sexta-feira, 27 de junho de 2025

(EE) Sessão 03

O Polo Norte 

    Com todos os preparativos concluídos, a Imperatriz Errante partiu rumo ao polo de Hades. Van pilotou a nave até a órbita, onde pôde alcançar uma velocidade mais alta, chegando logo aos arredores de seu destino. No entanto, ao reentrar na atmosfera, deparou-se com uma tempestade severa e com interferência nos sensores, o que prejudicou bastante sua capacidade de controlar a nave.

    Alguns instantes após reentrar na estratosfera, Van perdeu o controle da Imperatriz Errante. Os sensores acusavam forte interferência eletromagnética devido à intensa radiação externa. O piloto conseguiu manobrar o suficiente para realizar uma aterrissagem segura, mas a nave encontrava-se a 1.100 km do destino mais próximo. Além disso, os sensores estavam com precisão muito baixa por causa das condições ambientais.

    O grupo decidiu que Baraccus e James permaneceriam na nave, enquanto Star, TR e Van desembarcariam com o Veículo para Todo Terreno (VTT) alugado. Embora tivessem pouco mais de 48 horas para concluir a missão e receber o bônus de Cr$ 20.000, acreditavam que conseguiriam percorrer toda a distância, instalar os dispositivos e retornar antes do prazo se esgotar.

    A jornada foi dividida em várias etapas. Van, o único que conhecia os comandos para pilotar o VTT, tornou-se peça essencial do grupo.

    Os primeiros 400 km foram percorridos sem grandes problemas além dos esperados: terreno acidentado e interferência extrema nos sensores. Star operava os eletrônicos e mantinha condições mínimas para que Van pudesse manobrar o VTT com segurança. No entanto, TR não conseguia prever o terreno, o que tornava a viagem bastante turbulenta. Com isso, o veículo sofreu alguns danos devido à velocidade, mas todos estavam, até então, seguros.

    O trecho seguinte, de mais 400 km, foi mais perigoso. A falta de sensores fez o grupo se perder no vasto e tempestuoso deserto. Quando Star finalmente conseguiu recuperar um sinal estável, já haviam percorrido muitas horas além do planejado. Van, o único condutor, estava esgotado pela dificuldade do trajeto e decidiu que fariam uma pausa para descansar.

    TR foi o responsável pela vigília enquanto Van e Star descansavam. Porém, o guerreiro psi não possuía grandes habilidades para operar os sistemas do veículo e não percebeu a aproximação de feras enormes — animais nativos da região, marcada por radiação e frio extremos.

    As criaturas, de seis patas e chifres adaptados para o choque, começaram a golpear o veículo, aparentemente com a intenção de virá-lo. As batidas acordaram os outros dois ocupantes, que se assustaram. Star abriu a escotilha superior, projetada para uso de uma arma montada, e tirou metade do corpo para fora a fim de disparar com seu rifle. Contudo, o frio intenso logo começou a afetá-lo, mesmo com o traje preparado para o frio espacial. Como consequência, não conseguiu acertar nenhum disparo.

    Percebendo que a situação não melhoraria, TR tentou amedrontar as criaturas com sua telempatia. Obteve um sucesso razoável, fazendo ao menos uma delas hesitar nas investidas. Mas isso não foi suficiente para impedir que o veículo continuasse sofrendo danos. Além disso, Star corria risco de morrer congelado se não fossem mais ágeis.

    Van tentou reiniciar o veículo, mas os sistemas estavam congelados. O condutor agiu rápido, abaixou-se para interagir diretamente com os sistemas e conseguiu uma ligação direta, fazendo o VTT funcionar. Ele acelerou e o grupo se afastou das criaturas, embora uma delas tenha tentado persegui-los por algum tempo.

    Assim que despistaram o animal, buscaram abrigo nas montanhas mais próximas. Encontraram uma caverna repleta de pequenos animais, que não foram perturbados. Na manhã seguinte, já tendo perdido um dia inteiro, prosseguiram com as buscas.

    Atrapalhados pela interferência no sinal, Van acabou se desviando da rota por algumas horas. O grupo retomou o trajeto depois disso e conseguiu se aproximar do destino. Antes de chegar lá, no entanto, depararam-se com uma clareira de sinal — um local onde foi possível contatar a Imperatriz Errante uma última vez.

    Os equipamentos disponíveis não forneciam precisão suficiente para localizar os sinais com exatidão. No entanto, o apoio dos sensores da nave, enquanto estavam na clareira, foi essencial para obter uma posição mais próxima do destino. Assim, seguiram para o primeiro ponto de instalação de um sensor atmosférico.

Ao se aproximarem, detectaram que a montanha estava povoada por animais semelhantes aos que atacaram o VTT. Por isso, mudaram a rota para o primeiro ponto sísmico. A viagem até lá foi difícil, com o veículo sofrendo danos pelo terreno hostil, mas os viajantes conseguiram alcançar o local e se prepararam para instalar o primeiro dispositivo.

    Antes de saírem do abrigo do veículo, ensaiaram como seria a instalação no frio e árido polo de Hades. Não tiveram muito sucesso em prever as condições externas, e Star teve sérios problemas durante sua missão.

    O guerreiro psi Star Lord foi o designado para desembarcar e instalar o sensor sísmico. Seriam necessários 4 minutos e meio de calibragem. Depois disso, ele teria 30 segundos para inserir os códigos de ativação, ou precisaria repetir esse último processo.

    A missão, que parecia simples, revelou-se um desafio perigoso e quase mortal. O frio brutal do polo quase congelou o corpo de Star. Com a mente embaralhada, o guerreiro precisou do auxílio de Van para inserir os códigos e ativar o sensor após os 4 minutos e meio. Ao retornar ao veículo, Star necessitou de apoio médico, além de usar seus poderes psíquicos para recuperar sua energia vital.

    Apesar do sufoco, o grupo havia conquistado uma vitória. Garantiram Cr$ 25.000, embora tivessem certeza de que não conseguiriam cumprir o prazo para obter o bônus. Seguiram então para o ponto inicial, onde se localizava o sensor atmosférico.

    O local, antes habitado por animais, agora estava vazio. Contudo, uma tempestade elétrica se aproximava, e o grupo resolveu registrar outro ponto atmosférico antes de retornar àquele. A viagem ao terceiro ponto foi mais tranquila do que às anteriores, embora tenham cruzado a tempestade de raios e sofrido novos danos no veículo.

    A instalação do sensor atmosférico (o segundo, considerando que deixaram o da montanha para depois) ficou a cargo de TR. O guerreiro psi concentrou sua energia e ampliou sua resistência ao máximo para suportar o frio extremo do polo de Hades. Ele desembarcou e foi até o ponto exato para ativar o equipamento.

    Diferente de Star Lord, TR não sofreu os efeitos do frio nos primeiros minutos. Contudo, o impacto veio repentinamente. Já perto de inserir os códigos, o frio afetava todo o seu corpo. Seu raciocínio estava lento. Para piorar, Star detectou sinais de animais se aproximando.

    Para ganhar tempo e segurança, Van tentou sair do veículo para reparar os sensores danificados. Mas não conseguiu permanecer nem 10 segundos no exterior antes de ser forçado a retornar pelo frio. Enquanto isso, TR usou toda sua concentração remanescente para inserir os códigos e voltar ao VTT. O guerreiro estava em estado ainda pior do que Star havia retornado da missão anterior.

    O grupo garantira Cr$ 50.000, mas havia perdido o bônus que julgavam fácil de alcançar e já estavam há mais de 60 horas em missão desde o desembarque. Decidiram retornar à Imperatriz Errante antes que alguém morresse. Voltaram à clareira de sinal e pediram ajuda a James, piloto reserva. O militar respondeu que voaria o mais próximo possível, mas seria um pouso arriscado.

    Mais arriscado seria permanecer ali por mais algumas horas — pensavam Van, Star e TR...

Planeta Hades, Solomon Rim, registrado em 013-0421.

sexta-feira, 20 de junho de 2025

(EE) Sessão 02

Calculando os benefícios

    Os viajantes resolveram retornar à Cidadela Érebus, onde haviam firmado o contrato de coleta de dados de assinaturas subterrâneas. O comerciante pagou os Cr$ 160.000, conforme combinado. Depois disso, James passou um dia tentando consertar os drones e as motos gravitacionais. No entanto, a dificuldade da tarefa o impediu de concluir o trabalho como esperava. Eles venderam os veículos e conseguiram Cr$ 46.200, aumentando os lucros da missão.

    O ancoradouro de Hades cobrou o preço padrão de Cr$ 2.000 por diária, e eles desembarcaram.

    Os cálculos que fizeram sobre a ida até o Cinturão de Cérberus para investigar sinais de anomalia psíquica mostraram que os custos seriam inviáveis. Assim, decidiram procurar mais atribuições em Hades que pudessem render créditos. O objetivo deles era garantir um lucro maior, considerando que já haviam reservado os créditos para pagar a hipoteca da nave no mês corrente.

    A busca por um novo contratante não foi fácil, mas o grupo conseguiu entrar em contato com Kael, um representante do Barão Theron Vance, que buscava uma equipe capaz de cumprir uma tarefa delicada. O barão pretendia instalar sensores sísmicos e atmosféricos nos polos de Hades. Porém, as regiões apresentavam um terreno acidentado e clima extremamente hostil, com ventanias e exposição frequente à radiação solar aumentada.

    Os viajantes foram alertados de que precisariam de equipamentos de proteção especializados e de um veículo adequado. O pagamento acordado foi de Cr$ 25.000 por sensor instalado, com um bônus de Cr$ 5.000 por sensor caso concluíssem as quatro instalações em menos de três dias.

    Com o acordo feito, o grupo passou um dia procurando o veículo mais adequado para a missão. Alugaram um Veículo para Todo Terreno (VTT), ideal para o desafio. Também adquiriram trajes de proteção para a tripulação. Em seguida, precisaram superar a burocracia governamental, que exigia autorizações para entrada nas áreas dos polos, consideradas de acesso restrito. Para isso, recorreram novamente a Nyra, a burocrata que havia destravado a papelada dos planos de voo da missão anterior.

    O grupo desembolsaria um total de Cr$ 6.000 por dia de aluguel do VTT e precisou pagar a Nyra mais Cr$ 600 pelas autorizações. Depois, para o novo plano de voo, gastaram um total de Cr$ 700, uma vez que o pedido inicial foi indeferido, e Nyra precisou ingressar com um segundo pedido e uma argumentação diferente da primeira para obter o documento de exploração.

    Com toda a burocracia vencida, os viajantes alçaram voo, com três diárias já pagas no hangar da Cidadela Érebus. Traçaram a rota para o polo Sul e partiram. No caminho, no entanto, receberam uma mensagem do Sr. Arturus com uma nova missão:

 

sexta-feira, 13 de junho de 2025

(EE) Sessão 01

O misterioso Eco em Hades

    O salto da Imperatriz Errante até Hades correu sem problemas, mas o planeta árido é satélite de um gigante gasoso, forçando a chegada a ocorrer centenas de milhares de quilômetros do destino. Isso deu aos viajantes algumas horas antes da aproximação da atmosfera.

    Hades sofre constantes bombardeios de radiação, e Van, o piloto, percebeu uma tempestade no local da entrega. O prazo apertado os impedia de esperar condições melhores.

    O Sr. Arturus, destinatário da valiosa encomenda que transportavam, tentou informá-los pelo rádio sobre a situação em solo, mas a interferência das tempestades tornava a comunicação difícil.

    Quando Van entrou na atmosfera, nuvens de tempestade e relâmpagos roxos cortavam o céu, enquanto ventos caóticos empurravam a nave para fora de seu curso. Os computadores acusaram uma interferência extrema e recomendaram intervenção manual. Van recorreu às suas habilidades psiônicas para melhorar suas chances e manteve a nave tão estável quanto possível.

    Um clarão seguido de uma onda de choque desligou os sensores. Sem visão e sem dados, coube a James, engenheiro da tripulação, ativar os protocolos de emergência. Com reflexos rápidos, restaurou os sistemas, permitindo que Van manobrasse até o hangar subterrâneo do Sr. Arturus.

    O vento atingia violentamente a plataforma de atracação. Van precisou alinhar sua nave com precisão, mas uma rajada intensa a jogou contra uma torre para-raios. Com esforço, corrigiu o curso e aterrissou suavemente.

    Meus caros viajantes! Que bom que chegaram! Sem tempo para rodeios, entrem! Precisamos nos abrigar! — exclamou Arturus, enquanto uma equipe ancorava a nave no local. — Vamos ao meu escritório. Há uma tempestade solar, e não queremos ser alvos da radiação.

    O escritório do anfitrião era luxuoso e confortável. Ele serviu bebidas e conversou amigavelmente, mas não deixou de cobrar Cr$ 3.000 pela torre danificada. James negociou a venda de animais vivos trazidos na nave e garantiu Cr$ 9.000, além dos Cr$ 100.000 acordados pela entrega secreta.

    Van, porém, estava distraído. Uma presença sutil, quase imperceptível, sussurrava na mente dele—a sombra de um eco psíquico que parecia emanar de Arturus.

    O anfitrião revelou que colecionava peças dos antigos anciãos, especialmente artefatos psiônicos. Segundo ele, essa civilização dominava habilidades psíquicas e tecnologias avançadas, e Hades era um de seus antigos pontos de interesse. Porém, Arturus acreditava que o Cinturão de Cérberus, no mesmo sistema, guardava relíquias ainda mais valiosas. Por motivos de discrição e especialização, ainda não havia explorado a área, mas deixou claro que pagaria muito bem por qualquer artefato encontrado.

    Os viajantes decidiram buscar uma missão para arrecadar fundos antes de seguir para o Cinturão de Cérberus. Conseguiram um trabalho com um geólogo, que precisava mapear cavernas naturais em Hades. Um grupo de exploradores havia entrado alguns dias antes, mas perdeu sinal a 1.200 metros de profundidade e nunca retornou.

    Devem estar mortos, — afirmou o contratante.

    Mesmo sabendo dos riscos, os viajantes aceitaram. O pagamento seria de Cr$ 20.000 por cada 100 metros mapeados. O objetivo era pelo menos igualar a profundidade atingida pelos desaparecidos.

    Antes de partirem, precisaram preencher documentos de autorização, mas nenhum deles era familiarizado com burocracia. Contrataram uma especialista por Cr$ 400 para cuidar da papelada, enquanto Van planejava a rota de voo.

    A viagem até o sítio demorou poucos minutos. Encontraram uma grande cratera, mas a entrada era estreita demais para a nave. O avanço precisaria ser feito por drones de sondagem.

    James enviou um dos equipamentos para mapear o interior. O plano funcionou inicialmente, mas uma interferência magnética começou a afetar a transmissão dos dados. Depois de 300 metros, o sinal se perdeu completamente. O drone tinha autonomia e protocolo de retorno, então decidiram aguardar.

    Enquanto esperavam, seis errantes chegaram ao local. Quatro motos gravitacionais estacionaram próximo à abertura da caverna, e três dos recém-chegados desceram ao subterrâneo. Todos estavam armados, mas ignoraram a nave estacionada acima deles.

    Quando as 20 horas que James estipulou passaram sem notícias do drone, enviaram um segundo dispositivo. Porém, antes mesmo de tocar o solo, os errantes remanescentes na superfície abriram fogo e o destruíram.

    Star, o guerreiro psíquico da tripulação, colocou sua armadura e botas magnéticas e subiu ao casco da nave. Em resposta ao ataque, abriu fogo e matou um dos inimigos rapidamente, forçando os outros dois a buscar cobertura. O tiroteio se intensificou, e Star chegou a ser atingido, mas sua proteção absorveu o dano.

    James tomou uma decisão drástica. Ordenou que Van virasse a nave, expondo as torretas laser. O disparo queimou um dos inimigos até os ossos, deixando a última sobrevivente em pânico. Ela correu para sua moto gravitacional e fugiu.

    Com a área segura, enviaram um terceiro drone. Os errantes que estavam dentro da caverna perceberam sua presença, mas foram advertidos a não atirar. A corda de escalada deles havia caído, deixando-os presos. Sem alternativa, aceitaram largar suas armas e receberam ajuda dos viajantes para subir.

    Libertos, puderam partir. Os viajantes confiscaram duas das motos gravitacionais para posterior revenda.

    Então, algo inesperado aconteceu: o terceiro drone—perdido como o primeiro—finalmente retornou. Ele trazia consigo os destroços do primeiro equipamento, mas estava severamente danificado e parou antes de emergir completamente.

    Decidiram enviar dois novos drones para recuperar os danificados. Desta vez, a operação ocorreu sem dificuldades.

    A análise dos equipamentos mostrou que o primeiro drone estava completamente inutilizado, sem possibilidade de recuperar seus dados. O terceiro, porém, ainda podia ter suas informações extraídas e reparado com facilidade.

    James conseguiu recuperar um mapeamento de 800 metros de profundidade, garantindo ao grupo Cr$ 140.000 pela missão. As motos confiscadas também representavam lucro potencial, dependendo da negociação.

    Com os créditos assegurados, os viajantes deixaram o local pensando na próxima etapa: o Cinturão de Cérberus.