados, o grupo teve caminho livre para explorar a fenda no desfiladeiro. O local apresentava uma temperatura mais amena, e Olgaria se escondia ali. Ivan, seu amigo, estava encostado na parede, sentado no chão, e foi O Guia quem deu a triste notícia de que ele já estava sem vida.

    Junto ao corpo de Ivan, O Guia encontrou um prisma cristalino que irradiava um calor estranho e magia. Rector se interessou pelo objeto, mas não conseguiu deduzir muitas informações sobre ele. Olgaria então revelou que a pedra estava ligada a uma profecia de sua matriarca, Herda:

Quando o Vazio se abrir, e a Luz se extinguir, 
Um eco ancestral, no éter irá surgir.
No cerne do Cristal, a chama adormecida, 
Despertará um poder, pela Mão Escolhida.
 
Seja o guardião da Aurora, ou da Noite o arauto, 
Seu destino traçado, em um único ato. 
Pois o brilho que emana, segredos ocultará, 
E só quem o desvenda, o mundo salvará.

    Depois de terem discutido sobre a origem do cristal, sem chegar a algo definitivo, o trio sepultou Ivan e resolveu pernoitar ali na fenda para não viajar à noite. Rector criou uma casa dos sonhos, uma passagem dimensional que lhe permitia descansar em um local seguro. O Guia não aceitou o convite para entrar, mas Olgaria e Garuk o fizeram.

    Pela manhã, eles retornaram para Nesfes sob um clima mais ameno, apesar de ainda hostil. Olgaria reencontrou sua irmã, Iuna, e ambas lamentaram a morte de Ivan. Depois, a jovem revelou que trazia consigo uma mensagem para Batel'Mor. A carta, escrita por Herda, foi pedida pelos aventureiros. Ela entregou primeiro para Arvend, que depois a passou para Rector, que a leu:

"Recebi um sinal, um sinal através da minha joia, onde o éter é solidificado. Algo está acontecendo, algo está despertando. Precisamos reunir os clãs. Ouço sussurros que trazem palavras muito além de mim. Tenho visões, tenho percebido que algo está rasgando o tempo. É algo maior do que todos e precisamos nos reunir. Esta mensagem deverá ser enviada a todos os líderes de clãs, mas preciso do seu apoio antes de todos."

    Embora os três viajantes fossem de locais distantes e alheios às culturas dos humanos, eles sabiam que um pedido de aproximação entre clãs tão diversos era, no mínimo, incomum. Porém, Olgaria revelou que não entregaria a carta, pois tinha a pretensão de levar a pedra que Ivan encontrou de volta para sua matriarca em Odrenvil, seu vilarejo. Apesar da importância da mensagem que entregaria, a jovem acreditava que a pedra fosse ainda mais vital.

    Tanto O Guia quanto Rector e Garuk disseram que a escoltariam até o vilarejo, pois o grupo também parecia interessado na verdadeira origem daquela pedra. 

Terras Bárbaras, dias 3 e 4 do mês da Paixão do ano de 1502 Depois do Cataclismo.


 

sexta-feira, 11 de julho de 2025

(EE) Sessão 05

O último dispositivo

     Assim que o grupo finalizou os preparativos para deixar Erebus, alçaram voo e partiram sobre a atmosfera até chegarem ao polo de Hades.

     A aproximação orbital foi muito mais bem-sucedida do que as tentativas anteriores. Já experiente nas tempestades radioativas do polo, Van conseguiu balancear bem a potência de sua nave com as fortes ventanias, e a descida ocorreu com uma turbulência perfeitamente controlada.

     A aterrissagem não demonstrou menos talento. Auxiliado pelo mapeamento preciso de Tiago Robertos, Van conseguiu visualizar o terreno abaixo da nave e sobrevoar a superfície a cerca de 50 metros do solo. Fazendo combinações rápidas no intrincado painel de comandos da Imperatriz Errante, Van pousou a nave precisamente na clareira de sinal. Desta vez, sem qualquer prejuízo na chegada.

     Embora estivessem a cerca de duas horas dos pontos onde seria necessário fazer a instalação dos dispositivos restantes, o grupo achou mais prudente pousar a nave na clareira. Com isso, Van, Star e TR embarcaram no VTT e seguiram para a montanha. James permaneceu na Imperatriz Errante como retaguarda.

     A aproximação do ponto de instalação foi tranquila. Não havia sinais de inimigos próximos. TR e Star desembarcaram, desta vez equipados com trajes ambientais reforçados, capazes de suportar por horas o hostil clima do polo de Hades — embora nada pudesse ser feito quanto à péssima visibilidade. Van permaneceu no veículo, monitorando os arredores para certificar-se de que não havia sinais de hostilidade.

     Star montou guarda ao lado de TR enquanto o guerreiro psi montava os equipamentos. Van usou os sensores do VTT e identificou a presença de animais do gelo abaixo da montanha, os mesmos que haviam atacado o veículo na incursão anterior.

     Star calibrava os equipamentos e ligava os fios conforme o manual. O som da ventania atravessava até mesmo o reforçado capacete e se misturava com o som do respirador. Quando concluiu a série de comandos e pôs o equipamento para funcionar, três animais do gelo haviam se aproximado do veículo e o estavam atacando — por sorte, do lado oposto da entrada principal. Star e TR entraram rapidamente; Van acelerou e passou por cima de uma das criaturas. Não demorou para o condutor colocar todos em segurança novamente.

     A instalação do equipamento desgastou a capacidade psiônica de Star e TR. Por isso, o grupo resolveu retornar à nave e recobrar as energias antes de partir para a caverna, já que esta seria uma área inexplorada.

     Para a nova incursão, James organizou quatro drones para desembarcarem junto com o grupo. O piloto reserva ficaria no monitoramento das máquinas enquanto os demais se aventurariam na caverna.

     O VTT desembarcou novamente da Imperatriz Errante e entrou na caverna. Um dos drones permaneceu na entrada a fim de repetir o sinal que o grupo enviaria das profundezas.

     Assim que estavam em um ambiente menos gelado, TR percebeu uma espécie de eco psíquico que ressoava da mesma direção de onde o ponto de destino parecia estar. O grupo seguiu sua descida em espiral por algum tempo, vagarosamente.

     Van percebia que os túneis encolhiam à medida que avançavam. James resolveu enviar um sinal para que os drones fossem na frente e explorassem a caverna. Os quatro partiram e, embora não conseguissem enviar sinais claros de suas câmeras, os registros de localização davam uma boa noção ao grupo de como era o caminho a ser seguido.

     James concluiu que as cavernas se desenvolviam como uma espiral em fractal. Apesar da aparência intocada, a formação não parecia ter sido criada por forças naturais. Também foi possível perceber que o VTT não conseguiria avançar muito mais longe, devido ao estreitamento do caminho. Van resolveu seguir parte da rota em marcha à ré, para facilitar sua saída em caso de emergência.

     Dos quatro drones enviados, James ficou algum tempo sem sinal de um deles. Outro pareceu ter se perdido durante o percurso. Os dois restantes chegaram bem perto do ponto de destino e pararam. Com o sinal de retorno, todos retornaram inteiros, embora os dois que chegaram ao destino apresentassem sinais de alguma alteração.

     Os viajantes desembarcaram e seguiram o último trecho a pé. Encontraram uma bifurcação no caminho que parecia artificialmente iluminada. Com cautela, Star olhou pelo canto e viu algo que se parecia com uma central de energia. De uma espécie de terminal elevado, uma esfera de energia permanecia ativa, conectada em forma de X a quatro pequenos terminais físicos. Estes, por sua vez, estavam ligados a robôs com carcaça metálica e um interior visível, aparentemente repleto de energia.

     Enquanto Star observava, Van se aproximou dos terminais. TR usou sua clarividência para observar a porta atrás das máquinas: uma porta de alta tecnologia com entradas biométricas para acesso.

     O doutor Van começou a mexer em um dos terminais e percebeu que os sinais da central haviam mudado. A luz, que antes era branca, tornava-se agora vermelha. Seus dedos rápidos digitavam comandos sem muita certeza do que esperar. Um terminal virtual surgiu à sua frente com um idioma desconhecido, mas seus anos de estudos o ajudaram a tirar conclusões com pouco. Alguns instantes depois, a fonte de energia parou de alimentar o robô no qual ele havia desligado o terminal.

     Julgando que havia sido mais por sorte do que por competência, Van correu dali, enquanto o segundo robô era ativado pela fonte de energia, agora enviando um sinal completamente vermelho. Uma troca de tiros começou entre a máquina e Star. TR também participou, mas acabou atingido. Van gritou: “Tentem atirar no núcleo! Vamos voltar para o VTT!”. Seus berros, embora abafados pelo capacete, foram o suficiente para provocar uma instabilidade nas galerias subterrâneas. Rochas ruíram, e parte da estrutura desabou.

     Quando Star conseguiu disparar um golpe derradeiro no robô estranho, este foi engolido pelo próprio núcleo de energia que o alimentava. Os viajantes decidiram sair dali antes que os outros dois robôs fossem ativados. Retornaram ao VTT e contataram James. Precisavam de alguma ideia nova.

Sistema Hades, data imperial 16-1100

sexta-feira, 4 de julho de 2025

(EE) Sessão 04

Custo-benefício

    Van, TR e Star aguardavam ansiosamente pela Imperatriz Errante. A instalação dos dispositivos eletrônicos contratados pela missão havia se tornado uma tarefa muito mais complicada do que haviam planejado inicialmente.

    No espaço, James recebia algumas instruções de Van sobre como executar a manobra Razor, uma técnica de pilotagem tudo ou nada, que Van recomendava para aterrissar a nave próximo ao grupo. No entanto, o militar não se sentia à vontade para realizar a manobra sugerida e respondeu que executaria a aproximação utilizando seu próprio repertório de manobras.

    A aproximação da atmosfera revelou-se o primeiro desafio. Baraccus conseguia manter os sensores operacionais, mas, mesmo assim, James tinha dificuldades em manter a nave no ponto de destino, pois as fortes tempestades empurravam a Imperatriz para longe.

    Os tripulantes em solo avistaram a nave cortando as nuvens poucos instantes após o último contato com James. A Imperatriz surgiu distante, voando em baixa altitude, com muita oscilação. James lutava para manter o curso, enquanto Baraccus se esforçava para estabilizar os computadores. A manobra do piloto reserva parecia fadada ao fracasso, mas, no último instante, os propulsores cumpriram seu papel e, com uma retomada poderosa, James conseguiu trazer a Imperatriz junto ao solo e aterrissá-la muito próximo do restante do grupo.

    Ainda assim, James não teve um sucesso absoluto. Na retomada, a nave acabou colidindo com o solo. O impacto foi majoritariamente absorvido pelos escudos e pelo casco, mas os danos à estrutura certamente custariam mais do que o grupo estava preparado para gastar.

    Reunidos novamente na órbita de Hades, os viajantes calcularam os prejuízos e avaliaram se seria prudente continuar a missão. Ao consultarem o porto, descobriram que os reparos custariam cerca de Cr$ 75.000. Diante disso, decidiram renegociar os termos com Kael.

    TR e Star desembarcaram no porto espacial de Hades, distante do local onde Arturus havia autorizado a aterrissagem deles alguns dias antes. A dupla utilizou os elevadores magnéticos subterrâneos e seguiu rapidamente até o centro financeiro, onde o prédio do Barão Theron se destacava entre os demais.

     O não humano que guardava a entrada autorizou a passagem dos dois sem questionamentos, como se o prédio fosse frequentemente visitado, apesar de estar vazio naquele momento. Os dois se viram em um amplo saguão, diante de um balcão de atendimento onde meia dúzia de mulheres trabalhava, a maioria ocupada em conversas por comunicador.

    A conversa com a recepcionista foi rápida. O grupo solicitou uma reunião com o Sr. Kael e, poucos minutos depois, recebeu a confirmação de que seriam atendidos. Contornaram a grande coluna central do saguão e acessaram os elevadores, cujas entradas ficavam discretamente na parte traseira da coluna.

    TR e Star subiram até o terceiro andar, onde encontraram um ambiente tipicamente corporativo. Havia muitas salas com portas fechadas, e uma delas, a 307, era a de Kael. Após anunciarem-se, entraram e encontraram o representante do barão em aparente bom humor.

A conversa rapidamente tomou um tom mais sério. TR solicitou mais créditos, argumentando que a missão havia se revelado muito mais difícil do que Kael sugerira no início. Convencido pelos argumentos do psi — que sabiamente não utilizou seus poderes para influenciar a negociação —, o representante alterou os termos do contrato:

    A conversa com ele logo tomou um rumo sério. TR pedia mais créditos, pois a missão se revelara muito mais difícil do que Kael havia sugerido no começo. Convencido pelos argumentos do psi, que sabiamente não fez uso de seus poderes para influenciar a conversa, o representante mudou os termos do contrato:

  1. A Imperatriz Errante seria reparada dos danos sofridos até então, sem custos para o grupo;
  2. Os viajantes receberiam o valor dos bônus e mais, totalizando Cr$ 240.000, caso concluíssem a missão com sucesso;
  3. No entanto, o novo prazo foi fixado em 5 dias. Se não cumprido, os viajantes não receberiam nada.

    TR levou os novos termos a seus companheiros, que hesitaram. Porém, após avaliarem os riscos e considerando que já conheciam o novo ponto, decidiram aceitar.

    Enquanto TR negociava, Van dirigiu-se à loja de aluguel do VTT para devolvê-lo. Chamou novamente Nyra para intermediar o processo, e ela conseguiu ativar o seguro contratado. Depois, o piloto alugou um novo veículo, idêntico, para que a próxima expedição pudesse ser realizada. Star preocupou-se em adquirir trajes mais adequados ao ambiente hostil do polo, garantindo que o grupo estivesse totalmente equipado para a perigosa missão.

    Nyra foi novamente contratada para cuidar da documentação que autorizaria os viajantes a deixarem o porto. Com a rota traçada para o polo norte mais uma vez, alçaram voo rumo à órbita.

Sistema Hades, data imperial 15-1100