Abaixo do moinho
O combate contra os autômatos rapidamente revelou-se perigoso. Klaus
estava sozinho entre as duas criaturas e havia conseguido resistir à
investida de um deles. Num lampejo de fúria, Urodam avançou sobre uma das máquinas, mas seus ataques não foram capazes de danificá-la.
Poderosos, os autômatos reagiram aos ataques do orc e contra-atacaram
com golpes devastadores, nocauteando-o rapidamente. Torlam correu para ajudar, mas manteve-se cauteloso ao se aproximar.
Enquanto isso, Dannael buscava
uma alternativa para trancar a roda d'água do moinho. O mago desmontou uma mesa e retirou dela uma barra metálica de 1,30 m. De forma hábil, ele arremessou a haste metálica na roda d'água e
trancou seus movimentos. Mas a força do rio era tremenda, e o metal não
suportaria por muito tempo. Percebendo isso, o mago logo começou a
desmontar outra mesa para obter mais uma haste. Com o reforço, o mago
tinha a certeza de que a roda permaneceria estática por pelo menos algum tempo.
Jean tentava outra estratégia. O feiticeiro arremessava pedras no eixo
do moinho, na esperança de quebrá-lo. Já havia tentado atear fogo na roda, mas as chamas se espalharam por quase toda a construção — exceto onde ele queria.
Com a parada da roda d'água, depois da intervenção de Dannael, os
construtos pararam imediatamente de se mover. Isso ocorreu pouco antes
de atacarem Torlam, que ficou aliviado. Dannael gritou por ajuda de
Urodam, pois sabia que a situação ainda não estava totalmente
controlada. O orc saltou um andar com a força de suas pernas e chegou rápido ao andar onde estava o mago. Ele usou seu espadão
para impedir definitivamente a roda d'água de girar. Depois, acabou
vítima de um desmoronamento, pois o chão onde ele estava ruiu com as
chamas. Ele caiu sobre o moinho, no primeiro andar, e queimou-se com o
fogo provocado por Jean, mas rapidamente se recompôs.
Dannael se juntou ao
grupo depois de escalar a estrutura do moinho pelo lado de fora. Com os inimigos paralisados, o grupo observava o moinho em chamas, refletindo sobre o próximo passo. Torlam já considerava a
missão um fracasso, quando Kaval mergulhou no rio e percebeu que havia
um afluente subterrâneo que levava para uma área abaixo do moinho.
Guiando cada membro do grupo em sua natação, o homem-sapo levou primeiro
Urodam e depois cada um dos outros membros do grupo para uma caverna
escavada que era uma espécie de base abaixo do moinho. Uma porta grande
estava trancada à frente deles. Antes de avançar, os aventureiros
resolveram recuperar suas energias naquele local.
Enquanto Torlam tratava os ferimentos de Urodam e depois os de Klaus, os
aventureiros decidiram que precisariam do espadão de Urodam. O orc foi
recuperá-lo enquanto Torlam terminava o tratamento dos outros
aventureiros.
Durante a espera, os aventureiros ouviram gemidos abafados e arranhões vindos do outro lado da porta. Urodam chegou e já queria partir para o
arrombamento, mas Torlam tinha a chave e abriu a passagem sem problemas.
Quando os aventureiros
revelaram o que estava do outro lado, viram uma mulher sentada em uma cadeira, ferida e surpresa.
A mulher se apresentou como Tália, disse que era uma antiga moradora do
vilarejo e que estava ali atrás de algumas coisas que havia deixado para
trás. Ela revelou que havia sido atacada por um estranho enquanto
procurava e que acabou ferida.
Jean manteve-se desconfiado. Dannael, por outro lado, parecia convencido. Os outros estavam mais preocupados em investigar a área.
O feiticeiro começou a interrogar a mulher sobre como ela realmente
tinha se ferido, sobre sua relação com o vilarejo e sobre o que ela
estava buscando, especificamente, naquele local, além de como havia
chegado ali. Tália repetiu que foi ferida pela "criatura" trancada no
quarto, um homem que não sangra; que foi uma moradora do vilarejo, mas
que o deixou há muito tempo; que buscava apenas itens pessoais; e que
entrou pelo poço. Enquanto ela respondia, Torlam cuidava dos ferimentos
mais sérios da moça, percebendo que eles eram oriundos de cortes de
espada e algum esmagamento.
Ao notar os muitos objetos mágicos da mulher, Jean tornou-se mais incisivo. Ele insistiu em várias perguntas para ela, deixando
claro que ela não poderia ser uma qualquer para estar naquele lugar.
Tália disse, então, que seus trajes encantados foram confeccionados por
um tecelão habilidoso no Forte Kram e que seu objetivo ali era encontrar
algum tesouro perdido, mas, como foi atacada, ela teve seus planos
frustrados. Depois de um momento tenso, o grupo deixou que ela partisse
levando o barco que se encontrava junto ao rio subterrâneo que deu
acesso ao lugar, mas eles a avisaram para tomar cuidado porque, como o
moinho estava funcionando, os autômatos estavam ativos.
O grupo voltou a dedicar esforços à busca de objetos de interesse. Jean
detectou objetos mágicos nos arredores, enquanto Dannael foi investigar a
adega em busca de vinhos de qualidade. A suposta criatura presa na sala
trancada foi deixada para depois.
Jean abriu uma das caixas do armazém e lá encontrou um outro cajado com
propriedades mágicas. Um bastão de ferro maciço, com quase dois metros de comprimento. Ele tinha um gancho em uma extremidade e uma esfera
metálica na outra, e o feiticeiro identificou que ele era especialmente
capaz de afetar estruturas.
O feiticeiro coletou o objeto e já cogitava entregá-lo para Urodam, mas o manteve, por ora.
Ainda percebendo a presença de magia no ambiente, o grupo começou uma
vasculha. A sala ao lado, que se parecia com um ambiente de tortura
(embora Tália tenha dito que não era o caso), possuía muitas caixas empilhadas e, por eliminação, Jean concluiu que ali se encontrava o outro objeto mágico do local. Segundo seu
sentido sobrenatural, este objeto ainda não encontrado seria muito
poderoso, alcançando ranque 8.
Depois de revirar todos os objetos, Jean encontrou uma lamparina mágica.
Ela possuía uma coroa dourada em sua parte superior. O receptáculo era
de vidro fosco e o interior emanava uma tênue luz esverdeada. O objeto
era adornado e transmitia uma impressão de poder. Dannael ficou com ele.
Na mesma sala onde se encontrou a lamparina, Jean descobriu uma
algibeira de couro com algumas pequenas pedras preciosas polidas e
alguns objetos secos, que não identificou. Ele guardou tudo para depois.
Antes de finalmente se dedicarem à porta trancada, os aventureiros
resolveram investigar o poço. No fundo havia água. Dannael lançou uma luz no poço, mas nada de relevante se destacou. A
água era turva e não permitia que enxergassem as profundezas. Para cima,
viram a tampa de madeira selando a saída. Tália disse que havia entrado
por ali, e que alguém havia cortado a corda por onde ela escalou para
descer. Quem fez isso deveria ter colocado a tampa.
A porta trancada onde a tal criatura se encontrava foi aberta com
habilidade por Torlam. O elfo não teve trabalho em destrancá-la, mas foi
Urodam quem foi na frente.
Assim
como as outras salas daquele ambiente, o cômodo revelou um quarto com
uma pequena cama e uma mesa de cabeceira ao seu lado. Sobre a cama, um
homem jazia inconsciente. Sobre a mesa, duas espadas longas, uma
embainhada e outra livre. Klaus se adiantou e usou sua
imposição de mãos
para curá-lo, o que o fez acordar imediatamente. O homem pôs-se sentado
com uma agilidade impressionante e perguntou quem eles eram, dando
início à conversa.
O homem ferido revelou ser 09, a pessoa que Gurpos procurava. O grupo
disse que viera até aquele local para procurar por objetos para
consertar o dirigível, o que coincidia com os interesses do homem
ferido. Ele, então, pegou suas armas e saiu do pequeno quarto. Torlam
reparou imediatamente que 09 não era humano, embora não tenha ficado
clara a sua natureza.
Depois de uma discreta busca, 09 disse que precisava encontrar uma
lamparina com uma tênue chama verde. Os aventureiros desconversaram, enquanto Dannael, discretamente, guardava a lamparina no saco sem fundo.
O homem partiu em direção ao dirigível, mas também foi alertado sobre a ativação dos autômatos. Ele deixou os aventureiros a sós
mais uma vez para pensarem no próximo passo. O grupo tinha um objeto
mágico poderoso que parecia ser de interesse tanto de 09 quanto de
Tália. Apesar de eles não saberem como utilizá-lo, também ficaram tentados a mantê-lo.