sexta-feira, 2 de dezembro de 2022

(SG) Sessão 138

O último eco

    O grupo estava frente a frente com as árvores amaldiçoadas na Floresta Preta. O confronto contra os monstros se mostrou muito desafiador, levando ao limite a capacidade do grupo. Torin acabou perecendo ao ter seu pescoço quebrado por uma das criaturas que lhe atacou de forma surpreendente.

    Pedodes e Cóquem conseguiram proteger o corpo de Torin enquanto o restante do grupo manteve os inimigos sob controle até que, enfim, a vitória pudesse ser alcançada.

    Durante o confronto, os aventureiros presenciaram uma luz no céu que se parecia com uma estrela que cairia sobre o campo de batalha. A luz não se revelou por mais algum tempo, e o grupo ficou apreensivo.

    Cóquem usou seu anel com a magia de ressurreição imbuída para trazer o anão de volta à batalha. Imediatamente, Torin sacou seu protótipo de espada criada a partir do metal das névoas e voltou a tentar cortar a madeira, uma vez que seu machado não havia conseguido talhar nem uma parte da árvore. A estratégia deu certo, pois aquela lâmina cortava a árvore como o planejado.

    Pouco antes de Torin conseguir derrubar o tronco da madeira preta, a luz no céu revelou-se sendo a criatura que o grupo havia enfrentado na casa do Morto-Que-Não-Sabe. Rapidamente, Landalfo começou a preparar o Passo no Éter, a magia que havia aprendido com Kétil Monda, para tirar o grupo dali. O combate contra as árvores malditas continuava, mas Torin já estava quase derrubando o tronco enquanto os outros davam cobertura ao guerreiro e ao alquimista.

    Quando a criatura enfim tocou o solo e mostrou sua hostilidade para o grupo, a área de névoas sobrenaturais criada por Landalfo já estava preparada. Torin e alguns companheiros ergueram o enorme tronco e o transportaram através da fenda dimensional direto para Kétil Monda. Assim que a travessia dos aliados foi concluída, Landalfo iniciou a dissipação do feitiço, o que enfraqueceria rapidamente a passagem e talvez impedisse os inimigos de segui-los.

    Uma árvore maldita e a criatura que caíra do céu seguiram os aventureiros através do Passo no Éter. A árvore chegou ao seu destino atrás do grupo, mas foi rapidamente destruída. O outro monstro, no entanto, não surgiu no destino. Landalfo percebeu que ela, em razão da imprevisibilidade da magia em desvanecimento, fora transportada para algum lugar incerto, em qualquer possível plano de existência. Por ora, o grupo estava a salvo dela.

     Antes de retornarem para Tagmar, o grupo conversou um pouco com Kétil Monda e voltou à Galhaçal, onde dedicaram alguns dias para confeccionar o cabo da espada de Torin e quarenta flechas com a madeira preta obtida do tronco que Torin derrubou. Cóquem também conseguiu negociar o excesso de madeira por mais metais das névoas, que também foram trabalhados para fazer chocalhos para o bardo.

    Dali, os aventureiros foram para New Tecst, em Verrogar, um pequeno vilarejo nas proximidades da Crássia. O grupo tinha o objetivo de chegar na casa de Oraxus e Anabel, em Finlaril, Âmien, e aquele era o local conhecido mais próximo de onde eles imaginavam que encontrariam a residência ou as ruínas dela. O objetivo último do grupo nesta missão era encontrar e destruir a Adaga da Essência que, até onde eles sabiam ainda se encontrava no quarto em que Anabel fora assassinada.

     Do vilarejo, os aventureiros voaram sobre Âmien até o local onde supunham estar a residência de Anabel. Landalfo tinha uma vaga ideia da localização, tendo em vista que vivera a vida de Oraxus e Ledâm enquanto lia suas histórias na biblioteca. Isso permitiu ao grupo chegar ao local imaginado e encontrar, em seus arredores, um grupo de soldados patrulhando.

    Uma preocupação acabou surgindo. Os movimentos militares de Âmiem davam a entender de que ela estava apoiando Verrogar na guerra. No entanto, não havia nenhuma prova real de que isso fosse verdade, uma vez que essa dedução foi feita apenas observando os movimentos dos soldados e das tropas que foram avistadas durante o movimento aéreo dos aventureiros.

    Para encontrar a Adaga da Essência, Landalfo utilizou a Bússula mais uma vez, mentalizando o objeto que desejava encontrar depois que já estava no quarto onde o crime ocorrera. Neste momento, a aparição de Oraxus se revelou e atacou o grupo. Ela foi rapidamente subjugada e expulsa pelo grupo, que teve, então, liberdade para seguir com seu plano.

    Landalfo tentou mais uma vez concentrar-se no objeto mágico, mentalizando a Adaga da Essência e esperando por orientação. Foi então que percebeu que essa ação estava convocando o espírito de Oraxus para a presença dele. A aparição surgiria sempre que ele repetisse sua tentativa.

    O grupo resolveu encontrar a adaga sem meios mágicos. Kaiser começou a vasculhar todo o quarto até que revelou um alçapão sob a cama. Dentro dele, uma caixa com um cadeado. Após Cóquem abri-lo, uma adaga de metal enegrecido foi encontrada. Era a Adaga da Essência, o objeto que aprisionava a alma de Oraxus e de Anabel.

    A fim de destruir a arma, o grupo a posicionou no chão e Torin preparou seu golpe. Landalfo criou uma barreira de cristal para que todo o restante do grupo se protegesse, caso alguma onda de choque fosse provocada pela destruição do objeto mágico poderoso.

    Quando Torin desferiu, após concentrar toda a sua força, o golpe derradeiro, a lâmina negra foi atingida e o chão sobre ela se quebrou. O objeto foi lançado com força para o primeiro andar, mas permaneceu inteiro.

    O grupo concluiu que precisaria colocar a arma sobre um suporte mais resistente. Eles colocaram, então, sobre um pedaço de madeira preta que Landalfo carregava.

    O próximo golpe de Torin foi tão forte quanto o primeiro. Desta vez, porém, a adaga se partiu. Uma energia enorme foi liberada, como o esperado. A barreira de cristal que Landalfo havia criado novamente não serviu para impedir que todos fossem arremessados alguns metros para trás, mas ninguém se feriu gravemente.

    A luz que foi emitida da Adaga da Essência destruída libertou a alma de Anabel e de Oraxus, que tiveram alguns instantes para conversar com o grupo antes de partirem sabe-se lá para onde, uma vez que Pedodes não conseguiria concluir se ela e ele foram, de fato, para os reinos divinos.

    Oraxus amaldiçoou o grupo como pode e logo sua alma esvaneceu. Anabel conversou amigavelmente e deu um presente a Landalfo: um colar de uso pessoal que, segundo ela, seria a única coisa que faria Kiara se lembrar.

    A partida de Anabel foi emocionalmente dolorosa. Mesmo que o grupo não a tenha conhecido em vida, a ligação que criaram com ela em razão das conexões mágicas através do contato no Bosque de Monda, mas especialmente a criada por Landalfo e Lanâncoras na Biblioteca de Palier, fizeram com que sua partida fosse profundamente sentida. O desaparecimento da alma de Anabel para o puro éter deixou uma sensação de perda, como se a última lembrança de alguém querido estivesse sendo destruída na frente deles, mas nada pudesse ser feito para impedir.

Âmien, Basvo, dia 24 do mês da Paixão do ano de 1501.

 



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