O Polo Norte
Com todos os preparativos concluídos, a Imperatriz Errante partiu rumo ao polo de Hades. Van pilotou a nave até a órbita, onde pôde alcançar uma velocidade mais alta, chegando logo aos arredores de seu destino. No entanto, ao reentrar na atmosfera, deparou-se com uma tempestade severa e com interferência nos sensores, o que prejudicou bastante sua capacidade de controlar a nave.
Alguns instantes após reentrar na estratosfera, Van perdeu o controle da Imperatriz Errante. Os sensores acusavam forte interferência eletromagnética devido à intensa radiação externa. O piloto conseguiu manobrar o suficiente para realizar uma aterrissagem segura, mas a nave encontrava-se a 1.100 km do destino mais próximo. Além disso, os sensores estavam com precisão muito baixa por causa das condições ambientais.
O grupo decidiu que Baraccus e James permaneceriam na nave, enquanto Star, TR e Van desembarcariam com o Veículo para Todo Terreno (VTT) alugado. Embora tivessem pouco mais de 48 horas para concluir a missão e receber o bônus de Cr$ 20.000, acreditavam que conseguiriam percorrer toda a distância, instalar os dispositivos e retornar antes do prazo se esgotar.
A jornada foi dividida em várias etapas. Van, o único que conhecia os comandos para pilotar o VTT, tornou-se peça essencial do grupo.
Os primeiros 400 km foram percorridos sem grandes problemas além dos esperados: terreno acidentado e interferência extrema nos sensores. Star operava os eletrônicos e mantinha condições mínimas para que Van pudesse manobrar o VTT com segurança. No entanto, TR não conseguia prever o terreno, o que tornava a viagem bastante turbulenta. Com isso, o veículo sofreu alguns danos devido à velocidade, mas todos estavam, até então, seguros.
O trecho seguinte, de mais 400 km, foi mais perigoso. A falta de sensores fez o grupo se perder no vasto e tempestuoso deserto. Quando Star finalmente conseguiu recuperar um sinal estável, já haviam percorrido muitas horas além do planejado. Van, o único condutor, estava esgotado pela dificuldade do trajeto e decidiu que fariam uma pausa para descansar.
TR foi o responsável pela vigília enquanto Van e Star descansavam. Porém, o guerreiro psi não possuía grandes habilidades para operar os sistemas do veículo e não percebeu a aproximação de feras enormes — animais nativos da região, marcada por radiação e frio extremos.
As criaturas, de seis patas e chifres adaptados para o choque, começaram a golpear o veículo, aparentemente com a intenção de virá-lo. As batidas acordaram os outros dois ocupantes, que se assustaram. Star abriu a escotilha superior, projetada para uso de uma arma montada, e tirou metade do corpo para fora a fim de disparar com seu rifle. Contudo, o frio intenso logo começou a afetá-lo, mesmo com o traje preparado para o frio espacial. Como consequência, não conseguiu acertar nenhum disparo.
Percebendo que a situação não melhoraria, TR tentou amedrontar as criaturas com sua telempatia. Obteve um sucesso razoável, fazendo ao menos uma delas hesitar nas investidas. Mas isso não foi suficiente para impedir que o veículo continuasse sofrendo danos. Além disso, Star corria risco de morrer congelado se não fossem mais ágeis.
Van tentou reiniciar o veículo, mas os sistemas estavam congelados. O condutor agiu rápido, abaixou-se para interagir diretamente com os sistemas e conseguiu uma ligação direta, fazendo o VTT funcionar. Ele acelerou e o grupo se afastou das criaturas, embora uma delas tenha tentado persegui-los por algum tempo.
Assim que despistaram o animal, buscaram abrigo nas montanhas mais próximas. Encontraram uma caverna repleta de pequenos animais, que não foram perturbados. Na manhã seguinte, já tendo perdido um dia inteiro, prosseguiram com as buscas.
Atrapalhados pela interferência no sinal, Van acabou se desviando da rota por algumas horas. O grupo retomou o trajeto depois disso e conseguiu se aproximar do destino. Antes de chegar lá, no entanto, depararam-se com uma clareira de sinal — um local onde foi possível contatar a Imperatriz Errante uma última vez.
Os equipamentos disponíveis não forneciam precisão suficiente para localizar os sinais com exatidão. No entanto, o apoio dos sensores da nave, enquanto estavam na clareira, foi essencial para obter uma posição mais próxima do destino. Assim, seguiram para o primeiro ponto de instalação de um sensor atmosférico.
Ao se aproximarem, detectaram que a montanha estava povoada por animais semelhantes aos que atacaram o VTT. Por isso, mudaram a rota para o primeiro ponto sísmico. A viagem até lá foi difícil, com o veículo sofrendo danos pelo terreno hostil, mas os viajantes conseguiram alcançar o local e se prepararam para instalar o primeiro dispositivo.
Antes de saírem do abrigo do veículo, ensaiaram como seria a instalação no frio e árido polo de Hades. Não tiveram muito sucesso em prever as condições externas, e Star teve sérios problemas durante sua missão.
O guerreiro psi Star Lord foi o designado para desembarcar e instalar o sensor sísmico. Seriam necessários 4 minutos e meio de calibragem. Depois disso, ele teria 30 segundos para inserir os códigos de ativação, ou precisaria repetir esse último processo.
A missão, que parecia simples, revelou-se um desafio perigoso e quase mortal. O frio brutal do polo quase congelou o corpo de Star. Com a mente embaralhada, o guerreiro precisou do auxílio de Van para inserir os códigos e ativar o sensor após os 4 minutos e meio. Ao retornar ao veículo, Star necessitou de apoio médico, além de usar seus poderes psíquicos para recuperar sua energia vital.
Apesar do sufoco, o grupo havia conquistado uma vitória. Garantiram Cr$ 25.000, embora tivessem certeza de que não conseguiriam cumprir o prazo para obter o bônus. Seguiram então para o ponto inicial, onde se localizava o sensor atmosférico.
O local, antes habitado por animais, agora estava vazio. Contudo, uma tempestade elétrica se aproximava, e o grupo resolveu registrar outro ponto atmosférico antes de retornar àquele. A viagem ao terceiro ponto foi mais tranquila do que às anteriores, embora tenham cruzado a tempestade de raios e sofrido novos danos no veículo.
A instalação do sensor atmosférico (o segundo, considerando que deixaram o da montanha para depois) ficou a cargo de TR. O guerreiro psi concentrou sua energia e ampliou sua resistência ao máximo para suportar o frio extremo do polo de Hades. Ele desembarcou e foi até o ponto exato para ativar o equipamento.
Diferente de Star Lord, TR não sofreu os efeitos do frio nos primeiros minutos. Contudo, o impacto veio repentinamente. Já perto de inserir os códigos, o frio afetava todo o seu corpo. Seu raciocínio estava lento. Para piorar, Star detectou sinais de animais se aproximando.
Para ganhar tempo e segurança, Van tentou sair do veículo para reparar os sensores danificados. Mas não conseguiu permanecer nem 10 segundos no exterior antes de ser forçado a retornar pelo frio. Enquanto isso, TR usou toda sua concentração remanescente para inserir os códigos e voltar ao VTT. O guerreiro estava em estado ainda pior do que Star havia retornado da missão anterior.
O grupo garantira Cr$ 50.000, mas havia perdido o bônus que julgavam fácil de alcançar e já estavam há mais de 60 horas em missão desde o desembarque. Decidiram retornar à Imperatriz Errante antes que alguém morresse. Voltaram à clareira de sinal e pediram ajuda a James, piloto reserva. O militar respondeu que voaria o mais próximo possível, mas seria um pouso arriscado.
Mais arriscado seria permanecer ali por mais algumas horas — pensavam Van, Star e TR...
Planeta Hades, Solomon Rim, registrado em 013-0421.