Reflexos em Santo Markon
Os aventureiros deixaram o Marco do Norte atrás de Gipo, que caminhava com a caixa amarrada em suas costas de volta para seu vilarejo de Santo Markon.
O grupo o seguia mantendo uma distância de algumas centenas de metros, mas o ancião os via, inevitavelmente, nos trechos mais abertos. Algumas horas após o início da caminhada, Gipo parou e questionou os aventureiros sobre suas intenções, temendo que eles quisessem roubar-lhe os ovos de dragão.
Depois de explicado que o grupo queria apenas escoltá-lo em segurança até o lugar de onde os aventureiros o trouxeram, o ancião aceitou a companhia e todos seguiram pela estrada. Gipo informou que uma ponte sobre o Rio Branco encurtaria a viagem em quase um dia. O grupo ficou um pouco preocupado, mas seguiu a orientação do ancião.
A ponte que Gipo se referiu era uma travessia de madeira suspensa por cordas fortes. A ponte sacudia com o vento ou com peso em excesso, o que somado a sua longa distância de mais de 100 metros tornava a travessia perigosa. Mesmo assim, Gipo passou sem muitas dificuldades e colocou o grupo em tensão.
O primeiro a cruzar a ponte foi Urodam. O orc não teve problema em atravessar, embora tenha percebido alguns pontos perigosos que poderiam ter se tornado um desafio maior.
Klaus foi o segundo, e também não teve grande dificuldade para atravessar a ponte.
A dificuldade começou a surgir em Jean. O gnomo não tinha altura para se agarrar nas cordas que serviam de corrimão. Assim, tentou seguir agarrado em apenas um deles, pela lateral da ponte. No entanto, seu peso fez a estrutura se inclinar e, quando ele chegou além da metade, fez a ponte girar sobre o próprio eixo.
O gnomo se agarrou firme nas cordas e ficou suspenso, com suas pernas balançando no ar, tendo um rio veloz abaixo de si e uma cachoeira logo abaixo. O feiticeiro não detinha a potência física necessária para subir de volta para a ponte ou sequer se manter agarrado por muito tempo.
Para salvar o companheiro, Danael convocou um elemental de água, enquanto Urodam retornou às pressas pela ponte. O orc chegou primeiro e, sem preocupar-se com segurança, agarrou-se na ponte pelo lado de baixo e, como se rastejando de cabeça para baixo, se aproximou de Jean, o agarrou e o colocou em seu tronco.
O orc retornou para a parte segura e levou Jean consigo, resolvendo a dificuldade que o feiticeiro se colocara. Depois disso, Danael e Torlam cruzaram a ponte sem dificuldade, embora com bastante medo que o ocorrera com Jean se repetisse com eles.
A viagem dali para a frente foi segura. Os aventureiros chegaram em Santo Markon e deixaram que Gipo fosse na frente. Danael havia enviado mensagens alertando sobre os ovos de dragão para Iros, os "irmãos do salame", que foram os dois irmãos que lhes emprestaram a residência, e para o homem que salvaram das chamas no salão principal. Portanto, eles esperavam que Gipo teria uma recepção pouco amistosa.
A expectativa dos aventureiros se mostrou verdadeira. Olhares de suspeita eram lançados para o ancião aonde quer que ele fosse. Ainda no salão principal em reconstrução, Iros indagou o ancião sobre os ovos de dragão. Uma discussão começou a se incendiar, quando Gipo retornou para sua casa indignado. Ele ocultou a caixa com os ovos no local de sempre, abaixo de um alçapão sob o piso.
Iros e outros aldeões foram, indignados, reclamar na casa de Gipo. O ancião se assustou com o acontecimento, enquanto os aventureiros, invisíveis, assistiam a tudo quietos.
Iros estava prestes a arrombar a porta, quando Gipo, assustado, a abriu. O ancião viu os aldeões entrarem enfurecidos em sua residência, temendo pela presença dos ovos de dragão estarem atraindo a criatura para seus lares. Orientados pelo sonho que Danael enviou, eles encontraram o alçapão e tomaram os ovos da residência.
Os aldeões tinham a intenção de pegar os ovos de dragão e oferecê-los de volta para a criatura. No entanto, sem saber exatamente como fazer isso, eles prepararam um canteiro com oferendas de vários tipo e os ovos de dragão em uma caixa. Torlam, vendo que o local escolhido estava muito perto das residências, orientou que os ovos de dragão fossem colocados distantes dali. Danael também disse que todas aquelas oferendas não seriam necessárias, visto que o dragão não se interessaria por elas.
O próprio Torlam carregou os ovos para um local mais distante do vilarejo, mas que fosse suficiente para atrair o dragão para pega-los. O grupo ficou de tocaia, aguardando a chegada da criatura, e os habitantes da pequena cidade foram orientados a deixarem suas casas por segurança.
Horas se passaram, a tempestade se formou a a criatura de escamas brancas desceu das nuvens tempestuosas para resgatar sua prole. Os aventureiros ficaram na expectativa de que ela poderia se mostrar agressiva, mas o pior não ocorreu. O dragão verificou o estado dos ovos que resgatava, os pegou e voou embora, sem danificar nada do vilarejo. Aliviados, os aventureiros contaram a notícia para os aldeões, receberam as glórias pelo plano, pernoitaram ali por mais um dia e então partiram rumo a Tip.
A viagem até a próxima vila foi tranquila. O grupo percorreu o lado sul de algumas colinas e chegaram na pequena cidade para descansar. Dannael procurou um ferreiro de imediato, e chegou até a oficina de Aliin. O mago alugou o local para transferir runas de algumas armas que eles possuíam para outras. O grupo precisou passar alguns dias na cidade para isso, mas a próxima parada deveria ser o Forte Kram.