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domingo, 19 de outubro de 2025

(LA) Sessão 14

O Atravessador

Mudança de custódia

Réctor e Táviga selaram seu acordo com um aperto de mãos. Haftor estava ao lado do napol, validando a estratégia da meio-orca para livrar-se de seu antigo aliado.

Os aventureiros foram até o estábulo onde Demétrius estava mantido, e a meio-orca autorizou Krel e Zira a libertá-lo. A custódia passaria para o paladino, e a líder do Estaleiro Caedor precisava anunciar isso ao povo de Trisque.

O grupo retornou à praça escoltando o prisioneiro. Assim que chegaram, Táviga anunciou, com sua voz aguda e poderosa, que Demétrius estava sendo entregue a Haftor, o paladino de Crizagom, que o levaria à justiça em Blur, o reino dos anões.

A população de Trisque formou uma fila para insultar o traidor Demétrius, enquanto Haftor permanecia atrás dele, assistindo em silêncio.

Depois da cena na praça, o grupo resolveu conduzir Demétrius até a Casa dos Sonhos de Réctor, onde teria tempo e privacidade para discutir assuntos delicados.

As informações de Demétrius

A impaciência do Guia durante a condução do prisioneiro perturbava Réctor, que sabia que Lúcius — o napol aliado de Táviga — estaria alerta, observando tudo. Ainda assim, o Guia iniciou seu interrogatório pelo caminho, questionando se Demétrius conhecia Thal.

Embora o Atravessador negasse a maioria das informações, nem tudo foi em vão. Ao ver o pedaço de armadura que o Guia carregava, já às portas da Casa dos Sonhos, Demétrius lembrou-se de que Thal estivera lá cerca de um ano antes. Durante a visita, o sekbete mencionara Goragar, o sekbete de escamas vermelhas.

Demétrius revelou ao Guia que Thal buscava alguém que sabia sobre a “Voz no Gelo”, o lugar para onde, supostamente, os orcos rumavam. Além disso, o capitão-do-mato de Caridrândia queria encontrar um anão chamado Horgrundis, um minerador.

Sobre a Voz no Gelo, o sekbete ouviu falar de um profeta do norte, mas foi orientado a procurar mais pistas na Torre Branca do Sul, um lugar de mortos.

Sobre o anão, Demétrius contou que Horgrundis fizera fortuna explorando rochas da erupção do Krokanon, e que sua última localização conhecida era Vir-Máliz, uma fortaleza nas montanhas. Ele destacou que o anão não tinha boa reputação entre seus pares em Blur.

O interrogatório de Demétrius pelo resto do grupo continuou dentro da Casa dos Sonhos, onde o Guia se recusou a entrar.

Réctor tentou uma abordagem mais amistosa. O humano disse que muitas de suas informações estavam registradas em seu diário, escondido no estaleiro. Se o grupo o trouxesse, ele poderia revelar muito mais.

Como o Estaleiro Caedor era domínio de Táviga, o grupo preferiu manter discrição. Assim, dividiram-se em três frentes:

  • O Guia e Olgaria procurariam pelos registros de Demétrius no estaleiro;
  • Haftor e Haldur visitariam a residência de Lismira para alertá-la sobre a sucessão do ancião;
  • Réctor e Garuk permaneceriam na Casa dos Sonhos, vigiando o Atravessador.

A busca no estaleiro

A noite fria e escura de Trisque ocultou a saída do Guia e de Olgaria da estalagem de Ozael. Analisando os arredores da Casa dos Sonhos, o Guia percebeu sinais de que Lúcius estivera ali. Ele alertou seus companheiros antes de prosseguir.

A praça central do vilarejo era iluminada por lanternas de óleo e patrulhada por uma dupla de guardas. Os aventureiros evitaram ser vistos com facilidade e seguiram até o Estaleiro Caedor.

O pequeno porto de Trisque era composto pelo estaleiro, um trapiche e uma área de armazéns. A iluminação era precária, especialmente porque nevava fraco.

No corredor dos armazéns, atrás das docas, a dupla percebeu que um meio-orco permanecia vigilante. O objetivo deles estava no fim da rua, próximo ao limite do vilarejo.

Meio-orco no estaleiro

O vigia — um brutamontes de aparência mais orca do que humana — os viu e se aproximou.

— O que estão procurando? Estrangeiros não são bem-vindos aqui a esta hora! — alertou.

Olgaria se adiantou e respondeu: — Viemos buscar algumas roupas do Atravessador, que partirá conosco amanhã.

O meio-orco manteve a desconfiança, dizendo que Táviga precisaria autorizar. Para disfarçar, Olgaria sugeriu que ele os acompanhasse, mas garantiu que seria rápido. Com visível desânimo, o vigia acabou permitindo que prosseguissem sozinhos.

O local indicado por Demétrius ficava à vista do meio-orco, embora a penumbra dificultasse entender o que faziam. O Guia removeu algumas caixas empilhadas e encontrou um alçapão escondido sob elas.

Sem a chave, Olgaria forçou a trava, conseguindo abri-la à custa de um barulho que alertou o vigia. Dentro, encontraram o grande tomo de folhas de pergaminho — o livro que Demétrius mencionara.

Para despistar o vigia, o Guia usou seu passo umbral para esconder o tomo longe da vista. Quando o meio-orco chegou, Olgaria já arrumava as caixas, resmungando: — As orientações foram ruins.

Com o objeto em mãos, os aventureiros usaram novamente o passo umbral e retornaram à estalagem em segurança.

A nova liderança de Trisque

Haftor e Haldur foram atendidos por uma mulher jovem na casa de Lismira — a filha da terceira anciã. Ela levou os três filhos para fora, deixando os anões conversarem em particular com a futura líder do vilarejo.

Lismira

Lismira ficou surpresa ao saber que Dolmuk, o segundo ancião, abdicaria de sua posição. Depois do espanto, mostrou-se confiante em assumir o posto, especialmente após as palavras encorajadoras de Haftor, sob a égide de Crizagom.

O paladino estava particularmente preocupado com a ascensão de Táviga. Desconfiava da meio-orca e acreditava que Lismira seria forte o suficiente para mantê-la sob controle.

A humana admitiu que não confiava plenamente em Táviga. Apesar de alegar ignorância sobre seus negócios escusos — segredo que os anões preferiram manter —, chamou-a de falsa.

Haftor declarou que ele, seu irmão e o restante do grupo tinham interesse em manter o vilarejo seguro e livre da influência corrupta da meio-orca, e por isso apoiariam a sucessão de Lismira. No entanto, a revelação de que o ritual de troca de liderança levaria cinco dias o deixou apreensivo.

— Agora você corre perigo — alertou o paladino antes de se despedir.

Lismira, porém, manteve a calma. Disse que possuía pessoas de confiança ao seu redor — o genro, que estava no mar em busca do ancião, e o comandante da milícia, Taros, que havia acompanhado Haftor e o ancião quando confrontaram Dolmuk.

A pressão sobre Demétrius

A abordagem de Réctor com Demétrius foi amistosa. No entanto, o humano mostrou-se excessivamente à vontade na Casa dos Sonhos, o que acabou irritando Garuk.

Quando começaram a questioná-lo sobre Guzur e o Atravessador tentou enrolar, o sekbete perdeu a paciência.

Garuk saltou de sua cadeira, agarrou Demétrius pelo colarinho, o atirou no chão e rugiu sobre ele, com baba escorrendo pelos dentes:

— Eu já tô perdendo a paciência com você! Tá achando que somos amigos? Eu falei que ia poupar sua vida! Nós estamos aqui fazendo de tudo pra conseguir informação e manter você vivo. E você continua falando complicado, escondendo o que sabe. Quer morrer mesmo? Eu vou matar você! Meus companheiros vão ficar tristes, mas pelo menos você não vai me dar mais problema!

A brutalidade funcionou. O Atravessador cedeu.

Demétrius confessou que falsificava documentos sobre orcos vindos de diversas regiões e, nas últimas semanas, havia feito isso para a comitiva que o grupo enfrentou perto de Trisque e para o trio de cavaleiros cruzado na estrada.

Sobre Guzur, admitiu ter negociado com o elfo sombrio Taloriel para entregar a localização da família do orco. Supostamente, os elfos queriam apenas realocá-los, mas, na verdade, pretendiam chantagear Guzur, usando sua família como isca.

Guzur retaliou, resgatou sua família, matou o elfo e perseguiu Demétrius, que escapou por pouco e se refugiou em Trisque sob a proteção de Táviga.

As ordens, porém, vinham de Alcormi Minolis, uma elfa sombria poderosa em Caridrândia — nome desconhecido para o Guia e Réctor.

Quando o grupo retornou com os pertences de Demétrius, foram cautelosos. Temiam que algo ali pudesse ser usado de forma ardilosa.

Entre as posses do humano havia roupas, moedas, joias e três anéis mágicos: um anel de invisibilidade, um anel de transformação e um anel de teletransporte.

O tomo tinha incontáveis folhas escritas com caligrafia elegante em alfabeto élfico, mas o idioma era estranho para Rector. Com auxílio de uma de suas poções, o feiticeiro percebeu que o texto, embora escrito em élfico, estava no idioma Pedra, a língua dos anões.

O napol analisou o livro brevemente e percebeu que continha uma extensa lista de contatos de Demétrius, rotas comerciais e outras informações pessoais.

Quando perguntado sobre alguém capaz de confeccionar uma armadura de um esqueleto de Escaravelho, Demétrius mencionou o nome do armeiro Gorbaga, dos Mangues. Apesar de nunca tê-lo encontrado, disse que poderia desenhar um mapa para orientá-los até lá.

Por fim, ao ser questionado sobre a Voz no Gelo, revelou que ainda aguardava um contato em Trisque dentro de duas semanas — alguém vindo de Telas. O grupo decidiu que poderia encontrá-lo no caminho até lá, já que apenas uma estrada ligava as duas cidades.

O interrogatório chegou ao fim, e todos enfim puderam descansar.

Enquanto isso, o Guia, de vigia no quarto da estalagem próxima à Casa dos Sonhos, percebeu que Lúcius, o napol, observava o local oculto na copa escura de uma árvore próxima.

Usando seus poderes sombrios, o sekbete vermelho se transportou até ele.

— Você tem certeza de que pode confiar na sua patroa? — indagou o Guia.

— Tenho, plena certeza. E você? Tem certeza de que pode confiar em seus companheiros? — retrucou o corvo.

O Guia tentava sem sucesso plantar a dúvida na mente de Lúcius, mas o napol parecia convicto de sua lealdade.

— Nós sabemos os riscos do nosso serviço — afirmou ele, quando o sekbete mencionou o fato de o Atravessador ter sido descartado por Táviga.

Lúcius não permaneceu muito tempo na árvore. Depois da conversa com o Guia, e percebendo que havia sido detectado, bateu as asas e desapareceu na noite.

Ao fim da madrugada, o Guia ouviu o som distante de uma trombeta.

Ao abrir a janela, viu quatro embarcações aproximando-se da costa — uma delas, maior do que as outras.

De um pequeno barco de pesca, um homem gritava para todos ouvirem:

— O Ancião!!!

Trisque, Terras Selvagens, dia 5 do mês do Sangue do ano de 1502.

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