A herança de Ranmat
Anabel havia desaparecido na frente do grupo e, agora, eles planejavam qual seria o próximo passo. Depois de algumas horas discutindo, eles resolveram permanecer em Âmien e explorar mais para o sul, a fim de coletarem informações sobre Rantag e Ranmat, pai e avô de Landalfo, vinculados aos protetores da Ponte de Palier.
A Ponte de Palier é, supostamente, um caminho direto que conecta Âmien com o reino do deus da sabedoria. Os aventureiros estabeleceram o objetivo de chegar neste local a fim de convencer a divindade em reenergizar o Cetro Dourado, considerando a delicada situação que Tagmar se encontrava ao enfrentar os demonistas mais uma vez.
Os aventureiros entraram no cerne do reino de Âmien com o Passo Etéreo. As limitações do feitiço impediam Landalfo de levar o grupo para dentro da Cidade Dourada. Porém, já nas proximidades da antiga residência de Rantag, o alquimista abriu alguns portais e levou o grupo até o destino, tendo em vista que ele residira no local há poucas décadas, e assim sabia a localização.
O grupo começou a investigar minuciosamente a residência. Pedodes ativou alguma coisa ao remover um objeto da parede, embora esta coisa não tenha se revelado imediatamente.
Passados alguns minutos, depois dos aventureiros terem encontrado alguns objetos típicos que um alquimista possuiria, como poções e ervas, eles se depararam com alguns golens prontos para combatê-los. O confronto foi inevitável, mas não foi um grande desafio.
A exploração levou a uma sala secreta cuja chave para abrir sua porta encantada fora descoberta em um dos quartos. Dois construtos protegiam o recinto e precisaram ser combatidos. Durante esta luta, no entanto, o grupo percebeu que alguns elfos se aproximavam da residência, alertados por algum alarme que, o grupo então percebeu, fora ativado por Pedodes. Para atrasá-los, Landalfo criou uma passagem dimensional sobre a porta de acesso.
Os aventureiros entraram todos para a sala secreta e se trancaram nela. Eles possuíam a única chave de acesso, mas os elfos também eram versados em magia e iniciaram tentativas para arrombar a porta. O grupo vasculhou a sala o quanto pode e se deparou com um portal para um destino desconhecido. Sem muitas alternativas, os aventureiros entraram. No entanto, Pedodes fez um último gesto na casa de Rantag. Ele convocou um enviado de Cruine e pediu que ele recolocasse a cabeça que ele removera da parede no seu devido lugar.
O destino do portal foi uma pequena sala repleta de livros, estatuetas e outros objetos pessoais de um alquimista. Ela estava claramente muito longe da Cidade Dourada, como os aventureiros podiam perceber ao simplesmente olharem pela janela, que revelava uma cordilheira de montanhas sob a floresta.
Uma nova vasculha na pequena sala revelou um robe típico dos sacerdotes de Plandis, algumas escrituras fazendo referência ao Caminhante das Nuvens, um broche com o símbolo de Palier e um diário de Rantag, relatando o trabalho que ele realizava naquele local que ele chamava de laboratório.
Entre as anotações importantes que Landalfo encontrou no diário, estava a menção a um presente dado à Rainha Enora, uma estatueta capaz de servir como receptáculo chave.
Por fim, Lanâncoras encontrou um objeto estranho, uma estatueta em formato feérico que emanava uma energia diferente. O grupo demorou a tocar e analisar o objeto, pois decidiu vasculhar todo o restante do laboratório antes.
Foi Landalfo quem analisou a estatueta. Alguns testes fizeram ela se abrir, dividindo-se ao meio pela barriga, e revelar um disco com uma emanação mágica impressionante. O objeto era alaranjado com algumas mesclas azuis. O grupo logo teve a certeza que se tratava da chave para a Ponte de Palier.
Para não correr o risco de se revelar, Landalfo voltou a fechar a chave na estatueta, selando assim a energia que ela emanava e que poderia ser facilmente detectada pelos místicos de Âmien.
Quando a estatueta se fechou e ficou inteira novamente, ela abriu os olhos e dirigiu-se a Landalfo. Uma rápida conversa revelou que ela era Lili, a irmã que Landalfo vira morrer em seus braços. A caçula do alquimista não sabia como havia chegado naquele estado. Ela também não sentia-se exatamente como antes, pois parte de sua memória estava apagada, ao mesmo tempo em que ela lembrava-se de coisas que claramente não tinha vivido como elfa. No entanto, ela sentia que possuía uma missão atribuída a ela quando foi selada neste corpo.
Lili afirmou lembrar-se com clareza de algumas palavras, proferidas antes dela abrir os olhos pela primeira vez nesta forma: "Seu destino ainda não foi cumprido, mas uma parte da sua jornada está completa. O sofrimento será recompensado se todas as partes do mosaico se encaixarem. Você verá a luz mais uma vez antes de ter a sua chance como aquela que ilumina."
Os aventureiros sabiam que o mosaico mencionado por Lili possuía três partes. Uma delas, Lili revelou através de versos que ela aprendera durante sua transferência para o novo corpo: "Sei que meu corpo sucumbiu, mas que minha alma não partiu; sei que você busca vingança, mas que também é uma chama de esperança; sei que Ranmat, nosso avô, construiu este corpo enquanto ainda era um mago a provar o seu talento; e sei que Plandis, o louco, sem juízo, deixou três marcas neste mundo para que os navegantes do Abismo cumprissem o destino a eles atribuído; eu sou uma delas, mas que não abrirá porta alguma sem as outras duas, que serão descobertas por vocês, Caminhantes das Brumas."
Âmiem, Basvo, dia 24 do mês da Paixão do ano de 1501.