O misterioso Eco em Hades
O salto da Imperatriz Errante até Hades correu sem problemas, mas o planeta árido é satélite de um gigante gasoso, forçando a chegada a ocorrer centenas de milhares de quilômetros do destino. Isso deu aos viajantes algumas horas antes da aproximação da atmosfera.Hades sofre constantes bombardeios de radiação, e Van, o piloto, percebeu uma tempestade no local da entrega. O prazo apertado os impedia de esperar condições melhores.
O Sr. Arturus, destinatário da valiosa encomenda que transportavam, tentou informá-los pelo rádio sobre a situação em solo, mas a interferência das tempestades tornava a comunicação difícil.
Quando Van entrou na atmosfera, nuvens de tempestade e relâmpagos roxos cortavam o céu, enquanto ventos caóticos empurravam a nave para fora de seu curso. Os computadores acusaram uma interferência extrema e recomendaram intervenção manual. Van recorreu às suas habilidades psiônicas para melhorar suas chances e manteve a nave tão estável quanto possível.
Um clarão seguido de uma onda de choque desligou os sensores. Sem visão e sem dados, coube a James, engenheiro da tripulação, ativar os protocolos de emergência. Com reflexos rápidos, restaurou os sistemas, permitindo que Van manobrasse até o hangar subterrâneo do Sr. Arturus.
O vento atingia violentamente a plataforma de atracação. Van precisou alinhar sua nave com precisão, mas uma rajada intensa a jogou contra uma torre para-raios. Com esforço, corrigiu o curso e aterrissou suavemente.
— Meus caros viajantes! Que bom que chegaram! Sem tempo para rodeios, entrem! Precisamos nos abrigar! — exclamou Arturus, enquanto uma equipe ancorava a nave no local. — Vamos ao meu escritório. Há uma tempestade solar, e não queremos ser alvos da radiação.O escritório do anfitrião era luxuoso e confortável. Ele serviu bebidas e conversou amigavelmente, mas não deixou de cobrar Cr$ 3.000 pela torre danificada. James negociou a venda de animais vivos trazidos na nave e garantiu Cr$ 9.000, além dos Cr$ 100.000 acordados pela entrega secreta.
Van, porém, estava distraído. Uma presença sutil, quase imperceptível, sussurrava na mente dele—a sombra de um eco psíquico que parecia emanar de Arturus.
O anfitrião revelou que colecionava peças dos antigos anciãos, especialmente artefatos psiônicos. Segundo ele, essa civilização dominava habilidades psíquicas e tecnologias avançadas, e Hades era um de seus antigos pontos de interesse. Porém, Arturus acreditava que o Cinturão de Cérberus, no mesmo sistema, guardava relíquias ainda mais valiosas. Por motivos de discrição e especialização, ainda não havia explorado a área, mas deixou claro que pagaria muito bem por qualquer artefato encontrado.
Os viajantes decidiram buscar uma missão para arrecadar fundos antes de seguir para o Cinturão de Cérberus. Conseguiram um trabalho com um geólogo, que precisava mapear cavernas naturais em Hades. Um grupo de exploradores havia entrado alguns dias antes, mas perdeu sinal a 1.200 metros de profundidade e nunca retornou.
— Devem estar mortos, — afirmou o contratante.
Mesmo sabendo dos riscos, os viajantes aceitaram. O pagamento seria de Cr$ 20.000 por cada 100 metros mapeados. O objetivo era pelo menos igualar a profundidade atingida pelos desaparecidos.
Antes de partirem, precisaram preencher documentos de autorização, mas nenhum deles era familiarizado com burocracia. Contrataram uma especialista por Cr$ 400 para cuidar da papelada, enquanto Van planejava a rota de voo.
A viagem até o sítio demorou poucos minutos. Encontraram uma grande cratera, mas a entrada era estreita demais para a nave. O avanço precisaria ser feito por drones de sondagem.
James enviou um dos equipamentos para mapear o interior. O plano funcionou inicialmente, mas uma interferência magnética começou a afetar a transmissão dos dados. Depois de 300 metros, o sinal se perdeu completamente. O drone tinha autonomia e protocolo de retorno, então decidiram aguardar.
Enquanto esperavam, seis errantes chegaram ao local. Quatro motos gravitacionais estacionaram próximo à abertura da caverna, e três dos recém-chegados desceram ao subterrâneo. Todos estavam armados, mas ignoraram a nave estacionada acima deles.
Quando as 20 horas que James estipulou passaram sem notícias do drone, enviaram um segundo dispositivo. Porém, antes mesmo de tocar o solo, os errantes remanescentes na superfície abriram fogo e o destruíram.
Star, o guerreiro psíquico da tripulação, colocou sua armadura e botas magnéticas e subiu ao casco da nave. Em resposta ao ataque, abriu fogo e matou um dos inimigos rapidamente, forçando os outros dois a buscar cobertura. O tiroteio se intensificou, e Star chegou a ser atingido, mas sua proteção absorveu o dano.
James tomou uma decisão drástica. Ordenou que Van virasse a nave, expondo as torretas laser. O disparo queimou um dos inimigos até os ossos, deixando a última sobrevivente em pânico. Ela correu para sua moto gravitacional e fugiu.
Com a área segura, enviaram um terceiro drone. Os errantes que estavam dentro da caverna perceberam sua presença, mas foram advertidos a não atirar. A corda de escalada deles havia caído, deixando-os presos. Sem alternativa, aceitaram largar suas armas e receberam ajuda dos viajantes para subir.
Libertos, puderam partir. Os viajantes confiscaram duas das motos gravitacionais para posterior revenda.
Então, algo inesperado aconteceu: o terceiro drone—perdido como o primeiro—finalmente retornou. Ele trazia consigo os destroços do primeiro equipamento, mas estava severamente danificado e parou antes de emergir completamente.
Decidiram enviar dois novos drones para recuperar os danificados. Desta vez, a operação ocorreu sem dificuldades.
A análise dos equipamentos mostrou que o primeiro drone estava completamente inutilizado, sem possibilidade de recuperar seus dados. O terceiro, porém, ainda podia ter suas informações extraídas e reparado com facilidade.
James conseguiu recuperar um mapeamento de 800 metros de profundidade, garantindo ao grupo Cr$ 140.000 pela missão. As motos confiscadas também representavam lucro potencial, dependendo da negociação.
Com os créditos assegurados, os viajantes deixaram o local pensando na próxima etapa: o Cinturão de Cérberus.
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