Aproximação cautelosa
A saída do sistema de Viez
Berenice deixava a órbita de Viez em segurança. Kassius e Hothspoth, que haviam transportado a peça de âmbar, ainda sentiam os efeitos da proximidade daquele objeto radioativo — ambos estavam fracos e desenergizados. Na nave, o grupo buscava um local adequado para armazenar o fóssil.
As alternativas eram várias: o compartimento de carga — mais óbvio, mas facilmente rastreável; a sala das cápsulas de fuga — onde o problema de rastreamento ainda persistia; ou setores vitais da nave, próximos ao gerador ou aos motores, cuja interferência poderia mascarar o sinal do artefato, mas com riscos altos demais.
Concluíram por deixar o âmbar no compartimento de carga. Rykk assumiu a responsabilidade de desviar a atenção de possíveis rastreamentos quando estivessem se aproximando de Triaxus.
Assim que se encontravam distantes o suficiente da órbita de Viez para acionar
os motores de Deriva, foram interrompidos por uma mensagem vinda de Alter. Era
Flael:
—
“Olá, amigos! Como estão? Gostaria de agradecer mais uma vez pelo trabalho
que fizeram em nosso planeta.”
— dizia a neru alteriana em tom cordial.
Após os cumprimentos, Flael continuou:
—
“Quero alertá-los sobre algo importante. Pouco tempo depois de sua chegada
a Viez, nossos satélites detectaram um sinal de busca com uma frequência
peculiar — muito parecida com a das naves estrangeiras que estiveram em Viez
da última vez. Parecia que alguém tentava descobrir se aquelas pessoas
haviam retornado. É improvável que seja apenas coincidência uma verificação
tão específica ocorrer tanto tempo depois e logo após sua partida. Fiquem
atentos!”
A mensagem de Flael colocou os aventureiros em alerta. Suas ações, claramente, não haviam passado despercebidas.
Para minimizar as chances de serem encontrados, Rykk pediu que Ed traçasse uma rota mais longa, capaz de evitar possíveis rastreamentos inimigos durante a viagem. O percurso planejado levaria oito dias para ser concluído.
Carga perigosa
O tempo de viagem pela Deriva permitiu que Pip realizasse alguns reparos internos na nave — segundo ele, necessários após a intervenção dos nerus. Ed aplicou várias melhorias nos equipamentos do grupo, utilizando parte dos 2.000 UBPs removidos do cofre. Ao final da jornada, o rifle de Ed, a lança de Kassius e a pistola de Rykk haviam se tornado armas táticas.
Flynn e Hothspoth também aproveitaram o tempo para recalibrar seus dispositivos solarianos, aprimorando sua sintonia com fóton e gráviton.
Porém, o maior desafio da viagem foi lidar com os efeitos colaterais do contato prolongado com o fóssil âmbar. Desde a saída do sistema de Viez, o grupo inteiro vinha sofrendo com pesadelos e alucinações auditivas, enquanto Kassius, Flynn e Hothspoth sentiam uma fraqueza persistente que o descanso não aliviava. Pior ainda: Hothspoth parecia definhar à medida que os dias passavam, mesmo com o compartimento de carga devidamente lacrado.
Parte dos efeitos se manifestou em sonhos vívidos, nos quais Hothspoth escoltava uma mulher dentro de uma prisão, acompanhado por um verthani. O solariano sempre repetia o mesmo movimento: criava seu escudo gravitônico — que o envolvia por completo e o fazia despertar.
Para tentar conter os efeitos danosos da radiação, Flynn sugeriu recriar o vidro que originalmente selava o âmbar. Para isso, Berenice resgatou as imagens vistas durante a recuperação do fóssil, mas elas não eram conclusivas — restavam ainda dezessete combinações possíveis de materiais.
Pip produziu dezessete pequenas amostras de vidro utilizando as UBPs disponíveis. Com as peças de teste em mãos, Flynn conduziu uma série de experimentos e finalmente identificou o componente correto capaz de bloquear a radiação sepulcral. Pip então fabricou uma placa maior, suficiente para cobrir todo o âmbar e proteger o grupo.
A conclusão do trabalho ocorreu apenas no último dia da viagem. O grupo já se aproximava dos arredores de Triaxus.
O porto estelar
Berenice saiu da Deriva a uma distância segura da órbita do planeta errante. Conhecendo os protocolos de seu lar, Rykk decidiu não ir diretamente até ele. Em vez disso, pediu que Ed traçasse rota para o porto espacial mais próximo, onde o grupo poderia descontaminar a nave dos vestígios radioativos.
O destino foi o Porto Pleo-3, povoado inteiramente por máquinas. A abordagem padrão exigia informações sobre carga e tripulação, mas Rykk conseguiu desviar a atenção dos sinais residuais vindos do fóssil. Usando seu status governamental, interrompeu a análise alfandegária e garantiu autorização para atracar.
Ancorados, o grupo solicitou uma limpeza completa da nave. O objetivo era eliminar por completo os traços da radiação sepulcral.
Berenice estaria pronta para partir no dia seguinte. Embora preocupado, Rykk se sentia preparado para encarar a guarda espacial triaxiana. O fóssil âmbar continuava sendo um problema — mas, por ora, acreditavam estar um passo à frente.
Sistema Golarion, órbita de Triaxus, quarta-feira, dia 21 de Desnus de 325 DL.


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